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Nove anos. No-ve! Caramba, nove anos. Este blogue faz hoje nove anos. Estou extasiada. Lembro-me do dia em que comecei este blogue, uma aventura privada com janela para o mundo. E que mundo esse... Nos primeiros anos, ainda incauta, tive alguns dias miseráveis graças a ele. Insultos, ameaças, perseguições. Leves. Passageiras. No fundo, e contas feitas a estes nove (nove???) anos, este blogue trouxe-me coisas tão boas, tão grandes, tão importantes que celebro este aniversário com uma gratidão imensa. Nunca pensei que palavras, umas atrás das outras, trouxessem tantas coisa boas a uma vida. Já disse aqui, muitas vezes, em vários momentos, que sou uma pessoa feliz. Tenho os meus dias maus, pois tenho, não sou nenhuma pateta. Mas sou feliz. E este blogue faz parte da minha felicidade. Sei que, ultimamente, não lhe tenho dado tanto como gostaria. Cresci, nestes nove anos. Mas os dias não cresceram comigo. E, às vezes, não me sobra tempo. Também há o Facebook, esse que rouba os posts mais curtos. Há muita coisa que me afasta do blogue mais do que gostaria. Mas, no fim do dia, há sobretudo uma alegria enorme por saber que, desse lado, estão vocês. A todos os que nos últimos nove anos passaram por aqui, aos que ainda passam, aos que já não passam, o meu sincero, sentido, enorme...
A minha cadela pequena é branca. Dona de um pêlo que tem tanto de branco como de ralo que faz com que, em havendo sol, a minha cadela mais nova regresse do jardim como uma adolescente inglesa de férias no Algarve, dona de uma carinha escarlate que faz afronta ao tomate mais maduro da horta. Confrontada com tamanha raridade, a veterinária despacha-me com um "os cães brancos são todos assim, adoram o sol" e eu, dona extremosa de uma cadela com síndrome de lagartixa, pergunto se ela não vai padecer de um mal qualquer depois de me chegar a casa cheia de escaldões e a veterinária diz-me que é besuntá-la com protector. E eu, pronto, espalho nas mãos o cheiro a férias e lá a protejo dos raios ultra-violetas e demais perigos solares. À primeira ela lá veio, intrigada, odeia cremes e banhos e coisas que cheirem bem. A partir da segunda vez tem sido uma corrida, é só ver-me de creme na mão e foge, esconde-se, dá saltinhos para trás. Ontem foi dia de irmos as duas para o sol, eu abro o protector e ela foge, fitinhas de cão de circo, e eu (espertalhona!) fingi que não a vi e besuntei a minha cara. Ela chegou-se o suficiente para eu achar que a tinha enganado, baixei-me para lhe chegar e ela... Ela lambeu-me todo o creme que conseguiu da cara. Também há gente assim. Gente que só quer as coisas quando elas são dos outros.
Desculpem, amigos benfiquistas, que não vos dê os parabéns. Não porque esteja ressabiada, invejosa, mal-disposta ou com dor de cotovelo. Apenas não me importa. A sério, não me importa. Sou portista, quero que o Porto ganhe. Se não ganhar, não vou dar os parabéns a quem ganhou. Que os parabenize quem com eles partilha a vitória. Pela mesma razão que não aceito, não gosto, nem alinho nos cânticos anti isto ou anti aquilo. Temos de nos focar em nós e fazer melhor. E, se não fizemos, a culpa não é dos outros. Nunca dei os parabéns à minha concorrência quando eles me ganham um negócio. Não são muitas as vezes, lá está, mas acontece. E eu não vou lá dizer-lhes que sim senhores, palmadinhas nas costas, deste-me cabo do budget deste mês, muitos parabéns. Era só o que faltava. Vão lá comemorar, façam o favor de ser felizes, mas não esperem de mim uma ovação em pé. Nem sequer uma palmadinha nas costas. Já os outros, os que perderam, fizeram merda. O segundo é o melhor dos últimos. E não merece uma palmadinha nas costas. Só precisa de saber que falhou. E que o "accionista" não gosta disso.
O Zé vive em Panhenhas de Cima. Não, o Zé não vive em Panhenhas de Cima. O Zé é praticamente dono de Panhenhas de Cima. Panhenhas de Cima tem três ruas, uma delas do Zé e da sua família. Nessa rua há uma herdade, toda ela do Zé. À passagem do Zé e dos seus, as pessoas mostram deferência. A missa não começa antes do Zé chegar, não há consulta no consultório do médico lá de Panhenhas de Cima pela qual o Zé tenha de esperar, não há entrave que lhe criem na Junta de Freguesia quando vai tratar de coisas. Toda a gente sabe que a vida do Zé é muito mais urgente que a deles. Um dia o Zé teve de sair de Panhenhas de Cima para tratar de umas coisas. Foi à cidade mais próxima e ninguém lhe tirou o chapéu ou se curvou ligeiramente para o cumprimentar. À chegada à Câmara Municipal, teve de esperar. Ninguém sabia quem ele era, figura maior de Panhenhas de Cima. E na consulta da especialidade, lá no médico da cidade, não só esperou durante horas como ainda teve de pagar. O Zé saiu um dia de Panhenhas de Cima e o banho de mundo fê-lo regressar deprimido. Que o mundo lá fora não prestava. Que não há respeito. Que Panhenhas de Cima é que é, dali para fora nada presta. Há muita gente assim. Fechada em Panhenhas de Cima, onde são os maiores. Pena é haver tanto mundo além disso.
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!