por Bad Girl, em 12.10.13
Suponham que VOCÊS estão doentes e que VOCÊS são internados, e que VOCÊS precisam de ser o centro das atenções pelas razões óbvias.
Imaginem que a vossa querida mãe vos vai ver ao hospital e que todas as enfermeiras (os), auxiliares e voluntárias(os) que vão na vossa direcção para vos prestarem os cuidados necessários batem os olhos nela e dizem:
- Eu conheço a sua cara.
- Pois, já estive aqui internada.
- Bem me parecia. E como está?
Blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá...
Hello!?! Pessoa doente na caminha de pijama, não na cadeira de vestidinho e toda janota. Pft!
por Bad Girl, em 11.10.13
Vocês achavam que isto estava a correr muito bem, que o bicho estava mais para lá do que para cá, a pedir clemência de tanto levar na boca ridícula que tem, e já me imaginavam em braços, vitoriosa, a pegar no bicho pelo rabo e a rir-me ironicamente. É natural que vocês achassem isso. Eu também. Até há coisa de dois dias, quando me anteciparam a consulta de fim de ciclo e me disseram que viesse preparada para um possível internamento. Acrescentaram um delicioso "mas não fique alarmada", o que me fez ficar imediatamente relaxada e zen, claro. Se calhar têm um produto novo ao nível dos alojamentos, que pretendem que eu experimente, vamos lá a isso e sem alarmes nenhuns.
Posto isto, e como não quero alarmar-vos, cá salto para o "actualmente" da história, que está a ser escrito de uma cama do IPO, onde me encontro internada. Alarmados? Não fiquem... Conto-vos uma espécie de uma graçola para aligeirar o ambiente: hoje, na consulta, a médica já não me disse para não engravidar. Mas internou-me, que isto nunca confiando nas marotas das pacientes. E uma ironia que, não sendo das mais finas que o universo tem para oferecer, não deixa o ser: estou na mesma cama em que a minha mãe esteve em Maio. Suponho que os lençóis sejam outros.
Adiante, ao que interessa: nos primeiros tratamentos tudo muito bem, porradinha no bicho, já se sabe, no segundo round o bicho começou a ripostar. E nós isso não queremos. Vai daí, toca a dar mais drogas à Bad, chamemos-lhe "dose equina" e - muita droga, muito tempo - ficas aqui internada para levar com ela em bom. A coisa acaba amanhã, sendo que acabar é uma liberdade poética minha, pois adivinhem lá de onde vos escreverei daqui por duas semanas? Uma pista: tem drogas. Quem respondeu "casa do Maradona" não esteve, claramente, atento ao post. Quem não esteve atento até agora também não vale a pena maçar-se, o que vem a seguir não é a melhor parte.
Hoje escrevo-vos chateada. Sim, hoje fiquei chateada (fodida, mesmo), já chorei um bocadinho (três ou quatro bocadinhos, vá), já achei que não ia aguentar esta merda, agora que o tratamento é a doer e vem com todos os "brindes" que eu não queria (suponho que não há quem queira, mas o post é em meu nome, não vou falar pelos outros). Já perguntei "porquê eu?", mas depois pensei "porque raios não eu?", a puta da doença não escolhe só os mauzinhos, isto não são medalhas de demérito, por isso tens duas horas para te fazer mulher e deixar-te de mariquices, que já viste que nem um buldogue francês consegues por te armares em maricas pé de salsa. Cansada. Hoje estou cansada de ter força, sei que é isso que esperam de mim, eu própria espero isso de mim, hoje fechei o consultório, não vou estar com paninhos quentes e preocupar-me em dar força aos outros, que se foda tudo só por um bocadinho, amanhã quando sair daqui logo volto a ser eu, e ainda vos relato o experiência que é partilhar o quarto com três velhas, duas a dormir (é o equivalente a estar numa fábrica de testes da Zundapp) e outra a queixar-se, a chamar Jesus e a reclamar com as enfermeiras que está cheia de dores e que ninguém a ajuda. Sendo que a única pessoa que ela chamou foi Jesus, esse, eu confirmo, não apareceu.
Bem, que seja uma noite curta para mim, sim? Os que puderem sair por mim, façam o favor de se divertir. E façam o amor, por favor, vocês façam o amor sempre que puderem, que é para compensar os que estão internados e não podem. Nesta enfermaria devo ser só eu a queixar-me disso, presumo.
por Bad Girl, em 04.10.13
... Quer desejar a todos um Feliz dia do Animal.

Para além disso, ela quer também dizer que adorava que todos os animais fossem tão felizes como ela. E tão exageradamente bem tratados como ela. E quer também dizer que deseja que, ainda que algum animal seja histérico, carente, pedinchão, depressivo e chato, mas mesmo muito chato, como ela, tenha uma vida feliz. Porque ela tem. E nós também. Com ela.
por Bad Girl, em 01.10.13
Na tarde que tivemos livre eu fiquei pelo hotel a descansar e a grega foi fazer vela (com o italiano, o italiano que ainda não era gay, que ainda tinha um sorriso lindo e com o qual ela já imaginava um "big fat Greek wedding"...) num mar um pouco revolto. Enjoou. Do italiano também, foi mais ou menos nessa altura. Imediatamente antes do jantar, "ai não aguento, ai não vou comer, estou tão enjoada, e olhem para mim, olhem para mim, que mal que eu estou, carinho, atenção, por favor":
- Sabes que, na Grécia, quando uma pessoa está bem e, de repente, fica mal, diz-se que tem mau-olhado. Vocês em Portugal também têm mau-olhado?
- Temos. Mas quando estamos bem, vamos andar de barco e enjoamos, dizemos que é disso.
Não é má rapariga, a minha amiga grega, mas não é assim a pessoa mais iluminada do mundo...