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Há dois ou três dias que não me apetece escrever sobre nada, não quero namorar palavras umas atrás das outra. Não sei sobre o que escrever e, lamentavelmente, sou péssima a escrever sobre nada. Dói-me horrores cá dentro, é uma faca que crava o peito e se aloja junto ao coração. É um aperto, uma sensação de impotência. Faço log in e fico a olhar para para o écran em branco. A distância a percorrer parece-me desumana, impossível de fazer. Lembro-me das vezes em que as ideias queriam correr desenfreadas pelo écran. Lembro-me de não conseguir fazer os dedos acompanharem a velocidade do pensamento. Lembro-me bem de alturas em que anotava no telemóvel as coisas que queria escrever. Esses dias parecem-me cansados, gastos, longínquos. Busco a inspiração em sítios que não lembram a ninguém, agarro-me a ideias que não consigo explanar. Deambulo pelas notícias, regozijo-me com coisas que leio, murmuro para o lado opiniões curtas e e assertivas sobre o que me rodeia. Sou incapaz de escrever mais do que duas frases sobre o que quer que seja. Não ando deprimida, oprimida ou obstipada. Não ando farta nem cega para os assuntos. Ando cansada (e como eu escrevo melhor cansada!!) o suficiente para poder escrever um livro. Não sei o que me deu. Apetece-me brindar-vos com uma desculpa de macho impotente, que olha para a mulher deitada ao seu lado, exposta aos seus olhos e exclama, às vezes num tom recheado de acusações: "isto nunca me aconteceu antes".
Até me voltar o tesão, ficamos por isto mesmo. Talvez passe, talvez não.
É alguém perder tempo a criar um endereço de email da treta, escrever um texto no corpo desse email e anexar um vídeo, alegando que eu não faço nada além de passar a vida ao computador. Parece-me lógico. E coerente.
"Vocês é td um bando de idiotas. Juntam-se para ajudar a gaja. E se ela não vai para Bruge? Ficam td a chorar o dinheiro e ela a rir-se de vocês bando de tansos."
Caro "Justiceiro",
Das duas uma, ou bando de idiotas ou bando de tansos. Ou divides. Metade idiotas, metade tansos. Mas adiante, muito obrigada. Espera, não é assim. É MUITO OBRIGADA!! A sério. Nunca tinha pensado nisso. Agora vejo a luz, e tudo graças a ti. Então não é que eu passava as minhas noites às voltas na cama, a pensar na faustosa vida que a Maria vai levar com os meus doze, ou trinta, ou cinquenta euro? Da mesma maneira que penso como vai o senhor da tabacaria gastar o dinheiro que eu paguei pelos jornais que lhe compro. É que, convenhamos, se não for para um propósito digno, eu vou lá e exijo o meu dinheiro de volta. Ele que não pense que vai comprar tabaco e dar cabo dos pulmões. Não com o meu dinheiro. E se for para ir de férias, ainda temos que ver muito bem o lugar escolhido. Olha, "Justiceiro" a bem da verdade, eu acho que a Maria vai para Bruges. Não é graças aos meus euro. Não. É graças a ela. Se, por uma eventualidade do destino a Maria não for para Bruges, estou-me perfeitamente nas tintas para saber o que ela faz ao dinheiro que ganhou a despojar-se dos seus bens. E se me apetecer vender todos os livros, CD e DVD que tenho em casa para comprar um par de sapatos? És tu que me vais dizer que não posso? Não queres, não compras, segue em frente. Raio de gente mais problemática.
Já toda a gente falou da Maria.
Não há blogue, por recente ou discreto que seja, que não saiba quem são a Maria e o Gato.
A Maria ousa ter um sonho. Mas como pode, uma miúda com um gato atrever-se a ter um sonho? Quem é que ela pensa que é para chegar aqui e, automaticamente ganhar em popularidade aquilo que precisa de ganhar em dinheiro, para realizar o seu sonho? Pensa que é assim? Que chega com o sonho dela e vende coisas que são dela, toda a gente ajuda e pronto, vai para Bruges? Então e as pessoas frustradas? As pessoas sem talento, sem sonhos, com a alma pequenina e com a inveja à flor da pele? Então essas, como é que ficam? A ver a Maria ser bem sucedida nisto?
Não. As pessoas mesquinhas são pessoas que não deixam passar a coisa em branco. As pessoas mesquinhas também têm sonhos: um deles é saberem toda a gente mal, como elas acordam para o mundo todos os dias. A pessoa mesquinha que anda a tentar tramar a Maria até pode ter um plano de vingança. As pessoas não são exclusivamente boas ou exclusivamente más e, numa certa altura da vida, a Maria até pode ter tropeçado numa pessoa sem dar conta. Deve ser difícil lidar com alguém que sabe o que quer e que não usa planos sinistros para o conseguir. Pois temos pena, mas o facto é que há alguém que perde tempo a denunciar as páginas da Maria no Facebook. Que o façam não me surpreende, o que há mais é casos de psiquiatria à solta por aí. Agora que o Facebook o faça sem apelo nem agravo é que me soa a estranho. Mas enfim, vamos lá tentar que esta não desapareça. A menos que o Facebook tenha alguma coisa contra o facto de também eu querer que a Maria vá para Bruges.
Se eu fosse arriscar uma percentagem sem qualquer fundamento científico, apostaria que 99 em cada 100 pessoas gostavam de ser ricas. Até uma certa altura da minha vida, também eu responderia que sim, que gostava de ser rica. Obviamente não sabia explicar porque é que queria ser rica. Era demasiado abrangente: para viajar, para poder comprar coisas, para ter uma casa fantástica e um carro lindo... sei lá. Queria ser rica porque sim, porque a riqueza, a segurança e o conforto andam de mãos dadas muitas vezes, e a felicidade não se compra mas dá para se mandar buscar.
Eu não sabia exactamente porque é que queria ser rica até um dia, há uma catrefada de anos atrás, encontrar a razão para esse almejo. Num final de tarde igual a tantos outros, tive direito à minha epifania:
Estava um senhor com um carro grande e brilhante pacientemente à espera de um lugar de estacionamento. O pisca estava ligado e ele estava devidamente encostado, enquanto a senhora do carro estacionado arrumava as compras e devolvia o carrinho. Quando a senhora saiu, passando à frente do carro grande e brilhante, um "Chico esperto" veio em sentido contrário e espetou com o carro no tal lugar. Podia, eventualmente e sendo uma criatura quase míope, não ter visto o outro senhor à espera. A dúvida dissipou-se quando, ao sair do carro, exclama:
- O mundo está para os espertos!
O senhor do carro grande e brilhante não se ficou: com o "Chico esperto" a três passos dali, espeta o carro grande e brilhante contra o utilitário que lhe roubara o lugar. Ao esbracejo histérico do outro, o senhor estende a mão com um cartão de visita e responde-lhe, antes de arrancar:
- O mundo, meu amigo, não está para os espertos. Está é para os ricos. Ligue à minha secretária.
E pronto. Naquele momento eu percebi porque é que eu precisava de vir a ser rica: o meu mau feitio precisa de uma conta bancária recheada para ser feliz...
Não há palavras doces no dicionário que sejam suficientes para me permitir uma descrição...
Se há coisa que eu gosto muito é daqueles pais que querem entrar pela escola dentro com o carro, a fim de deixar os seus filhinhos. Coitadinhas das crianças. Têm 10 aninhos, vão agora ter que dar meia dúzia de passos para chegar à escola? E atravessar a rua com 15 anos? Uma irresponsabilidade. Claro que os mais pequeninos também não podem ir pela mão com os pais, tendo eles deixado o carro num lugar decente. Há por aí muita constipação. Mais vale parar em décima nona fila e esperar horas para meter o puto do carro e o puto lá dentro. Os outros? Aqueles que vão trabalhar? Que se fod@m e fiquem à espera. Que vejam o semáforo mudar de cor vinte e três vezes, isso importa pouco. O que importa é que o principezinho ou a princesa não apanhem frio. Ou calor. Ou ar, sequer.
Eu aos 12 anos já ia de autocarro para a escola. Antes disso, ia a pé. Os meus pais deviam achar que eu tinha superpoderes. E que era sobredotada. Ou isso ou não gostavam de mim, certamente.
Cheguei pouco menos que atrasada e tive que estacionar no cu de Judas. É bom que, hoje, não me lixem a paciência.
A Teresa arranjou dois homens para matarem o seu marido e o enteado. Havia dinheiro. Muito dinheiro. A Teresa enrolou-se com um desses homens. Tirou dinheiro da carteira do marido enquanto ele definhava. Ainda tentaram safar a Teresa com uma história fantástica: ela seria deficiente. Obviamente. Aquilo que ela tinha não era um plano nem nada. A pena de morte, nestes casos, não me choca nem um bocadinho. Que direito tem esta criatura de pedir clemência? Zero. Nada. Esta criatura não merece viver. Que vá arder no inferno. E, não tivesse ele cometido suicídio na cadeia, era um par de estalos ao gajo que se meteu com ela. Está bem que havia muito dinheiro. Mas porra, o dinheiro não paga tudo.
Não suporto pessoas espaçosas. Com as pessoas gordas posso bem (não literalmente, como é óbvio), mas as pessoas espaçosas transtornam-me. As pessoas espaçosas, normalmente, estão convencidas que merecem o espaço que ocupam. É tudo delas, somos todos amigos, é agarrar enquanto se pode. Às pessoas espaçosas é permitido tudo. Não porque os outros apreciam a presença deles. Os outros não têm voto na matéria. Não por falta de coragem. Apenas por falta de paciência. Os espaçosos estão em todas. Os espaçosos passam à frente dos outros nas filas do supermercado: "só tenho estes dois iogurtes, importa-se que eu passe?". Os espaçosos metem-se nas conversas dos outros. Os espaçosos bebem sumos enquanto andam às compras e deixam o pacote vazio num canto qualquer. Os espaçosos levam o cão à rua e deixam o cocó no meio do passeio para alguém apanhar. Os espaçosos metem conversa com toda a gente, em todo o lado. Querem saber porque é que estás à espera da consulta, se vais levar essa revista que trazes na mão "deixa-me só passar os olhos enquanto a fila não anda?". Os espaçosos aparecem sem avisar, mesmo à hora do jantar. Os espaçosos roubam criações alheias apenas porque estão ali, tão a jeito. Os espaçosos ainda estão a dizer "tens um telefone novo?" como já estão a pegar nele para o "analisar". Não gosto de pessoas espaçosas. Às pessoas espaçosas importa pouco que tu estejas ao telefone. Elas vão acenar-te e começar a falar. Ou esperam que termines, em pé e coladas a ti, esquecendo entretanto o propósito daquela espera, começando a conversa com um "por acaso ouvi a tua conversa. Então tu arranjas convites para os U2? Eu precisava de dois". Acima de tudo as pessoas são espaçosas porque não têm noção. Noção do ridículo, noções básicas de educação, noção do espaço alheio. As pessoas espaçosas preocupam-me muito mais do que as gordinhas. Principalmente porque não há dieta que lhes valha.
A blogosfera anda toda em polvorosa por causa da crónica da Margarida Rebelo Pinto. Tivesse eu alguma consideração pela criatura e talvez debitasse um ou dois bitaites sobre o que ela escreveu acerca das gordinhas e das giras. Mas a verdade é que me importa muito pouco o que diz a Guida, reconheço-lhe pouco talento e relativa sobriedade para valorizar o que quer que seja que saia daquela cabeça. Adiante, que isto é hora de falar de uma problemática dos dias de hoje. Agradeço à Andreia, amiga VIP no Facebook, o alerta para este flagelo: os "percebes". Os "percebes" terminam toda e qualquer frase com intenso e condescendente "percebes?".
- O arroz fica assim soltinho, percebes? (cortesia da Andreia)
- Estava um trânsito descomunal, deve ser do início de aulas, percebes?
- Mandei aqueles documentos pelo correio, percebes?
- Gosto de sentir a chuva na cara, percebes?
Não, não percebo. Aliás, ninguém percebe. Tu és um(a) gajo(a) tão à frente, que precisas de confirmar a cada 5 minutos se as pessoas te estão a acompanhar. Não vá o teu raciocínio ser uma coisa tão brutalmente espectacular que nós, os comuns mortais, precisamos deste "check point" constante, ou corremos o risco de ficar para trás nesse assunto de interesse nacional que é fazer arroz soltinho. Também gosto do púbere "tipo". Mas o "tipo" é uma coisa geracional. Nas minhas relações o "tipo" está muito esbatido. O "percebes" não. Porque, toda a gente sabe que, à medida que vamos ficando mais velhos, a percepção que temos do que os outros dizem diminui muito. Valham-nos as mentes brilhantes, os iluminados. Tipo assim os supra-sumos, percebes?
... mas acabei tudo com o Badoo. Verdade seja dita, já tive gajos que aceitaram melhor as minhas tampas...
" Não podemos acreditar que este seja o final, Bad… Há muita gente aqui que pode lhe ajudar a tornar tudo melhor. Mas de qualquer maneira, se resolver seguir em frente e terminar com tudo, pelo menos nos deixe sua opinião no espaço abaixo.
Acho que merecemos pelo menos isso depois de tudo que passamos juntos. Mas lembre-se... nós podemos mudar! Nós tornaremos as coisas melhores, prometemos!"
Posso mudar? Onde é que eu já ouvi isso???
Apaga, anda...
" Seu perfil foi deletado
Não temos palavras...
Certamente enviaremos um email para o seu email especificado."
Versão de "podemos continuar a ser amigos?"
Foram as quatro ou cinco horas mais assustadoras da minha vida. Adeus, Badoo. Íris, ainda estou de olho em ti...
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!