por Bad Girl, em 25.04.08
Diz quem me conhece que eu não sou uma pessoa fácil de assoar. Estes termos populares que teimam em usar para me descrever, tirando as conotações menos higiénicas que possam ter, não me preocupam muito. Até porque, exageros à parte, eu sei que é verdade. Se pessoalmente eu sou apenas exigente, já na vida profissional a coisa piora, e consigo chegar ao cúmulo da intransigência. Dou tudo por tudo pelo meu trabalho, levo tudo até ao limite das minhas forças, mas não tolero falhas. Por falhas não se entendam erros nem coisas que correm menos bem. Isso existe em todo o lado. É a capacidade que temos de transformar eventuais erros em oportunidades que me dá "pica". Chegam a mim pessoas com projectos de muitas centenas de milhares de euros. Correr alguma coisa mal é algo que não pode sequer ser posto em cima da mesa. Conheço muitas pessoas a nível profissional. De variados géneros, feitios e formas de trabalhar. Até há as inexplicavelmente inseguras. E essas dividem-se em dois tipos muito específicos: as que assumem que estão inseguras, que não conseguem controlar as coisas, e pedem apoio. E as que se tornam arrogantes e que, em vez de serem facilitadores num processo, se tornam um peso não só pela sua inutilidade, mas por quererem ter controle sobre uma coisa que tem de rolar sozinha. No início da semana
escrevi um post que falava do individuo com quem ia estar a trabalhar até hoje. Nessa altura eu já tinha percebido que ele era um conas, só não sabia de que género. É do género de ser tão inseguro que ao fim de dois dias já ninguém na equipa o podia, sequer, ver à frente. Numa troca de palavras mais acesa, depois de ele me ter ligado para o telemóvel na terça-feira à noite a disparatar sobre uma alarvidade qualquer e de eu me ter visto obrigada a dizer coisas que nunca tinha dito a nenhum parceiro de negócios, as coisas gelaram entre nós. A minha atitude profissional (que havia sido posta em causa nesse telefonema) não me permitiu tramar a vida ao cabrão no resto dos dias... mas hoje provei o doce sabor da vingança, quando dávamos por terminada a nossa parceria. Quando toda a gente se derretia e louvava incansavelmente todo o trabalho da minha equipa, ele assistia, em silêncio. Quando se retiraram todos, eu disse-lhe, num tom de voz ligeiramente arrogante mas extremamente baixo:
- Sabe, "conas", em circunstância normais, é nesta altura que eu partilho os elogios que nós aqui recebemos com as pessoas que estão na sua posição...
Ele ficou verde. Ou branco. Interessa-me pouco. Sei que mudou de cor. Olhou para mim, e disse naquele tonzinho de voz aconado que ele tem:
- A Bad ficou mesmo chateada com a conversa que tivemos ao telefone...
Eu olhei-o, sorri-lhe, e respondi:
- Não, está enganado. Primeiro, porque aquilo não foi uma conversa. Foi você, histérico, a achar que estava a gritar comigo ao telefone. E segundo, porque eu não posso estar chateada. As palavras dizem mais sobre quem as usa do que sobre quem é alvo delas. O que você disse de mim, tendo em conta que não me conhece, não me afectou nem um pouco. Não diz nada sobre mim. Agora sobre si... disse-me tudo aquilo que eu precisava saber. Não posso dizer que tenha sido um prazer trabalhar consigo, mas correu bem. Como sempre corre connosco. E isso é apenas o que me importa.
Eu juro - mas juro! - que quando virei as costas ele foi a correr para a casa de banho. Pode ser incontinência. Pode ter-lhe dado uma volta à barriga. Mas eu acho que ele foi chorar.
E foi isto que fez valer a pena eu ter ido trabalhar num feriado...