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Fui agora ao cinema com um amigo. Mas não foi para fazer uma critica cinematográfica que vim aqui escrever hoje. Foi mais a conversa de 'gajos' que tivemos antes do filme. Não sei bem porquê, mas os meus amigos homens 'aparecem' na minha vida quase todos pelo mesmo motivo. Primeiro, querem levar-me para a cama. Todos dizem que acham que o meu rabo é fantástico ( descrição que eu não percebo, para mim é demasiado grande e cheio de celulite). Depois, quando não me levam - o que acontece na maior parte das vezes - apaixonam-se pelo meu cérebro. E depois, instantaneamente e sem período de transição, passo a fazer parte do grupo deles.
Não compreendo bem a razão, mas é assim. Dou comigo a ter conversas relacionadas com o que é que as gajas lhes fazem, e porquê. Às vezes sinto que me deixo levar por eles e troco o meu cérebro por um pénis: tudo o que eles me contam e todos os assuntos que os preocupam ficam muito mais simples, e até acabo por entender o lado deles. E ouço com atenção as queixas que me fazem 'delas' (como se, de repente, eu passasse a fazer parte do grupinho): A grande preocupação, com a qual eu dou por mim a partilhar, é porque é que elas não os entendem.
Mas, pensando bem, acredito piamente, por tudo que tenho ouvido, que são eles que não se explicam. Sabem quando estamos muito cansados e pensamos em dizer uma coisa, que não dizemos, mas estamos convencidos que dissemos? Pois eu acho que eles são assim: deixam as coisas no ar, como se os anagramas que nos fazem ficassem muito claros. Verdade seja dita, eles não dizem não quando querem dizer sim, mas estou convencida que é só porque não podem: imaginam um homem a dizer que não quer sexo depois de estar com uma erecção gigantesta? Não seria possivel.
Mas já viram um homem a deixar bem claro que só quer sexo, a tê-lo, e depois a perguntar-nos se o nosso ex era melhor, ou o que fazia, ou porque acabou a relação. Sempre à espera que lhes digamos que AQUELA foi a queca da nossa vida, mesmo que não tenha sido. Depois ainda dizem que nós é que somos complicadas... A conversa começou porque, finalmente, ao fim de um ano, Eros lembrou-se que eu existia, e pôs no meu caminho um professor cujo aspecto (apesar de não ser fabuloso) ainda é bem melhor que a performance... que não foi tão má que deva ser esquecida, mas não chegou a ser tão boa que deva ser repetida. Soubesse ele o significado da palavra preliminares ou da palavra longo, e a coisa teria sido bem diferente. Esse relato, misturado com o meu desapontamento, levou-nos a conversas mais profundas.
Diz o meu amigo que não entende porque é que as gajas os convidam para passar lá em casa com um convite para tomar café, se insinuam, e depois dão para trás. Diz que, quando chega a casa, depois de deixar as damas sozinhas com a sua virtude intacta, as mensagens delas começam a chover no telemovel. Elas, afinal, querem conversa. Pelos vistos até queriam que ele tivesse insistido mais e queriam que ele não se tivesse ido, antes pelo contrário... Supostamente, ele até entende que uma miuda até 24 anos lhe faça isso, mas uma quarentona??? Pois, eu também não sou apologista de lançar o isco e depois acabar a pescaria, mas cada pessoa é diferente. Jogar faz parte da vida, e o jogo da sedução começa bem cedo. Começamos por fazer amiguinhos utilizando os nossos brinquedos, ainda antes de saber falar. Depois aproveitamo-nos dos nossos apontamentos para fazer amizade com o rufia da turma, que normalmente é o mais interessante de todos, e que nunca escreve nada nas aulas. E continua, até sermos velhos e fazermos uma fita do Diabo por não queremos ir para um lar. A única diferença é que o jogo da sedução acaba na cama. Uma queca é uma queca, e não significa que tenhamos que acordar no dia seguinte e levar o autor da mesma a tomar chá com os nossos pais. Agora dei por mim a pensar: eu tenho 28 anos (idade que, segundo este meu amigo, é o inicio de um triénio fascinante nas mulheres: a idade em que o relógio biológico ainda não disparou como um louco, e em que já deixamos de acreditar no principe encantado. Concordo.), já estive apaixonada algumas vezes, mas nunca amei ninguém. Não me sinto pior por isso. Acho que até fui poupada a muita neura e a muitas lágrimas por causa disso. Já fiz coisas estúpidas por alguns homens, e até já achei ter encontrado algumas vezes o homem da minha vida. Tretas, isso não existe. Para corroborar a minha teoria, andam por aí os divórcios em número recorde, e a maior parte dos casamentos por conveniencia que conheço. Qualquer mulher normal (acho eu) gosta de sexo. E as que não são normais também, eu por mim falo. Mas também gostamos de companhia para ir ao cinema e tomar café. Isso não significa que queiramos namorar com todos os homens com quem dormimos.
Mas, para nós, a separação entre sexo e namoro não é tão linear como a dos homens, com fronteiras efectivas a separarem as duas coisas. A nossa linha é mais tenue: nós sabemos que, para nos levar para a cama, um homem tem de ser minimamente interessante. E isso significa que podemos levá-lo também ao café ou ao cinema, sem implicar termos de namorar com ele. E não precisamos de lhe dar a mão, nem que nos chamem 'amor'. Mas também não podemos sentir-nos como call girls e abrir as portas de casa (e as pernas) sempre que eles querem. Ou fazer apenas isso.
Concluindo, nem todas as mulheres precisam de amor para ter sexo. Mas somos é capazes de ir para a cama com um homem que pode perfeitamente ser nosso amigo. E mandar mensagens e ligar sem querer ter uma relação com eles.
Para jogar o mesmo jogo, as equipas têm que estar conscientes das regras, que não podem ser diferentes.
Sexo é sexo, disso não há dúvida. Porém, convém ter em atenção que, apesar de ambos usarem a cabeça na cama, cada um usa apenas uma.
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!