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Já lá para Fevereiro ou Março, as resoluções do novo ano não têm de se tomar no virar do mesmo (digo eu), chegou a minha avaliação de desempenho. E eu achei que sim, vamos lá a isto! Nem é preciso (sequer) o teu chefe pesar nessa avaliação o facto de teres trabalhado dez meses com o mundo às costas, teres feito duas cirurgias e ciclos inteiros de quimioterapia sem nunca teres metido um dia de baixa. Não vale a pena ele considerar que foi “simpático” da tua parte teres atendido o telefone e respondido a emails antes, durante e depois de sessões de quimioterapia e transfusões. Não precisas de nada disso. Se estavas lá (e nem sequer cancelaste viagens de trabalho) é porque conseguias lá estar. Indiscutível. O que importa mesmo nesta avaliação (pensas tu), condições pessoais à parte, é que tu e a tua equipa atingiram o objectivo. Feito pequeno que ninguém havia levado a cabo nos dez anos anteriores, certamente porque isso era apenas e só uma coisa de meninos. E então tu sentas-te em frente àquela anémona, à espera da constatação do óbvio: muitos parabéns, não só atingiste como ultrapassaste o objectivo, pega lá um 4 (eu sabia que não ia ter um 5 porque, vá, o homem é uma anémona). E ele então abre a caixinha das surpresas ali mesmo à tua frente, e dá-te um 3. Uma merda de um suficiente. E eu até aceito que não me dê o excelente. Há sempre margem para crescer, mas um suficiente…? A razão? 10% acima do orçamento não é bem aciiiiiimmmmma do orçamento e, convenhamos, fazer o orçamento é o teu trabalho. E fazer o teu trabalho, toda a gente sabe, é suficiente. E foi ali, naquele dia, que me caiu mais uma inconsciente resolução de novo ano. Não era a de procurar indiscriminada e avidamente um outro emprego. Era a de pôr-me a jeito para encontrar um novo chefe. Porque as anémonas, claramente, não são bons líderes.
Está-se bem no meu novo emprego.
No ano passado não me permiti a resoluções. Conscientes. Não desejei ficar mais magra (ainda bem, porque não fiquei e é menos uma desculpa que tenho de dar) nem poupar mais, não ambicionei uma volta ao mundo ou uma mudança radical de vida. As resoluções são diferentes quando estamos doentes. Resolvemos que queremos ficar bem. Resolvemos que queremos voltar a ter cabelo. Resolvemos que queremos parar de passar horas infinitas a fazer quimioterapia. Mas resolvemos isso sem fazer nenhuma resolução. Sem verbalizar. Sem apontar num caderninho. Sem, sequer, pensar nisso como uma resolução. No balanço de 2014 concluo que, ao longo do ano, fiz duas resoluções. Ainda que não sabendo, nesse momento, que estava a fazê-las. A resolução primeira remonta ao final de 2013 ou início de 2014. Após uma daquelas maratonas de 16 horas de quimioterapia (que já me parecem tão distantes), fui comprar uma droga qualquer à minha segunda farmácia preferida (que é a Barreiros, a primeira é a Costa Lima, agora já sabem - não, o post não é patrocinado). De gorro na cabeça, penso na mão, cansada e com algum incómodo no corpo, tirei a senha e esperei. Logo a seguir entrou um casal, ambos muito porcos, cabelos nojentos, roupas sujas, cheiro mau, ela grávida, ele a tratá-la abaixo de cão, um palavrão atrás do outro, ela a ripostar à letra, a chamar muitas coisas muito feias ao pai daquela criança que ela carregava. E eu não pude deixar de olhar, sentir algum rancor, pensar que aquela criança ia nascer daqueles pais enquanto a minha gravidez me tinha premiado com um cancro. Senti-me injustiçada. Senti-me mais merecedora de ter um filho do que aqueles que ali estavam. Depois, logo depois, decidi que não era essa a pessoa que eu queria ser. Resolução de novo ano (dia), logo ali. E não voltei a ser essa pessoa.
Dia 1:
Olha um urso. Será que isto é um urso? Cavalo sei que não é, tem pelo e eu já ouvi dizer que os ursos têm dentes muito grandes. Por isso, só pode ser um urso. A cheirar-me o rabo? Quero lá saber, quero colo.
*
Estás a olhar para mim, urso? Vou-te lamber o nariz. Nunca provei um urso. Olha, está a olhar para mim de lado. Estou tão mal disposta. Está aqui um cheiro esquisito. Terá sido o urso?
Dia 2:
Onde vais, urso? Não queres ser meu amigo? Não me cheires o rabo, caramba, que mania. Vou-te lamber o nariz. E saltar. E correr. Olha, um sofá. Olha um enfeite de Natal. Olha uma cadeira. Olha uma pessoa. Colo. Dás-me colo? Não? Olha outra vez um sofá. Olha uma mesa. Vou correr à volta da mesa. Uma vez. Vrrrruuuummmm. Duas vezes. Vruuuuuuummmmm. Isto é giro. Não vens, urso? Estás a olhar para mim de lado? Que mania. Estou outra vez tão mal disposta. Cheira mal aqui. Terá sido o urso?
Dia 3:
Mimos, dá-me mimos. Porque é que o urso me está a roubar os mimos? Uma mão para cada uma? As duas mãos. Quero as duas mãos para mim! Larguem o urso!... Estou a ficar mal disposta, cheira outra vez mal aqui. Esta casa deve ter um problema. Ou é isso ou é o urso.
Dia 4:
Ai, tenho asas nos pés, tenho asas, ai tenho asas nos pés. E salto. E salto. E salto. E salto. Outra vez este cheiro esquisito. Deve ser o urso, que já nem se vai embora.
Dia 5:
Olha um sofá. Deixem-me subir. Oh, só um bocadinho. Olha uma coisa vermelha e quentinha. Faz barulhinhos, que giro. Vou-me chegar a isto. Mais um bocadinho… Mais… Mais… Fod@-se.
Dia 6:
Olha, o urso também ladra. Afinal entendemo-nos. E salta. Também terá asas nos pés? Pronto, lá está aquele cheiro estranho outra vez.
Dia 7:
Sabes como é que era quentinho? Se dormíssemos juntas. Olha eu a chegar-me. Mais. Mais… Olha, foi-se embora. Deve ser por causa deste cheiro.
Dia 1:
Olha um rato. Eu gosto de ratos? Gatos eu sei que não, mas ratos? Quero lá saber, vou dormir, quando acordar o rato já foi.
*
O rato ladra? O rato ainda cá está? Porque é que rato tem um colchão só para ele? Mamas! O rato tem mamas! E dá puns.
Dia 2:
O rato vai-se embora! O rato vai-se embora! O rato vai-se embora! O rato vai-se embora! O rato vai-se embora! Ainda cá estás? Vou-me embora, a sala é demasiado pequena para nós. Para além do mais, o rato dá puns.
Dia 3:
Mimos, dá-me mimos. Porque é que o rato me está a roubar os mimos? Uma mão para cada uma? As duas mãos. Quero as duas mãos para mim! Larguem o rato!... Vou para o meu colchão, cheira mal aqui.
Dia 4:
OMG! Isto ainda cá está? Outro pum. Caramba, como é que uma coisinha miserável destas consegue fazer isto? Bem, da sala não saio, quero lá saber.
Dia 5:
Bem, devo assumir que isto vai cá ficar, é isso? Mudem-lhe a ração, mas é.
Dia 6:
Estás a ladrar? Também ladro. Estás a saltar? Também salto. Puns não, que eu sou uma pastora alemã, tenho familiares na polícia, não sou um rato.
Dia 7:
Está beeeeeeemmmmmmm. Podemos partilhar a sala. Mas não dês puns. Oh... tarde de mais.
Durante anos, muitos anos, demasiados anos, odiei o Natal. O meu pai não era (ainda não é, mas já melhorou substancialmente) uma pessoa bem disposta. O meu pai era uma pessoa que passava um ano inteiro sem se rir, que exigia muito de nós, para quem suficiente era isso mesmo, bom já não era tão pouco interessante mas ainda não era excelente e excelente, pois então, era a nossa obrigação. Na escola, nos dias, na vida. Ora havia, porém, um dia em que o meu pai sorria. Não conhecesse eu a pessoa em questão e diria que ali estava uma pessoa que levava os seus dias de "taxa arreganhada". Esse dia era o dia de Natal, quando os meus avós maternos vinham da terra e lá em casa era tudo sorrisos, só dentinhos à mostra. Nunca disse ao meu pai, agora já não teria interesse nenhum e eu também lá me resolvi sozinha mais para trás, que talvez essa fosse a razão de eu nunca ter nutrido um sentimento especial pelos meus avós paternos. Sim senhores, eles lá estavam, e eu respeitava-os, mas amor? Não, isso tenho a certeza que nunca tive. Talvez fosse a distância. Geográfica. Afectiva. De personalidades. Talvez fosse o Natal. Ou, se calhar, até era isso tudo e mais algumas coisas pelo meio. Mas, ao que interessa, que os senhores já não se encontram entre nós e eu (já) não lhes guardo mágoa nenhuma... Dizia eu que o Natal era uma treta, e que eu ficava a torcer para que aquilo passasse rápido, e que assim foi durante muitos anos. Depois veio a minha sobrinha, a alegria no Natal, e depois havia sorrisos todo o ano (ainda que de quando em vez, que é coisa que pode fazer mal às pessoas, se usado sem moderação), e eu achei que não havia de voltar a fazer fretes no Natal. Mas depois chegou MQT e nós escolhemos os homens mas não as famílias deles, e agora vamos os dois fazer um frete porque é suposto o Natal ser uma altura de paz e amor e as pessoas têm a mania de confundir isso com hipocrisia e de acharem que os outros vão esquecer num dia a merda que fizeram num ano (ou dois) e eu já lhe disse que tudo bem, havemos de nos sentar no sofá aos beijos porque o Natal pode continuar a ser sobre o amor e as nossas pessoas e que há-de passar rápido e que, no dia seguinte, havemos de ir a casa dos meus pais onde o meu pai o receberá com um sorriso não muito aberto mas sincero e aí sim, o Natal vai ser como deve ser.
Um dia, há muito tempo, naquilo que podia ter sido outra vida, havia uma cliente que vendeu a um cliente e fez merda. Ora como qualquer intermediário que se preze, a cliente que fez merda tentou simpaticamente deixar o prejuízo para o fornecedor, representado aqui nesta história por esta que vos escreve. Ora a pessoa que vendeu à cliente que fez merda e que era subordinada desta que vos escreve disse à cliente que fez merda por diversas vezes e das mais variadas formas que não havia nada a fazer, que o erro foi dela e que lhe cabia a ela assumi-lo, junto com o prejuízo, mas a cliente insistia e persistia, mesmo depois de a subordinada, autorizada por esta que vos escreve, lhe ter dito que tudo bem, somos amigos e, para que no futuro continuemos a sê-lo, fica ela com metade do prejuízo e nós com a outra metade. Qualquer outra imbecil que tivesse feito merda ia ficar contente, mas não aquela burra, que não queria de todo assumir o seu erro perante quem lhe pagava o salário, digo eu que por não ser o primeiro. Ninguém competente trabalha assim. Ora neste vai mail, vem mail, ela insistia que o prejuízo havia de ser nosso, eu estou em cópia no email, penso em dar-lhe a machadada final e faço "responder" e depois penso que não, não vou ainda rebentar com ela, tenciono mandar um mail para a funcionária que está mais tonta do que uma barata por causa da coisa do empowerment e isso, mas não descarto a resposta e acho que reencaminho, dizendo "esta choradeira já me está a enervar, diz-lhe que esta é a nossa posição final e que já estamos a fazer mais do que devíamos, se ela não está contente podemos sempre voltar ao início." E vai de enviar. Percebo que mandei para ela tarde demais, quando vejo o recibo de leitura. O telefone toca e é a criatura, que junta à incompetência o estado de ofendida, que ai, ai que aquele email é ofensivo, e eu explico que ela pode estar ofendida, que o email não era para ela e era sobre ela, sim senhora, que o tom é informal e interno, que foi para ela por erro, que a forma podia estar errada mas que o conteúdo estava certíssimo. Ela amuou e meteu a viola ao saco, nunca mais se falou no assunto. Às vezes é assim, as pessoas precisam de perceber que quando alguém lhes dá a mão devem ficar satisfeitas e não devem nunca querer agarrar o braço. Odeio gente abusada.
A partir de 01 de Janeiro de 2015 já não é 2014. Quem fez uma declaração de interesses no Facebook por causa do Facebook fez, quem não fez, não fez. E isso, parecendo que não, não faz qualquer diferença. O Facebook vai instalar um software perigoso que pode roubar a tua identidade, dar acesso a estranhos às tuas fotografias e vai permitir que montes de gente saiba o que comes, onde vais, o que compraste e o que ganhaste no Natal. Chama-se a isso "amigos" e não vai desaparecer porque escreveste uma coisa estúpida no teu mural. Quero avisar a administração do Facebook, funcionários e pessoas em geral que alguma vez tiveram ou aspiraram ter uma conta no Facebook que isto não é a da Joana. Querem partilhar fotografias que eu saquei de um site qualquer? Têm de pedir. De preferência de joelhos. A violação da minha privacidade exposta ao mundo através do Faceebook está proibida pela lei coisinha 123-456-789 da Morrinhanha de Cima. Agora que já registei esta declaração já posso estar à vontade. O mesmo já não se pode dizer do CEO do Facebook que, claramente, está borradinho de medo.
Gostava muito de começar este post com um "Caro José Magalhães", mas isso significaria que o destinatário deste me merecia algum tipo de consideração. Não me importava de começar este post com um "Sr. José Magalhães", mas o respeito é uma coisa que se conquista. Vai um "Deputado José Magalhães" porque sim, é o que é, não está lá graças a mim, mas está lá. Num cargo público, que merece respeito e que obriga (acho eu, mas que raios sei eu, sou uma pessoa com educação...) a uma conduta irrepreensível. Ora dizia eu, deputado José Magalhães, que li a sua reacção ao comentário de ontem do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa. Ao que parece (não vi, tinha outros afazeres) o Prof. Marcelo leu uma carta de uma adolescente (contribuinte? Filha de contribuintes? Seus patrões, portanto) que se sentiu ofendida com o que viu na Assembleia da República. Não sei se a adolescente escreve tão mal quanto o deputado, com abreviaturas infantis, mas sei que a adolescente quis expressar o seu choque. Um direito que lhe assiste, julgo. O que me parece descabida, desajustada e sobredimensionada é a reacção do deputado, que se pôs logo numa fona, sem tempo de escrever palavras por extenso, a explicar os lugares, o campo de visão, a chamar mentirosa à adolescente (criança, diz ele, para subjugar). E, não bastasse isso para me preocupar, eis que o senhor deputado decide ambicionar à escrita de guiões para Os Malucos do Riso, usando a brejeirice como arma de arremesso. E é então que se leem pérolas como estas, vindas de quem é pago por nós (na minha equipa já tinhas ido com os suínos...):
"Curioso Tb porque malta a ver tipas avantajadas"; "insuspeita de mirar tipas avantajadas no plenário" - frase de um concorrente da Casa dos Segredos? Não. De um deputado.
"Deputados a falar ao telefone: admito que a criança possa ter visto disso, mas deviam ter-lhe explicado que a AR não é uma igreja, nem um retiro, nem uma aula." - Se calhar tiveram a ousadia de dizer à criança que ali as pessoas discutiam e traçavam os destinos do país...
"a aluna existe mas tem estrabismo ou ambliopia" - parece a primária: és feia, não brinco contigo.
"Finalmente mesmo uma Sra muito avantajada dificilmente se distingue de uma banana , quando vista das galerias." - punchline 1, leve piscar de olho ao Guilherme Leite.
"PS: Marcelo parece ter um problema com as Sras avantajadas. Protesto! Além de estarem na moda têm direito a não ser discriminadas." - punchline 2, se não for os Malucos do Riso, há-de ser os Batanetes...
Em suma, deputado José Magalhães, a velocidade de reacção preocupa-me, a pobre gramática e o léxico anorético chocam-me e a ofensa fácil e infantil aguça-me a curiosidade: o deputado sabe que deve respeito a todos os cidadãos, seus empregadores, ou para si aquilo que faz é tudo uma enorme piada?
Declaração de José Magalhães na íntegra e não editada (Deus nos ajude!)
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!