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Claro que quero. Vocês sabem que sim. Enfim, não querendo eu assumir que não quero ser a tal ovelha com ronha (este blog anda um bocadinho dado à vida animal...), cabe-me a mim a desagradável tarefa de vos informar que sim, o ano é novo mas que não, a vida não é nova. Depois de amanhã, ao acordar, é um novo dia. Tal como nos outros dias do ano, um dia sucede ao outro. Mudem-se ou não os calendários, as agendas ou os números que indicam o ano.
Não depositemos na mudança do calendário a esperança de boas novas chegadas do “além”. A vida requer esforço. Um dia atrás do outro.
Não podemos apagar o passado, as coisas que nos pesam nos anos, os dias que nos trouxeram até ao hoje. E não será a mudança do calendário a trazer uma metamorfose à vida. Hoje, amanhã, para o mês que vem... Não vale a pena depositar no tempo a esperança de agarrar a vida. A mudança está cá dentro. Ou se vai a jogo, ou se desiste. Aqui não se faz bluff.
(Hei-de tentar um post menos pensativo e mais emotivo sobre o novo ano)
Ingénua é a pessoa que ainda acredita que a pior coisa que um pombo é capaz de fazer é defecar em cima do vidro do carro. É mau? É sim senhor. Mas não é o pior que podemos esperar desta avezinha irritante...
Andava eu na minha vida, acabadinha de sair do banco onde fui depositar a fortuna que o Pai Natal me trouxe (estupidamente, considerando que já lá vai mais de uma semana desde que a máquina ATM decidiu deglutir o meu cartão multibanco), a pensar na vida, e eis que vejo um filho da put@ de um cabrão de um pombo a voar na minha direcção, à altura dos olhos. Eu seguia em frente, e ele também. Não havia ninguém na torre de controlo dos voos dos pombos para o avisar do "obstáculo"? Parece que não. Tal qual Leonor a caminho da fonte, também o pombo seguia descalço e seguro. E, a escassos milímetros da minha cara, quem é que se desviou, num gesto de pescoço e ombros que lembrava George W. Bush na cena do sapato voador?
Eu dou uma pista: não foi o c@r@lho do pombo.
E o povo que seguia em contramão na Avenida da Boavista riu a bom rir com um número digno do Cirque du Soleil? Riu, pois riu. Eu própria não parei de rir. E o pombo não parou de voar baixinho, desvie-se quem quiser, que eu não estou cá para facilitar a vida a ninguém.
Lição primeira, arrancada com a mesma vontade com que eu arrancaria as penas do bicho, uma a uma: nunca penses que conheces o pior do que seja. Há sempre algo de inesperado a voar na tua direcção.
Lição segunda, e a mais importante: nunca, mas nunca, fazer balanços antes do dia 31 de Dezembro. De preferência, fazê-los apenas no dia 1 de Janeiro. Olha aquilo a ter corrido mal e eu a ter de trocar a pior coisa do meu ano de "qualquer coisa que ainda vou pensar" por "ter levado com um pombo na cara".
A lição terceira foi "sacada" apenas no regresso ao escritório, quando a C. me diz: "Os pombos andam meios loucos, não tinha reparado?".
Não, C., não tinha. Mas diz só onde é que isso está escrito, que eu vou já assinar por baixo...
(ai, que pindérica, ela diz "prendas", não diz "presentes")
(ela por acaso diz das duas maneiras, até porque é o que se pode fazer com sinónimos...)
(sim, mas "prendas" é pindérico!)
(pindérico é o novo-riquismo, que se lembra de ostracizar palavras sem qualquer razão...)
Certamente no meio dos embrulhos houve prendas que vos desapontaram profundamente. Não desesperem. A minha amiga J. aceitou a nomeação pública de parte da lista dos seus presentes de Natal, para que todos possam ver a sorte que têm:
1 Casaco de pura lã virgem que ela conta usar... nunca.
1 par de meias da mesma pura lã virgem que ela está a pensar usar... um dia.
1 gorro de pura lã virgem que ela quer usar... em 2014, de madrugada, para ir pôr o lixo à rua.
1 par de chinelos de pura lã virgem que ela já usou.
1 cachecol (adivinhem lá qual o material de que é feito) que ela quer usar para fazer pendant com o gorro.
La pièce de résistence foi, porém, um belo porta-chaves, feito de um material que vocês nunca poderão imaginar, com a sua inicial. Este foi logo usado para calçar uma mesa que abanava um bocado.
É caso para dizer que, enquanto houver uma feira de artesanato às portas do Natal e mesmo à porta da casa da mãe dela, ou enquanto houver ovelhas "virgens"... ela tá fodid@! Ela e as ovelhas. À conta dos presentes dela há-de andar por aí um rebanho inteiro cheio de frio.
Quanto a mim, a imbuição de espírito natalício é uma hipocrisia de todo o tamanho.
Quem é capaz de ser simpático, solidário, gentil e generoso em dois dias do ano não consegue sê-lo nos dias restantes porquê? Dá muito trabalho, é?
Pró c@r@lhinho, mas é.
Ah, é Natal, não digas palavrões.
Isso é que digo!
Mau feitio.
Pois tenho.
(...)Desenha-me uma ovelha.
Então eu desenhei.
Olhou atentamente, e disse:
- Não! Essa já está muito doente. Desenha outra.
Desenhei de novo.
Meu amigo sorriu com indulgência:
- Bem vês que isto não é uma ovelha. É um carneiro... Olha os chifres...
Fiz mais uma vez o desenho.
Mas ele foi recusado como os precedentes:
- Esta é muito velha. Quero uma ovelha que viva muito.
Então, perdendo a paciência, como tinha pressa de desmontar o motor, rabisquei o desenho ao lado.
E arrisquei:
- Esta é a caixa. O carneiro está dentro.
Mas fiquei surpreso de ver iluminar-se a face do meu pequeno juiz:
- Era assim mesmo que eu queria!
Eu nem sequer comento o mau tom que é o facto de os meus amigos acharem por bem cederem a perfeitos estranhos o meu número de telemóvel, sem sequer me consultarem. Não vou também mencionar (estarei a fazê-lo?) que o fazem para obter um desconto numa coisa qualquer, nem que isso signifique que eu vou ter um(a) vendedor(a) à perna durante semanas...
Mas não posso deixar passar em branco o facto de me conhecerem tão mal, que lhes parece interessante deixar o meu contacto num ginásio.
Um ginásio?
Estão todos parvos?
Mas alguma vez me viram num ginásio?
Alguma vez eu mostrei desejo ou vontade de integrar a lista de clientes de um ginásio?
Tivemos, porventura, algum diálogo sobre exercício físico em que eu não tivesse deixado bem claro que ski e sexo são os únicos exercícios que eu considero viáveis na minha vida?
Haja paciência, já que o respeito, ao que parece, foi com os porcos!
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!