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Tenho dado por mim a reparar que há um sentimento de presunção aliado aos blogues e aos seus autores. A primeira é dos próprios, onde eu estou incluída. Nós, os bloggers, por vezes perdemos o contacto com a realidade. De repente expiramos a nossa escrita, as nossas imagens, a nossa vida, e ficamos à espera de inspirar uma lufada de aceitação generalizada. Ou uma revolta geral. Ou inveja, ou maledicência, ou o que seja. Aguardamos que algo seja dito, que as nossas palavras não resvalem na couraça indiferente do resto do mundo. Isso nem sempre acontece. E não é por não acontecer que devemos rasgar o peito com o sofrimento de não termos nenhuma reacção àquilo que, por princípio, foi feito para nós.
Excluindo meia dúzia de bloggers que são, efectivamente, sérios, os bloggers não se deviam levar tão a sério. Não se deviam zangar quando pessoas que nunca conheceram os atacam, e não deviam subir a píncaros de "umbiguismo" quando são elogiados. Porque, a meu ver, um blogue é, geralmente, um exercício masturbatório. Mais ou menos evidente, mais ou menos assumido. E não me parece que deixemos que alguém se ache no direito de nos dizer: "Masturbas-te mesmo bem!" ou "Não é assim que se põe os dedos...".
A segunda presunção tem a ver com quem nos lê. Com quem acha conhecer-nos. Com quem opina sobre isto ou sobre aquilo na nossa vida, na nossa escrita. De repente, assim do nada, damos por nós a sermos analisados por estranhos, que apenas conhecem aquilo que nós partilhamos, mas presumem tudo saber. E a culpa não será deles, na maior parte dos casos. Se bem pensarmos, nós expomos aquilo que achamos por bem expor. E ouvimos opiniões sobre o que partilhamos. Não sabem tudo sobre nós? Indiferente: eu também não sei nada sobre a rapariga que vi hoje com umas calças demasiado justas para a seu corpo, com brilhos por todo o lado, casaco branco de plástico e uns saltos agulha demasiado dourados para o sóbrio castanho das botas. Eu não sei quem ela é, de onde vem, o que faz, mas isso não me impediu de achar que ela é pirosa. Porque aquilo que ela decidiu pôr à vista me permitiu achá-lo. Inchados na nossa presunção de que um blogue é uma coisa importante, cedemos aos "leitores" o direito de nos apontar isto ou aquilo. Até de nos acusarem que estamos a fugir à nossa linha (editorial???), como se isto fosse um produto de consumo pago. Na maior parte das vezes, e como na vida, estas pessoas olham para os que sabem expor parte da sua vida, dos seus sentimentos, das suas paixões com alguma inveja. Não porque não sabem escrever, porque normalmente sabem. Falta-lhes, contudo, o talento para misturar as palavras e a coragem para subir um pouco o véu das suas vidas. Apoiando-me novamente numa analogia sexual, ajuda dizer que não é só porque se tem pénis ou vagina que se é bom na cama.
Não chegam os fios de cabelo que me ocupam a cabeça para contabilizar as decisões erradas que fui tomando ao longo da vida. Nem para contar as coisas das quais me arrependo. Porém, a voltar atrás, faria tudo da mesma maneira. As coisas, as atitudes, as decisões, trouxeram-me até aqui, hoje. E não há sítio onde me apeteça estar mais.
Pensado porque, hoje, alguém decidiu deixar de estar.
Parece que a crise toca a todos. O fundo de maneio do casal McCann deve estar tão vazio como os cofres do BPP. Ups, não, é esperança. Eles movem-se a esperança...
Explicada está, há anos, a crise de fé que tomou conta da Igreja. A mesma que apregoa à tolerância, mas que levou a cabo a Inquisição. À falta de lápis azuis, risca-se mais um lamentável capítulo na história da instituição.
Nudez, sim, mas só à noitinha. Parece que os mais moralistas, talvez parte dos poucos que ainda se senta a ouvir o que tem para dizer D. José Policarpo, não gostou de ver as cenas de sexo entre actores portugueses na série "Equador". Eu compreendo. Drogas, calão, putos a faltarem às aulas e a insultarem professores nos "Morangos com Açúcar", às sete da tarde, ainda vá. Agora gente nua ao Domingo à noite, isso não...
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!