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A espera é uma merda

por Bad Girl, em 31.07.13
O dia em que eu achei que estava grávida não foi o dia mais feliz da minha vida. Também não foi o mais infeliz. Foi, até esse dia, o mais alucinante. Cada pessoa leva a vida à sua maneira, e obviamente o facto de eu ter feito xixi para um pauzinho e ele ter ficado da cor certa para positivo não foi propriamente uma surpresa. Não sou uma miúda a quem rebentou o preservativo nem uma vítima do antibiótico. O que nos fez chegar ao xixi para o pauzinho foi uma decisão a dois. Mas isso não impediu que naquele dia, a minha vida me passasse diante dos olhos. Não estou grávida, vou já matar o suspense. Também não pari em segredo, o enredo adensa-se mais do que isso. Sempre que estou assoberbada com coisas maiores do que consigo absorver, começo a pensar em futilidades. Então pensei que ia passar o Verão inchada, que tinha roupa nova que já não me ia servir, olhei para o calendário de viagens fiquei a pensar quem iria levar com elas. Comuniquei o resultado do pauzinho a MQT com um "estamos fodidos" e desatei a chorar. De alegria? De tristeza? Hormonas. Depois pacifiquei-me com a notícia, e comecei a fazer planos. Durou 3 dias. Na consulta vimos logo que algo estava errado. Ou não estava. Não havia gravidez de jeito, havia risco de hemorragia. Primeira operação. Desde 14 de Fevereiro (coincidências do c@r@lho, não é?) que fiquei familiarizada com termos tão interessantes como ectópica. Luteoma. Trofoblasto. Mola. BetaHCG. Metrotexato. Hemorragia. As coisas iam-me caindo em cima como se eu me tivesse tornado no saco de pancada da vida. De cada vez que a médica me ligava, o coração parecia querer saltar do peito. Todos os dias uma novidade. Ainda assim, devo ter perdido a calma aparente duas vezes, durante este tempo todo. Não posso ter o exemplo que tenho da minha mãe e depois armar-me em maricas. Se tive medo? As palavras que ouvi da boca da médica na penúltima consulta metiam metáteses e oncologia. Não tive eu outra coisa. O mundo gira à nossa volta, sem nós, e nós ficamos a pensar que tudo o que queríamos era que aquela gravidez não tivesse sido ectópica. Talvez eu não chegasse a saber, se tudo tivesse corrido bem, que afinal não estávamos assim tão fodidos.
A espera é uma merda. Agora faz análises. Agora espera. Mais análises. Espera. Exames. Espera. Consulta. Espera. Afinal tens uma bomba-relógio aí. Escolhe lá se preferes o risco de uma hemorragia interna com uma simples pancada, ou o risco de uma histerectomia, caso a segunda operação corra mal. E tu escolhes. E esperas. Esperas que tudo corra bem, esperas pelos resultados, esperas que tudo acabe rápido, esperas que o universo te deixe em paz. Esperas voltar ao que era dantes.
A espera é uma merda.

Senhor Teixeira para o Governo, já.

por Bad Girl, em 28.07.13
Não foi preciso muito para perceber que o senhor mestre das obras cá de casa tem entrada directa para o Governo, em querendo. Se não, vejamos a sua campanha:
- Menina, não tem de se preocupar, esta tinta ao fim de seis horas não cheira a nada.
Passaram 24 horas e...
- Protegemos tudo e depois pomos tudo no sítio.
Há uma estátua cuja perna foi partida, colada às 3 pancadas e encostada à parede (antes das obras segurava-se em pé). Dois quadros que trocaram de lugar entre si. Há bocados de tinta em sítios onde não é suposto haver tinta.
- Menina, temos uma senhora que vem limpar quando acabarmos. A casa vai ficar impecável.
Impecável é o novo irrevogável.
Anunciou que faria as obras com um ajudante, no primeiro dia apareceu com dois "ministros" extra, vendeu a obra como demorando duas semanas, terminou ao fim de uma, deixou porcaria por todo o lado, a casa ainda cheira a tinta, prometeu que puxava uma tomada para o lado, não se lembra. A despensa ficou para nós pintarmos porque "casa toda" não era claro. Já o telhado, antes disto, "temos aqui um bico de obra" cujo orçamento derrapou para o dobro.
Não sei se lhe dá acesso ao cargo mais alto do Governo, mas para Vice ou para Ministro da Finanças ele serve bastante.
Vou mas é ver móveis e decorações online, para ver se me passam os nervos, que nervos é coisa para me repuxar a cicatriz nova.

Não é que eu fui imaginar que o Jel, o tal dos Homens da Luta, é candidato à presidência de uma Câmara? E logo a de Cascais...
Vou dizer à médica para me cortar nos alucinógenos.

O que vês da tua "janela", Bad?

por Bad Girl, em 24.07.13

Outra vez?
Sim, outra vez.
E correu tudo bem?
Sim, obrigada.

Quanto a toda a envolvente, um dia explico.

Agora vou, finalmente, dedicar-me às leituras, que tenho aqui um livro para devolver à Vanita (@ http://petitsecrets.blogspot.pt/) que ainda não comecei sequer a ler.

Guia para um final feliz (ou meio, vá)

por Bad Girl, em 22.07.13
Sempre que vamos buscar a mãe de MQT eu cedo-lhe o lugar da frente e passo para o banco de trás.
A senhora bem diz que não, que deixe estar, que ela vai bem ali atrás, apesar das maleitas todas da perna e isso, mas se se admite eu sair do meu lugar... E eu não discuto e não desisto. Amavelmente sento-me atrás. E a senhora vai à frente. A verdade é que a senhora fala como ninguém que eu conheça. Aliás, fala como toda a gente que eu conheço. Junta. E tem aquela coisa de "engatar" umas conversas com as outras, o que a leva a contar seis histórias ao mesmo tempo sem nunca terminar nenhuma. Se eu for à frente e a senhora atrás, ela vai a falar para ambos, e temos os dois de ir dando sinais de escuta activa, tendo que prestar alguma atenção, ainda que ligeira. Comigo atrás ela fala para o filho, que é quem tem a obrigação de ouvir as histórias, e eu lá entro em modo autista no banco de trás. O que parece ser um gesto de amabilidade e de excesso de simpatia não passa de auto-preservação. Aprendam. Eu não duro sempre. E, depois desta minha confissão, parece-me que esta estratégia também não...

...

por Bad Girl, em 19.07.13

Há "tradições" que Portugal persiste em perpetuar. Há "tradições" que Portugal insiste em celebrar. E há "tradições" que Portugal existe em ignorar. A violência doméstica cumpre dois destes três.  

Diz o povo que "entre marido e mulher não se mete a colher!". E o povo acredita nisso. Estranhamente, parece que todo o sistema de "justiça" (sim, assim, com a letra pequena e entre aspas, às vezes não me merece mais) compactua com este "príncipio" de vida.

Já aqui partilhei, há muito tempo, uma história pessoal, que envolvia um pateta com aspirações a abusador.

Sorte minha, a besta pegou na sua doença mental e desapareceu. Mas, infelizmente, a maior parte das vítimas não tem essa sorte. Esta semana foi a Josefina . Condenado por violência doméstica, o animal que vivia com Josefina viu a sua pena ser suspensa (?) por um juiz que não merece a toga que veste. Pôde, não estando sujeito a medidas de afastamento, voltar para casa da vítima, para poder continuar a ter um saco de pancada. Esta semana matou-a. À catanada. Este ano já morreram, pelo menos, 23 mulheres às mãos dos animais com quem tiveram a infelicidade de partilhar uma vida. Josefina foi uma delas. Viu o marido voltar para casa com uma recomendação do Tribunal para se tratar do alcoolismo. Viu o marido ignorar esta sugestão e matá-la. Eu conheço uma Josefina. Que não se chama Josefina, mas que tem uma história muito parecida. Depois de inúmeras queixas na esquadra, e com a ousadia de querer, finalmente, proteger crianças de verem aos 4, 9 e 12 anos o que nem sequer uma pessoa crescida devia ver, a "minha" Josefina trocou a fechadura da porta da casa que a besta dela abandonou. Em mais um dos seus episódios patrocinados pelo álcool, o animal desatou a dar pontapés à porta enquanto cuspia impropérios, deixando todos os que estavam dentro de casa aterrorizados. Chegada à polícia, a minha "Josefina" ouviu o senhor agente de autoridade dizer-lhe: - Ai mudou-lhe a fechadura? Se fosse comigo eu também não descansava enquanto não deitasse a porta abaixo. Ridículo? Nada, se comparado com o julgamento de uma pessoa que foi apanhada a conduzir bêbeda inúmeras vezes, que tem mais um processo por porte de arma ilegal, queixas sem fim de violência doméstica mas que, segundo a juíza (sim, é MULHER) é apenas um rapaz que devia ter direito a uma segunda oportunidade, sendo esta Josefina tratada, durante o seu depoimento, como um monstro que se acha no direito de negar essa oportunidade ao rapaz. É isto. E depois as Josefinas aparecem mortas. O povo faz vista grossa e as figuras de autoridade, a quem pagamos para nos proteger, não o fazem. Vergonha. Tenho vergonha deste país. Já disse e volto a dizer: não há crise que não a de valores.

Estou farta!

por Bad Girl, em 17.07.13

Estou farta da merda do cancro, que chega de fininho e nos espancaa alma. Farta. Farta, farta, farta. Farta da merda da doença que nos mói as ideias, que nos perturba a mente. Farta de pensar que vamos levantar exames com o coração nas mãos, que de um momento para o outro há um valor que podemudar uma vida. Estou farta da merda do cancro, que agarra miúdos e graúdos aleatoriamente e lhes vilipendia até as entranhas. Estou farta de ver pais, filhos, avós, netos, amigos, conhecidos e estranhos com semblantes marcados pela dor.

 

Já foi tudo dito sobre o tema. É injusto, violento, inglório, absurdo. Mas existe. E não vale a pena virar-lhe as costas. O melhor é lutar. Com todas as forças. Por nós, pelos outros, lutar contra a merda do cancro. Algumas vezes ele não vence.

 

Apresento-vos o Jorge e a Leonor:

 

No passado dia 14 de Junho, a Leonor foi às urgências com um dor de barriga, em uma hora foi-lhe diagnosticado um tumor de Willms bi-lateral nos rins, com metástases em ambos os pulmões, de estádio 5. 
A Leonor tem 4 anos…
O Jorge é um dos coaches mais reconhecidos no nosso país e no próximo dia 20, Sábado, vai realizar o Workshop "SIM, TU Podes!", no Hotel Real Oeiras, uma experiência de Desenvolvimento Pessoal, que já permitiu a centenas de pessoas decidirem alterar a sua atitude e a qualidade das suas vidas. 

Os Workshops "SIM, TU Podes!" são amplamente conhecidos, mas este vai ser especial:

Ao participar, está a apoiar a ida da Leonor à Alemanha para efetuar um tratamento através de Imunoterapia, que tão bons resultados tem apresentado em casos idênticos.
A totalidade da receita vai reverter a favor do projeto “Os Aprendizes da Nono”. 


O Jorge espera por si no sábado, dia 20, às 9:00, no Hotel Real Oeiras.

Informações e Inscrições em: http://simtupodes.com/

 

Todas as pessoas deveriam fazer, pelo menos, um workshop de desenvolvimento pessoal na vida. Este é especial. Talvez valha a dobrar...

Hoje, que Portugal celebra com orgulho o desporto (há vida além da pré-época) com a vitória de Rui Costa na 16.a etapa do Tour e a de Carlos Sá na Ultramaratona (??) de Badwater, parece-me um excelente dia para vos falar de Bernardo Cabral e Silva e de Dinis Leão. Não sabem quem são? Não se preocupem, eu até Domingo passado também não sabia. Algo me diz, contudo, que no final deste post vamos todos ficar mais felizes por termos ficado a saber os seus nomes. A história chegou até mim através de partilhas de amigos no Facebook. Não sei quem é nenhum dos "putos". E digo "putos" com todo o carinho e respeito que me merecem, pois a atitude de Homens não os faz perder o "status" que lhes confere a idade. O Bernardo e o Dinis foram convocados para representar Portugal no Mundial de Voleibol de Praia de Sub-19. Imagino eu, já que nunca passei por nada parecido, a alegria, o orgulho e o peso da responsabilidade que cada um dos dois sentiu. A história é contada pelo Bernardo no seu perfil de Facebook e tem vindo a ser partilhada por amigos e amigos de amigos, mas eu resumo tudo aqui para aqueles que, como eu, não pescam nada do jogo propriamente dito.
Ora então estávamos na praia, num Portugal - Brasil, num jogo de voleibol. Tudo o que precisamos de saber sobre este desporto para acompanharmos esta história: os jogos têm 3 sets (podem ter 5, não sei porquê, acho que tem a ver com as regras de cada campeonato). Quem ganhar 2, ganha o jogo. Cada set tem 25 pontos, sendo que a equipa que ganha o set tem de ganhar por 2 ou mais pontos de diferença. Se estiver 24-24, têm de jogar, pelo menos, mais dois pontos. Estamos a ir muito bem, vamos lá então explicar a "negra". A "negra" é o último set, que só tem 15 pontos, a menos que... Isso, menos do que dois pontos de diferença.
Ora então Portugal perde o primeiro set, ganha o segundo e o terceiro set é tão disputado que chega aos 8-9, ganham os brasileiros. Mais uma lição de voleibol (eu sou uma fonte de sabedoria, sou mais que uma mãe para vocês...): então há dois moços, um deles ao pé da rede e outro atrás a receber a bola que o adversário vai mandar (servir). Quando o moço de trás não vê, pode levantar o braço e o árbitro manda o da frente afastar-se. So far so good. Estava então o Brasil a servir, o Bernardo não via a bola, levantou o braço, o brasileiro já tinha começado o serviço e agarra a bola. O que é falta. E é falta que o árbitro assinala, apesar das atenuantes. O Bernardo e o Dinis não acharam justo o ponto que tinham acabado de ganhar. Com o jogo a 9-9, optaram por tomar uma atitude digna, adulta e demonstrativa de um carácter que nem todos os homens crescidos seriam capazes de ter: o Bernardo agarrou a bola que lhe tocava servir e colocou-se a jeito da falta. Perderam o ponto? Perderam. Acabaram por perder o jogo, e com isso encurtaram a sua presença no Mundial. Mas nada, taça nenhuma, tem o valor desta atitude.
E desculpem, eu sei que o post é grande. O voleibol também não é o tema mais bem explanado que este blogue já viu. Mas a história do Bernardo e do Dinis merece. Talvez o futuro não seja assim tão mau, afinal.

Querida Malala

por Bad Girl, em 12.07.13
Em nome de todos os estudantes portugueses que se estão nas tintas para aquilo que andam a fazer, peço-te desculpa.

...

por Bad Girl, em 12.07.13
Deus me livre de algum dia estar a bordo de um avião que caia, ou que esteja para cair, ou que tenha problemas de qualquer ordem. Não sei o que faria mas, cagona como eu sou, era menina para voltar à posição fetal e chorar até que a morte, ou o carro dos bombeiros, me levasse. Posto isto, e antes de continuar, gostaria de alertar para o facto de ter começado o post com "Deus". Não volta a acontecer, mas pode servir de atenuante para a maldade que vem a seguir. Pronto, então daquilo do avião, eu não sei o que faria, mas ouvi ontem as chamadas das pessoas que, caído e em chamas que estava o avião, quiseram ligar para o 911 (que é o 112 da América). Dizendo o quê?
Olhe, eu estou aqui num avião que caiu no Aeroporto e que está em chamas, e precisávamos de ajuda. Há quem tenha dito, em vez de "ajuda", "ambulância".
E é isto. O avião, que é um bicho do catano, caiu no aeroporto de São Francisco, que não fica propriamente no meio do nada, e as pessoas acharam que era preciso dar uma mãozinha e pedir ambulâncias.
A meu ver é excesso de zelo, mas isso sou eu, que acho que "Plano de emergência" se pode definir com: "correr o mais rápido possível rumo ao lugar mais remoto que consiga".

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Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!

 

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