
Os livros de Pedro Paixão não têm descrição.
Entram-nos olhos dentro, rasgam-nos a alma, deixam-nos sós com os nossos medos, o nosso passado, as nossas vivências, amores e desamores.
Se existe um génio, uma pessoa que consegue pôr em palavras tudo aquilo que é, somos, são, essa pessoa é Pedro Paixão. E os títulos? Pequenos extases de pura genialidade...
É o meu autor preferido, devoro os seus livros como se isto fosse preciso para eu continuar a respirar. É o único autor de quem eu digo 'tenho todos os livros, e comprarei os seguintes'. As minhas palavras não são nada, comparadas com a qualidade das dele, por isso vou deixá-lo falar...
A partir de agora, tudo são citações.
"Queres saber quem sou? Eu sou o que te olha e espia para te recolher e depois guardar num lugar que é só meu. Para isso serve o papel. O resto não precisas saber. Nem convém. Só te ia distrair, podes crer. Eu sou o que mergulha as mãos na tua vida para sentir a minha a voltar." (Muito, Meu Amor)
"Eu não sou bom em nada. Eu só sou bom a escrever. Estou cada vez pior naquilo que sou e estou cada vez melhor a escrever. O que eu gostava mesmo era de ter uma vida melhor, uma vida mais decente, e nessa vida eu não escreveria. "
"Costumava forçar-se a chorar antes de chegar a casa, depois de estar com seu amante. Olhava-se no espelho do elevador e dizia a si própria baixinho que o tempo lhe havia de roubar toda a beleza." (A Noiva Judia)
"Há muitas maneiras de morrer, há muitas coisas para matar. O que se tem de matar primeiro é o que está mais próximo de nós. O que temos a obrigação de matar primeiro é o nosso amor. Depois já não é preciso, depois basta acabar."(Boa Noite)
"A minha vida nada tem a ver com o que escrevo." (47 W 17)
"E depois uma rapariga precisa de algumas coisas, poucas, só que cada uma dessas coisas, por sua vez, precisa de outras coisas e depois já são tantas que para fazer uma mala são precisas duas horas e um quarto." (Nos teus braços morreríamos)
"Nunca se sabe o que é para sempre, sobretudo nas coisas do amor. E era uma coisa do amor, isto tudo. São tão estranhas as coisas do amor que não se compreendem por inteiro. Tem de se estar sempre a fazer suposições. Nunca se sabe como e até que ponto a até quando. Esta obsessão chega para impedir a vida, o amor pode impedir o amor, amaldiçoá-lo como um espectro." (Nos teus braços morreríamos)
"Escrever pode ser uma óptima desculpa para quem na vida não tem qualquer esperança. É uma maneira de preencher uma sombra e há momentos em que um beijo escrito vale por muitos." (Nos teus braços morreríamos)
"Há dia, sabes, em que gostava de ser como o gato e que me tocasses sem desejar encontrar quaisquer sentimentos a não ser o que se exprime num espreguiçar muito lento - um vago agradecimento? - e que depois me deixasses deitado no sofá sem que nada pudesses levar da minha alma, pois nem saberias o que dela roubar." (Assinar a pele, conto)
"Quem não está confuso corre o risco de estar enganado, pior, de se estar a enganar." (Saudades de Nova York)
"Aquilo a que assisto é real e não é possível." (PortoKioto)
