Está uma pessoa descansada (pois, se calhar não) no seu fim de semana (a parte de ser um fds de trabalho não faz parte da conversa!), e vem a amiga (a chata da amiga) estragar tudo (tudo tudo não, que o fds não estava a ser brilhante, mas contribuiu fortemente para a desvalorização do mesmo).
Depois de me ligar mais ou menos 1.254 vezes para o telemóvel (será que não dá para perceber que eu: 1 - Não tenho o telemóvel comigo quando ESTOU A TRABALHAR!; e 2 - Quando fui lavar os dentes e vi que tinha 'n' chamadas não atendidas dela NÃO QUIS ATENDER) , a R. mudou de estratégia e ligou cá para o burgo.
Claro que a frase "Tens de falar rápido porque este telefone não pode estar ocupado muito tempo." caiu-lhe no tradutor simultâneo como: "Tens de falar muito tempo.".
Mas quando, (e grito) QUANDO é que as minhas amigas vão perceber que a vida:
a) não é um conto de fadas ?
b) não é como nos filmes (pelo menos os que elas vêem)?
c) não é como elas querem?
Porra, pá, eu não lhes peço que elas me contem a vida intima delas. Eu não lhes conto a minha. Está bem, pronto, ultimamente também não há muito que contar, mas quando eu tinha o que contar, não contava.
- Porque viemos passar o fim de semana fora, e chegamos aqui, e eu vesti a lingerie bla bla bla, bla bla bla, e depois fomos jantar e estivemos a falar e bla bla bla, e ele bebeu porque não consegue ter uma conversa séria e bla bla bla e chegamos ao quarto e ele adormeceu, e bla bla bla. Achas que ele já não gosta de mim?
*** Breve pausa para explicar o enquadramento da coisa: a minha amiga R. apaixona-se. Não, não me esqueci de pôr nada em frente, ela apaixona-se, ponto. Pelo rapaz que olhou para ela mais do que três segundos, pelo rapaz do talho que lhe sorriu, pelo do pão que foi simpático... Vive intensamente, na cabeça dela, relações muito sérias e apaixonadas com todos eles. Quando finalmente um deles avança ou cede às investidas dela (ela é gira e simpática), ela acha que aquele é o homem da sua vida. Daí à cama é um salto, e daí às conversas do futuro é um instante. É assim: eu tenho mau feitio. Sou frontal. Se há alturas que ponho paninhos quentes nas conversas, há outras em que não o faço. Por tudo isso e por mais uma série de coisas que me esqueci de contar...:***
- Acho que ele AINDA não gosta de ti. Vocês andam há meia dúzia de minutos!
- Como é que podes dizer isso? Sabes bem o que eu sinto por ele!
- Sim, é o mesmo que sentias pelo Manel, pelo Paulo, pelo João, pelo Pedro, pelo André, pelo...
- És mesmo estúpida, sabias? Sabes bem que agora é diferente!
- Ai é, então e porquê?
- Porque já estávamos a falar do futuro, de planos...
- Desculpa, disseste já estávamos ou já estou?
- Nem sei porque é que te ligo.
- Nem eu.
- És sempre do contra.
- Sim, contra as tuas maluquices, mas a favor da tua sanidade. E da minha.
- Achas que eu já não o excito?
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- VOCÊS NÃO ANDAM HÁ TEMPO SUFICIENTE PARA ISSO!!!!!!!!
- Então porque é que ele adormeceu?
- Tinha sono?
- Eu até lhe disse que fazia (piiiiiiiiiiii) e mais (piiiiiiiiiiiiii) que ele gosta. E mesmo assim... (Mas porque é que eu preciso saber isto?)
- Já falaste com ele?
- Não, ainda está a dormir. -
Vês, estava mesmo com sono.
- Está é de ressaca, do vinho que bebeu ontem ao jantar!
- Lá está uma belíssima explicação.
- Mas se este era o nosso fim de semana, porque é que ele bebeu tanto?
- De que é que vocês estiveram a falar?
- Dos nossos projectos.
***Mais uma breve pausa para explicar que nenhum deles é arquitecto, pelo que por projectos entenda-se: casamento, filhos...***
- Tens a certeza que lhe estava a agradar a conversa?
- Sim.
- E porquê?
- Porque não me mandou parar.
- Mas bebeu para esquecer, olha, tenho de ir, tenho ali uma miúda que fez aquilo que tu passas a vida a fazer.
- Hã?
- Sim, bateu com a cabeça na parede. Mas essa, com gelo, passa.
- Tu... tu... tu...
(O galo na cabeça da miúda já passou, e ela gostou tanto de mim que até me fez um desenho da Floribela - eu sou adorável! Quanto à R., espero que tenha dado uma queca. Não estou com paciência para melodramas!)