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Os náufragos

por Bad Girl, em 02.04.09

 

 

Uma das poucas coisas que me dá gozo numa ida ao supermercado é a passagem pelo corredor dedicado à higiene feminina. Não raras vezes, arrojados machos vagueiam por lá, expressões mistas de inquietação e incerteza:

 - Quem sou eu? O que faço aqui? Que tamanho levo?

Os ares são comprometidos. Fazem carantonhas de hesitação, como se precisassem de mostrar ao mundo que não fazem ideia do que estão ali a fazer.

Em alguns casos tentam dissipar as dúvidas que os assolam com a ajuda de qualquer “transeunte” que preencha os requisitos mínimos: tenha ovários.

E lá vêm, prenhes de explicações:

 - Desculpe, fiquei de comprar pensos para a minha mulher, mas ela não me disse quais são. E há aqui tanta coisa...

Não vale a pena tentar a explicação óbvia de que cada caso é um caso. Eles não vão entender. É bicho que sangra durante cinco dias e não morre, há-de ser farinha do mesmo saco. Se quiserem abreviar a coisa, nada como pedir ajuda para escolher os preservativos lá para casa. Se quiserem ser aprazíveis... não sei, nunca fui.

Depois há aqueles que pegam no telefone e começam:

 - Estou, querida? Estou aqui na secção de pensos higiénicos e não sei o que é que tu queres. Tem aqui Ausónia e Evax e em pequeno, e grande, e com alas, e sem alas, e de noite, e diários. Quais são os pensos higiénicos que tu queres? 

E ainda há os outros que sim, sabem quais são (afinal estão no armário da casa de banho, que eles abrem constantemente), os arrancam das prateleiras e os atiram para o carro das compras como se fossem o Michael Jordan a marcar os 3 pontos decisivos numa final da NBA (percebo coisa nenhuma de basquete, pelo que aquilo que está escrito aqui atrás pode não fazer sentido algum) e correm corredor afora como se a vida deles dependesse disso.

 

Depois há a passagem pela caixa. A colocação estratégica dos pacotes no meio dos cereais, barricados entre uma embalagem de Special K e outra de Corn Flakes.

Ainda antes de chegar ao carro, o homem portador de um ou mais pacotes de pensos higiénicos já disse mal da sua vida, já insultou a mulher que lhe encomendou tão penosa empreitada, e ainda teve tempo para um suspiro. De nostalgia. Do tempo em que aquela fêmea vil não fazia parte da sua vida. Ainda que, em certas ocasiões, tivesse fantasiado com ela (ou com outra), enquanto tentava fazer fogo de forma primitiva...

Sexo na terceira idade

por Bad Girl, em 02.04.09

E sim, este post é sobre mim.

 

De todas as más alturas possíveis para encetar uma relação, a altura pior é quando temos um joelho completamente estropiado. Isto porque o joelho é individuo para até colaborar numa enorme lista de coisas, mas piruetas e números de circo deixam-no renitente. Assim sendo, vai uma pessoa toda entusiasmada tentar fazer uma coisa mais elaborada e que fuja às duas - vá, três - posições que consegue fazer sem dor, e lá vem a porcaria do joelho lembrar que está ali. Conduzir, podes. Trabalhar, podes. Andar aí de um lado para o outro a fazer recados, podes. Sexo? Querias! Fazes o amor, e à antiga, e não te queixes. Eu juro que sou optimista. Mas acordando constantemente com 20 anos e terminando o dia com, pelo menos, 70, torna-se difícil. 

O meu fisiatra

por Bad Girl, em 01.04.09

 

(Que querem? Eu sou uma pessoa doente, tenho muitas histórias de médicos...)

Nos vinte ou isso minutos que passei no consultório levei com cerca de dez estatísticas. O homem é um estudioso. Primeiro levei com a história dos acidentes de ski. Diz a estatística (que é gaja para não mentir) que lesões como a minha acontecem maioritariamente devido a acidentes de ski. Em todo o Mundo. Excepto onde? Em Portugal e na Grécia, que tem rupturas de ligamentos cruzados anteriores sim senhor, mas é devido ao futebol.

Mais consulta, olha para as imagens da ressonância, faz um ar preocupado, olha para mim, fica muito pasmado com o meu aparente bem estar, manda-me tirar as calças (é bom ser médico, não é?), tenta arrancar-me a parte inferior da perna, manda-me vestir outra vez, volta a achar muito estranho o meu aparente bem estar (apesar de o mesmo ter diminuído drasticamente depois de o senhor doutor me ter tentado desmontar as peças) e encontra a explicação para tamanha ausência de dor. E onde estava guardada essa resposta? Na estatística, pois claro. Que também diz que as pessoas optimistas toleram melhor a dor que as outras. E a prova de que eu sou optimista está onde? Lá está, a interpretar a estatística. Porque, olhando para a primeira delas eu sou menina para achar que na Grécia e em Portugal se esquia maravilhosamente. Qual país de broncos, qual quê?!?

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Mais sobre mim

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Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!

 

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