A minha teoria é que, já que temos que ser enviados para um ou outro lado do Mundo e forçados a trabalhar (quais marines a caminho do Iraque), pelo menos flirtemos o suficiente com os outros que também estão em terreno hostil, para que o tempo passe melhor. E há sempre muita oferta (muita não é o mesmo que boa), para que possamos distrair-nos.
O Príncipe: O homem mais giro do workshop não era só isso. Era também o mais bom e, pasmem-se!, o mais rico (ao que consta). No cocktail de Domingo ele já tinha ameaçado um "ataque", com uns olhares pouco subtis e uns sorrisos simpáticos. Eu, como sempre, fiz o jogo da pouco interessada. Até porque, a bem da verdade, estava mesmo pouco interessada. Entre a viagem e os sorrisos contínuos durante o cocktail e o jantar (que mais tarde se vieram a transformar em verdadeiros espasmos musculares, tal era a incidência deles nos meus lábios), estava com muito pouca paciência para fazer novas amizades. Por isso, a noite de Domingo foi apenas brindada com umas trocas de olhares. Já na segunda-feira ele não aguentou mais, e nem esperou pela hora de almoço. Decidiu vir meter conversa logo pela fresca. Dez minutos depois eu percebia que ele tinha tanto de giro, bom e rico, como de pouco interessante. Teoria que se veio a reforçar ao longo do dia. Por isso, tomei a decisão de lhe fazer como se faz ao peixe pequeno: atirar à água e esperar que cresça. Pode ser que ninguém o pesque antes de ele me voltar a cair na rede, já mais crescido. Claro que com todas aquelas qualidades, o rapaz deve estar pouco habituado a que um exemplar do sexo feminino não lhe ligue, e por isso brindou-me com mais sorrisos e piscares de olhos. Mas não teve sorte.
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O Galã: Ao meter os olhos naquele italiano de gema, achei que podia ser divertida, a minha passagem por Roma. Sim, porque cá a vossa Bad não perde tempo com amostras de bad boys, e engraça logo com aquele que tem o ar mais "cosa nostra" do evento. O napolitano (mais ou menos giro, mais ou menos bom), com ar de mau e cheio de ares de conquistador não deixa a coisa por menos: escreve-me uma declaração de amor em frente à Fontanna di Trevi, e ainda me desenha o retrato sentado nas escadas da Piazza di Spagna. Vá, acalmem-se as românticas, que tudo isto me ia parecer demasiado disparatado e absurdo e ia ter direito a um virar de costas radical da minha parte, se não tivesse sido feito no meio de uma prova de Pedipaper, em Roma. Mas o segurar-me pela cintura quando eu meti o pé num buraco da rua, isso não fazia parte da prova. Contudo, faltava-lhe qualquer coisa, que ainda agora não sei o que é.
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Assim sendo, e para fazer jus à resposta que eu dei ao Paolo, decidi investir o meu tempo, os meus sorrisos e as minhas piscadelas de olho não no mais perfeito, não no assim-assim, mas naquele que me fazia rir. E é sempre esse. Que eu escolhi, escolho e escolherei. Porque daqui a muitos anos, quando já não puder esperar um homem bonito, um homem bom, ou um charmant, e quando já me interessar muito pouco se o homem me faz ou não vir, é sempre bom que tenhamos ao nosso lado alguém que nos faça rir...