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Cancro 1 on 1 - Lição I

por Bad Girl, em 28.01.14

Um destes dias cheguei à conclusão que não tinha rentabilizado a coisa do cancro o suficiente. A verdade é que o cabrãozinho já está quase de partida (digo eu, espero eu) e pouco o capitalizei. Como não me apetece fazê-lo em proveito próprio (nem um pateta de um buldogue francês consegui sacar com isto), e como tenho tido alguns contactos de pessoas que estão a passar pelo mesmo, ou parecido, nesta ou em outra fase, não quero deixar de partilhar aprendizagens que chegaram ou se reforçaram com esta experiência. Não são lições de vida, quem sou eu lá para isso, são merdas que me vão ocorrendo. Coisas pequenas. Grandes. Futilidades. Grandes pensamentos. Dicas. O que seja. Não esperem grandes coisas, filosofias interessantíssimas, tratados sobre o cancro. São só palavras. Umas atrás das outras.

Então vamos à primeira lição, que pode não ter sido a primeira que eu tirei, mas é muito importante. É fútil? O mais possível. Mas a pessoa tem cancro, por mais fútil que seja não consegue ser trivial.

Houve um dia que eu fiquei muito abalada com uma notícia. Curiosamente não foi o dia em que me disseram que agora muito bem, vá lá seguir a sua vida no IPO (sim, demorei um bocadinho a deixar de dizer que ia tratar-me no IPO para passar a dizer que tinha cancro). Foi no dia em que a cabra da vida decidiu ironizar mais uma vez comigo, pessoa a quem os tratamentos estavam a correr bem, e me mandou dizer que MTX era para meninos, vamos lá mudar para um tratamento a sério. Daqueles que metem internamentos, e muitos químicos, e cabelos a cair em catadupa. Foi nesse dia que me senti mesmo pequenina e absolutamente impotente. Precisamente nesse dia, estava eu na merda e com cara de quem estava na merda, à espera de uma consulta que se atrasou o que as consultas no IPO se atrasam, quando entra na sala de espera a única pessoa do mundo que eu odeio. De malinha, não para ser internada, mas para se pendurar à porta dos médicos a fazer propaganda. E eu, que não via a meretriz há quase 10 anos, dei de caras com ela no dia em que me sentia pequenina, feia e fraca. E decidi, naquele momento, que independentemente do cabelo que caísse, da cor pastel que a minha pele fosse ter ou da fraqueza que eu sentisse, nunca mais havia eu de sair de casa ou de qualquer lado sem estar, pelo menos, irrepreensível. Porque nunca sabemos quem vamos encontrar. E muitas vezes encontramo-nos a nós, ao espelho. E é tão bom ter uma pessoa com bom ar a olhar para nós…



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Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!

 

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