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Toca a fazer as malinhas. E aprende uma coisa que eu ando a ouvir há alguns anos: tentar é falhar com dignidade. Será o mesmo que dizer que cair de cabeça levantada ou de cabeça baixa dói igualmente. E não é menos queda.
Quem acompanha este blogue saberá, eventualmente, que eu não sou de ligar a isso da selecção. Ontem, porém, foi um sofrer tal que até o processo de digestão, desabituado de fartos manjares, se fornicou de tal maneira que estive a dialogar toda a noite com o jantar. E a pessoa que vos escreve chegou ao ponto de desejar sinceramente que este moço falhasse a grande penalidade e, após o augurado falhanço, celebrou como um indígena chamando a chuva.
Sim, eu quis que o meu ruivo preferido conhecesse o sabor amargo da derrota. E para quê? PARA QUÊ?
Quando alguém te diz "Bom dia!", deves responder. De preferência com um sorriso. Se não conseguires, só o básico. E o básico é "Bom dia!". Ninguém é melhor, ou mais importante do que alguém. Excepto a pessoa que diz "Bom dia!" e que não leva resposta. Essa é melhor. Não há dia mau, não há problema, desilusão, tristeza, dinheiro ou hierarquia que nos permitam deixar um "Bom dia!" sem resposta. Educação. É o básico.
Nunca fui de sonhar com príncipes encantados. Nunca idealizei o homem que havia de ser o da minha vida. Ele não tinha de ser lindo de morrer. Ele não tinha de ser loiro. Ele não tinha de ter olhos desta ou daquela cor. Ele não tinha de ser alto. OK, aí pára tudo: ele também não podia ser baixo. Tive um momento Nicole-Kidman-quando-estava-casada-com-o-meia-leca-do-Tom-e-não-podia-usar-saltos aí quando tinha vinte anos e foi deprimente. Não por ele ser baixo, mas por me ter tentado levantar a mão uma vez. Foi um arzinho que se lhe deu, ao cabrão do minorca pseudo-espancador de mulheres. Voltando ao que interessa, nunca idealizei o homem ideal, perdoe-se a redundância. Ou não se perdoe, tanto me dá. Há, porém, uma coisa que eu sempre soube que não queria no homem que fosse dividir a vida comigo. Já lá vamos.
Um dia da semana passada não trabalhei e saí de casa às três e meia da tarde. O vizinho do lado estava, como sempre que o vejo, agarrado ao carro. O velho tem um Smart, nada contra, e passa os dias à volta do carro. Ele fecha a porta. Volta para trás e verifica se está fechada. Em estando, abre a porta com a chave e entra no carro. Senta-se ao volante. Chega o banco para trás (eu sei, eu já vi vezes suficientes para juntar as peças e saber o que ele faz, apesar de a ordem poder estar errada). Chega o banco para a frente. Arranja o retrovisor. Baixa o vidro. Sobe o vidro. Sai. Fecha a porta. Verifica se a porta está fechada. Em estando, abre-a. A do passageiro. Senta-se. Mete o banco para trás. E para a frente. Sai. Fecha a porta. Dá a volta. Abre a outra porta. Senta-se. Abre o capô. Sai. Fica a olhar para o motor. Fica a olhar para o motor. Fica a olhar para o motor. Fica a olhar para o motor. Fica a olhar para o motor. Fica a olhar para o motor. Fecha o capô. Fecha o carro. Verifica se está fechado. Entra novamente. L-i-m-p-a o guiador, o painel, e mais o que houver. Baixa o vidro. Sobe o vidro. Abre a porta. Fecha a porta. Verifica. Abre a "mala". Tira "tudo" lá de dentro. Limpa. Reagrupa "tudo" lá dentro.
(...)
Eram sete horas da tarde naquele dia, quando eu regressei a casa. Ele continuava no carro.
Tudo o que eu sempre quis num homem foi que ele não fosse um maluquinho do carro. Carro limpo, sim. Carro "amante"... não!
...eu estarei aqui para ti, Lucy. Sempre.
Acompanhei a declaração do vosso amor ao mundo, como se o mundo estivesse interessado. Foi há três anos. Quase. Depois houve a coisa de quererem vender o vosso amor ao mundo. E eu, Lucy, sempre lá. Até quando quiseste pôr os cães do Yannick com dono, Lucy, lá estava eu, para te lembrar que quem não respeita os animais não merece respeito de ninguém. Se eu tenho um especial prazer na tua desgraça, Lucy? Se eu embirro particularmente contigo, Lucy? Não, nem por isso. Para a pessoa que está por detrás deste ecrã, cuja única embirração contigo será a mesma que tem por todas as pessoas que precisam muito de mostrar ao mundo que estão apaixonadas e felizes, tanto faz se estás casada, solteira, se és feliz ou não. Regra geral quero que toda a gente seja feliz. Não por generosidade, apenas porque a vida me tem ensinado que as pessoas felizes têm menos tendência para (tentar) fod£r a vida aos outros. Já para o alter ego, Lucy, aquela que as letras aqui escritas reflectem, tu és um pratinho cheio. Depois da virgem Margarida (que, desde a efeméride não tem dado à costa), tu és a "figurinha pública" preferida do alter. Cada um com as suas manias, vá-se lá perceber...
Em honra da Lucy, das suas fadinhas e do seu amor que nunca mais ia acabar mas oooops, o final estava já ali, tentei arranjar a música da moda. Não ficou grande coisa, a métrica não é o meu forte, as rimas nem sempre saem bem, mas é uma coisa para a Lucy, caramba, se ela não se preocupa com os nomes das filhas, por que razão me havia eu de preocupar com a métrica?
Toda a gente sabe que as fadas são parvas
Deixam magias por fazer
E casamentos mesmo a arder.
São bem piores que larvas, bem piores que larvas.
Toda a gente sabe que as fadas são parvas.
Toda a gente sabe que as fadas são burras
Fazem merda, assustam-se e somem
Já vejo as coisas turvas.
E fiquei sem homem, e fiquei sem homem.
Toda a gente sabe que as fadas são burras.
Mas as fadinhas das outras não
Porque as fadinhas das outras são
Fruto de outra imaginação
Que não de um cérebro em putrefacção
Mágicas criaturas, com asinhas a bater
Que servem para fazer feitiços noutro casamento qualquer.
E tudo o que fadas não...
Tudo que as fadas não...
Tudo que as fadas não...
As fadinhas das outras são
As fadinhas das outras são.
Toda a gente sabe que as fadas são falsas
Escolhem-nos o gajo errado
Acertam mesmo ao lado.
E achava eu que usava calças, que usava calças.
Toda a gente sabe que as fadas são falsas.
Toda a gente sabe que as fadas são lendas
Fizeram-me casar com o urso
Não adiantou ganhar o concurso.
E fiquei sem prendas, eu fiquei sem prendas
Toda a gente sabe que as fadas são lendas
Mas as fadinhas das outras não
Porque as fadinhas das outras são
Fruto de outra imaginação
Que não de um cérebro em putrefacção
Mágicas criaturas, com asinhas a bater
Que servem para fazer feitiços noutro casamento qualquer.
E tudo o que fadas não...
Tudo que as fadas não...
Tudo que as fadas não...
As fadinhas das outras são
As fadinhas das outras são.
FIM
Lucy ama Yannick para sempre até à crise dos sete anos até ao dia.
Quando eu era miúda, mudamos de casa. Os meus pais compraram um terreno barato a uma tia da minha mãe e, durante mais de dois anos, canalizaram todo o dinheiro para a construção da casa de sonho deles. Na rua onde ainda hoje moram os meus pais, na altura, não havia grande coisa. Havia mais duas ou três casas, espalhadas aleatoriamente pela rua, um prédio que pertencia à tal tia da minha mãe, com quatro ou cinco arrendatários, e pouco mais. O dinheiro de uma vida, investido numa casa, foi dando para alguma coisa. Um piso térreo com cozinha e sala. Um primeiro andar com quartos. E um sótão, onde se realizaram festas de pijama, festas de anos, maratonas de estudo...
Quando nos mudamos, não conhecíamos ninguém na rua. Uma semana depois de lá vivermos, uma inquilina da minha tia queixou-se que a sobrinha dela tinha construído uma casa tão alta que lhe tapava o sol. Que não estava certo. Pouco tempo depois disso, eu ia a sair para as aulas e uma rapariga, aí com os seus dezoito anos, olha para mim e diz à mãe, bem alto: "uma casa tão bonita com uma macaca tão feia a viver lá!".
Vivi naquela casa dos 9 aos 25 anos. Durante esse tempo, foram crescendo, à sua volta, prédios, casas, lojas, tudo. Não me lembro muito frequentemente das duas histórias que conto acima. Mas ontem, quando ouvi Manuel José dizer "com um país que tem quase 16 por cento de desempregados, têm carros à porta para se irem embora para casa. Aquele aparato de carros de 250, 300, 400 mil euros ali à porta... Aquilo são pessoas que vivem num mundo irreal. Se vivem num mundo irreal, quem comanda tem de os chamar à pedra e tem de lhes indicar que é preciso respeitar as pessoas mais pobres. Aquilo é uma ofensa às pessoas mais pobres.", foi exactamente nisso que pensei. Porque a mesquinhez e a inveja daquelas pessoas que nos atacaram é exactamente a mesma que mostrou ter aquela criatura que nunca conseguiu ser nada em Portugal (uma Taça e uma Supertaça são conquistas ridículas, quando se acha ter tanta supremacia), e que se acha o Mourinho de África, ao dizer isto. À dele juntou-se a voz de Carlos Queiroz, outro ressabiado, outra "eterna promessa", outro "génio subvalorizado". Os jogadores não vivem num mundo irreal. Vivem no mundo real onde o dinheiro que eles ganham lhes permite viver. Eu tenho um carro mínimo, um T1 e levanto-me todos os dias às sete de manhã para ir trabalhar. Fico no trabalho, pelo menos, 10 horas. Quando regresso a casa trago o computador e trabalho um pouco mais. Se gostava de ter uma casa de 1 milhão de euro, trabalhar menos e ganhar mais? Claro que gostava. Também gostava de ir à Costa Rica e de dar uma volta ao mundo. Mas não posso. Se fico magoada ou ofendida por haver quem possa? Não fico. Se me choca que haja uma taxa de desemprego vergonhosa neste país? Choca-me. Se vou mudar a minha vida para não ofender os desempregados? Não. Se vou comprar menos sapatos porque há desempregados? Não. Se vou viajar menos porque há muito desemprego? Não. Achar que os jogadores têm de limitar a sua vida para não ofenderem o país é fraquinho. Mesmo no campo da demagogia, é uma coisa assim para o mau.
Esclarecimento 1º:
Não tenho, nem nunca tive, pêlos espalhados por todo o corpo, incluindo a cara. Não cato piolhos da cabeça e não sou, nem de perto nem de longe, parecida com um símio.
Esclarecimento 2º:
Todo este sururu em volta da selecção, transmissões em directo, saber o que comem, a que horas acordam, se passearam de carrinho de golfe, o que pensam as mulheres, as mães, os amigos, se saíram de Portugal com atraso, a que horas chegou o avião e se está frio lá em Opalenica também me irrita. Acho demasiado, maçador, desinteressante e até um bocadinho parvo. Mas é como a "Casa dos Segredos" - se insistem no tema é porque ele interessa a alguém. Se não fosse o "circo", ninguém ia pedir opiniões a Manuel José. E ele não ia poder reclamar do circo. Chega a ser curioso, não?
Hoje saí com a cadela. Fomos dar um pequeno passeio pelas redondezas. Pequeno porque, apesar de tentar aplicar todos os truques de passeio explicados por Cesar Millan sinto que, a precisar do braço por mais alguns anos, os passeios não podem ser assim coisas muito grandes.
Embora eu sonhe acordada com um buldogue francês, digo-vos (ainda que me assuma como suspeita e parcial neste caso), que o raio da cadela é das coisas mais bonitas que por aqui passeia e que pelo menos uma em cada três pessoas, crescidas ou pequenas, sentem o impulso de lhe passar a mão pelo pêlo enquanto justificam o "abuso" com um "É mesmo igual ao Max, da TVI". E limpinha que ela só, só não vos mostro as toalhitas usadas porque ela, tendencialmente, as come. Ora esclarecida que está esta parte, conto o final do passeio: uma criaturinha pequena aponta para ela e diz:
- Morde?
Eu respondi, pela quinquagésima vez naquele passeio:
- Não, não morde.
- Mas ferra!
(Não perguntem. Eu também acho que o estado da educação no país não é dos melhores)
- Não, não ferra.
Vai daí, estava o miúdo de mão já esticada para fazer festas à cadela quando, a correr lá de longe vem uma senhora loira (se bem que com umas enormes raízes a puxar para o preto), com as mamas a saltar ferozmente dentro de um decote demasiado ousado e, conseguindo não cair naqueles saltos brancos, grita:
- Não mexas no cão!
O puto assustou-se, eu olhei (incrédula) e ela continuou a correr. Tivesse eu processado a coisa como devia e teria percebido que tinha acontecido ali um milagre: a vaca gaja senhora conseguiu que nenhuma das mamas (pareciam ser aí umas quinze!) saísse do top. Quase em cima de nós, voltou a gritar:
- Não mexas no cão. Os cães têm doenças!
É agora a melhor altura para informar que esta que vos escreve é hoje uma pessoa mais serena. Muito mais calma e ponderada. Esta que vos escreve hoje não respondeu, como poderia ter feito no passado:
- Eu é que não deixava que o seu filho tocasse na minha cadela!
Ou então:
- Antes ter doenças do que parecer uma puta meretriz!
Até porque isso ia apenas ofender/ chocar a criança que, coitadinha, só peca por não saber o que são sinónimos.
Como estou mais calma, um autêntico poço de serenidade, olhei para a senhora, de cadela em riste (dá tanto jeito), e lá lhe disse:
- Pode haver aqui quem tenha doenças, mas não há-de ser a cadela. Não tem doenças e, pelo que vejo, tem o pêlo mais bem tratado.
Mas porque é que aquela vacarrona vem aos gritos dizer que os cães têm doenças? Eu percebo a finalidade: evitar que o puto seja mordido (ou pior!) ferrado por um cão qualquer. Compreendo que nenhuma mãe queira ver os filhos a mexer em tudo quanto é cão. A minha mãe não queria. Nunca lhe correu muito bem mas, felizmente (e com muita sorte, eu sei) , sempre me correu bem a mim. Mas é mesmo necessário dizer que os cães têm doenças? Que mais dirá aquela mãe ao puto? Que a masturbação provoca cegueira? Que o chocolate faz cair os dentes? Que roer as unhas provoca apendicite? E que tal a verdade? Dá muito trabalho, não é? Alguns cães, eventualmente, têm doenças. Tal como algumas pessoas têm cabelo pintado e usam tops sem ficarem a parecer prostitutas de beira de estrada. Só não era o caso, ali.
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!