Foto by Bad Girl
Webisódio 1:
Já dizia o anúncio: se nas Caraíbas se levasse a vida tão a sério como no resto do Mundo...
Não foi nem 24 horas depois de termos aterrado em solo caribenho, que percebemos o que até poderia ter sido óbvio ao ver o avião repleto de mulheres acompanhadas por outras mulheres: ir à República Dominicana significa, na maior parte dos casos (e ao que parece), tirar a barriguinha (ou outra qualquer parte da anatomia) de misérias. Os locais não querem deixar créditos por mãos alheias, e lá vão assediando tudo o que mexe da melhor maneira que conseguem. Os rituais de sedução são tão avançados quanto eles conseguem, e por isso não estranhamos abordagens do género: "Ah, e tal, querem comprar uma excursão a não-sei-onde? Não... oh, que pena. Vocês sabem que os dominicanos têm um
trabuco muito grande?" Ao segundo Don Juan de trazer por Punta Cana que nos apareceu à frente, já eu dizia que só sabia falar português. Mas, não surpreendentemente, eles também têm um "truque" na manga para as portuguesas, que é a frase que todas as mulheres esperam ouvir da boca de um auto proclamado "monstro sexual": "Ah, Portugal! Batatas com Bacalao!". E ficam à espera que nós lhes caiamos nos braços como donzelas afectadas pelo calor.
Esta donzela tem resistência ao calor que chegue para não cair em tentações destas.
Mas não é disso que quero falar neste primeiro webisódio [este será um tema a desenvolver num outro dia]. Quem viaja em "desespero de causa" não procura necessariamente encontrar conforto nos braços (e outros atributos) dos locais. E foi isso que aconteceu com uma menina que lá conhecemos. Espanhola, com tudo o que isso quer dizer, a jovem divorciada não tardou a conhecer um quase conterrâneo mal chegou às terras quentes das Caraíbas. Digo quase porque a dita mora em Málaga, e o rapaz nas Asturias. Ainda é longe. Mas à partida isso não deveria importar. Até devia ser considerado um
plus. Mas uma semana naquela terra e parecia que tínhamos sido arrastadas (a J. e eu), para um episódio do Big Brother. Significa isto que ao fim de dois dias já conhecíamos 50% do resort, já fazíamos parte de um grupo, e já observávamos de bancada todos os acontecimentos. E já havia "casos"...
Alguém me explica como é que alguém, que até já foi casada, vai uma semana para a República Dominicana, conhece um gajo que lhe interessa, anda toda a semana a "pôr tijolinhos" [expressão de grande importância para descrever todo um ritual, que passará a ser utilizada com frequência cá para estes lados] para dormir (ou não. Considerem isto uma liberdade poética...) com ele na última noite dele lá (duas noites antes de ela ir embora), e despedir-se dele num desespero testemunhado por um choro copioso, complementado com baba e ranho, como se estivesse a ver o homem da vida dela partir para a guerra? Mas esta gente está louca? A J. e eu não parávamos de rir, de cada vez que as amigas novas (malta do grupo no qual nós nos infiltramos) a consolavam e se mostravam condescendentes com a sua dor. Mas que dor, minha gente? Ela chorava copiosamente a partida de um gajo que mal conhece e o resto das gajas passava-lhe a mão pela cabeça? Mas onde é que esta gente deixou a nave espacial estacionada, explicam-me?
Ai, ai, ai que isto começa bonito....