por Bad Girl, em 24.09.06

A novidade pode aparecer-vos como um choque. Eu sei, para mim também foi. Mas não dá para fugir ao poder do universo. Não me perguntem com quem ou quando, que eu não sei. Só sei o porquê. Passo a contar:
Depois de cerca de 10 anos a desenvolver técnicas apuradíssimas para fugir ao bouquet da noiva, sempre bem sucedidas, fui ontem tramada pela minha confiança. Ignorei algo que é a força de vontade do ramo. Ou isso, ou aquela porcaria ontem tinha um sensor. Se não, vejamos: eram duas e quinze da manhã, e apesar de toda a animação, decidi que eram horas de ir. Precisava de acabar de preparar a mala (aquela que se perdeu), e de tomar um banho antes de ir para o aeroporto. Fui ter com a minha 'afilhada', e disse:
- Querida, vou-me embora.
Ao que ela respondeu:
- Não vás ainda, vou atirar o ramo.
- Deixa lá isso para as outras meninas. Eu não vou apanhar o ramo e não.
- Eu sei que tu tens as tuas técnicas, mas fica lá.
E eu fiquei. Conforme me tenho preparado ao longo dos tempos, mantive-me um passo atrás da direcção da viga. Se o ramo vem baixo calha às meninas da frente. Se vem alto, bate na viga e cai direitinho para baixo. Mas não, o puto do ramo caiu-me aos pés. Ora chão não é mão, vamos de repetir. Mantive-me fiel às minhas convicções. As leis da física falharam da primeira vez, mas duas era demais. E o ramo ainda me raspa no braço antes de cair. Nova tentativa. Pensei que a noiva estivesse a fazer de propósito, por isso quando ela virou costas, eu mudei de lugar. E o raio do ramo ligou o sensor e veio direitinho a mim. Ora parece-me óbvio que depois de tantos anos a fugir à realidade, já não há nada a fazer. Não sei quando, não sei com quem, mas sei que vou ser a próxima a casar.
Como mulher prevenida, e como fui a casa dos meus pais apanhar o táxi, deixei-lhes o ramo em cima da mesa da cozinha, com a seguinte mensagem:
"Mãe, Pai, pelo sim pelo não, é melhor começarem a juntar dinheiro para o grande dia".
Isto não me anda a correr nada bem. Acho que vou dormir para ver se este dia longo acaba.
Amanhã quando escrever, já devo estar em Londres. A questão é: com ou sem mala?