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Eu sou sempre aquela que não acredita nas profecias. Afinal, se o mundo não acabar, eu vou ter razão. Se acabar, não estará cá ninguém para me dizer que eu estava errada.
Ai, Álvaro... Às vezes eu gostava de ser menos cínica. Menos céptica. Gostava de, por exemplo, olhar para ti, Álvaro, e achar que tu pareces um burgesso. Só. Do género 'o tipo parece um burgesso, mas vai-se a ver, e é um tipo cheio de ideias boas'. Mas não, Álvaro. Tu és o Álvaro, um tipo que parece um burgesso e que é um burgesso. What you see Is what you get. Então, Álvaro, tu achas que a Europa, essa maricas, está demasiado preocupada com isso do ambiente, não é? Vamos lá abrir as portas à poluição, se isso nos trouxer indústria. E o meu antigo Mazda 818, que tal, Álvaro? Achas que podemos fazer-nos transportar todos em Mazdas 818? Melhor.... E se produzíssemos Mazdas 818? Isso é que era! Então ficamos assim, vamos lá trazer indústrias poluentes para Portugal. Esses imbecis dos gajos da Europa, com a mania da coisa do ambiente, e isso, que se lixem. Afinal, segundo o Álvaro, as regras da União Europeia só fazem com que as indústrias se instalem em outros locais. E isso é na mesma mau para o ambiente. Por isso, se alguém vai dar cabo disto tudo e vai, porque é que não podemos ser nós? "O ministro considerou também que, muitas vezes, a UE, “ao impor regras extremamente difíceis às nossas empresas e incentivando a deslocalização para outras áreas do globo onde estas regras não existem, contribui, por exemplo, para o agravamento das alterações climáticas, e muitas vezes para que a protecção (social) dos trabalhadores não aconteça”." Por exemplo, amanhã, quando eu passar à porta de um banco, vou assaltá-lo. Afinal, caramba, o banco eventualmente irá ser assaltado, mais vale que seja eu. "A Europa tem que flexibilizar algumas das suas regras. Muitas vezes, a Europa está mais preocupada em manter regras muito fundamentalistas, que prejudicam a nossa indústria e prejudicam o nosso emprego”, disse o ministro aos jornalistas.". Parvos, esses tipos da Europa. Preocupados com coisas como a saúde pública. Ou a qualidade de vida. Esses fundamentalistas da treta! LOL, diz o Álvaro enquanto olha para as regras estúpidas que visam proteger o ambiente e o ar que todos respiramos. Vamos ser a China! Ou a Mongólia. Vamos ser a Mongólia, por favor!... Vamos passar a usar carvão como combustível, vamos, Álvaro? Vamos ignorar isso dos serviços, isso não é vida para país nenhum que se preze, e agarrar a indústria. Por mim, Álvaro, quanto mais poluente melhor. Vamos atirar-nos de cabeça à industria poluente, vamos ganhar asma, cancro nos pulmões e vamos atirar-nos de cabeça às bronquites. Vamos comer com as mãos e mostrar a esses idiotas dos gajos da Europa, que insistem em usar talheres, que nós é que sabemos. E vamos cuspir para o chão. Assim sempre garantimos o emprego dos senhores que limpam as ruas. E, já que estamos no bom caminho, vamos abandonar os animais, o que achas, Álvaro? Se não formos nós, outros irão fazê-lo. E mas vale sermos nós, não é? Pelo menos garantimos os empregos dos senhores dos canis. Às vezes, Álvaro, tenho pena de viver neste país que não sabe nada das coisas. Tenho pena que o mundo não olhe para ti, Álvaro, e perceba o que é um gajo à séria. Um político português. Um what you see Is what you get. And what you get is... Um burgesso.
Aqui.
Do topo dos meus recém completados 35 anos, atrevo-me a dizer que sou feliz. Não sou contente, não baralhem isto tudo. Sou feliz. As pessoas como eu não estão contentes com nada. Isso significaria que me contentava. E eu não me contento com nada, sou rapariga chata de assentar. Mas sou feliz, e acharia absurdo uma pessoa que tem o que eu tenho não assumir que é feliz. Sou feliz e, olhando para a minha vida, não concebo dizer outra coisa. Acordo todos os dias - vá, não será todos os dias - ao lado de alguém que amo e que me ama de volta. Sou tratada como uma princesa. Tenho um trabalho que adoro e um emprego que respeito. Trabalho com gente que me reconhece valor. Vejo a minha equipa crescer. Hoje melhores que ontem. Nós. Juntos. Visito sítios fantásticos. Conheço gente enorme. Já bati boca com Morrisey e já gritei com o Manager dos Scorpions (ganhei). Apanhei boleia do Vincent Galo. Fiz um favor ao Mick Jagger. E outro ao Peter Murphy. Dei uma mãozinha ao Ronaldo e já tive conversa de elevador com Keith Richards. Paguei um café ao Billy Corgan. Fiquei fascinada com Fidel Castro e a Rainha Sofia. Jantei no Castelo de Praga. Visitei a fábrica da Ferrari. Fiz tanto que, olhando para trás, tenho de estar feliz. Contente? Isso não. Há tanto ainda para fazer...
Há três anos, quando celebrei o meu aniversário, a minha mãe corria risco de vida. De ficar paralisada. Hoje, não tendo dado uma tareia ao cancro, a minha mãe está bem. Tenho uma sobrinha linda. Um irmão que sempre foi um amigo. Tenho a minha avó preferida. Tenho um pai que, também ele, me trata como uma princesa. Gosto de mim. Gosto de me lembrar da minha infância. Feliz. Até da minha adolescência. Que não me fez feliz, mas que me deixou preparada para reconhecer a felicidade, um bocadinho à frente.
Sou feliz quando escrevo. Quando escrevo no blogue, para uma audiência que não conheço e que me é tão próxima. Quando escrevo pequenos apontamentos, histórias desencontradas que, talvez um dia, venham a ser um - mais um - livro. Fui feliz quando publiquei um livro. Não estou contente, porque se não fosse uma preguiçosa, talvez tivesse escrito mais.
Sou feliz e sei que há muita gente que não o é. Uns porque não o podem ser, obviamente. A vida não os trata bem. Outros porque não querem. Porque acham que, para serem felizes, têm de estar contentes. Eu não. Eu sou feliz. Uma eterna descontente, mas feliz. Porque a vida, em geral, me trata bem. E eu gosto dela. Tal como ela é? Não, claro. Há sempre margem para melhorar, quando não se é "contente".
Chegamos, eu e o blogue, mais frescos aos 35.
Quando estamos, na vida, com crises existenciais, cortamos o cabelo. Pois o meu cabelo nunca esteve tão bonito e a vontade que tenho de o cortar é zero. Mas o "cabelo" do blogue... isso já é toda uma outra conversa. Assim sendo, cortamos com o passado, agarrando a parte gira daquilo que está no passado. Ou não. Estranho? Nem por isso. Para começar, um agradecimento ao Pedro que, pacientemente, encontrou um look, mudou parte do look a pedido, mudou o look outra vez, meteu um cão, meteu a mala, tirou a mala.... enfim, vocês não queriam ter sido o Pedro nos últimos tempos. Mas cá estamos - e isso é que importa - com um novo look todo catita para o blog.
Primeiro temos uma Pin-up. E se o meu alter ego podia ser outra coisa? Não. Coxa cheiinha, bracinhos no ar... é mesmo o meu alter, sem tirar nem pôr (de referir que - esta nem o Pedro sabe - convivo com uma cadeira igualzinha a esta onde o alter está sentado, mas branca, todos os dias. Faz todo o sentido que a do alter seja vermelha. Depois há o buldogue francês, bichinho mais querido do mundo que não existe na minha vida real mas que há-de aparecer por aí um dia destes, tenho fé. E as malas, da Girl que vai Everywhere? LV, claro. Pin-up que é Pin-up e que se mostra esparramada de coxa de fora num sofá não sacará menos do que um jogador da bola. E esses, nós sabemos, só se passeiam de LV.
Portanto, em resumo, deixem lá o Google Reader e venham ao blogue espreitar a nova cara, que está bem jeitosa. E a Pin-up também não é nenhum trambolho.
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!