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por Bad Girl, em 23.12.15

Natal é tempo de muita coisa. Tempo de teorias, umas atrás das outras, tempo de virtudes públicas. De lindas lembranças que o outro existe, seja numa mensagem partilhada até à exaustão ou num post genérico no Facebook.

Natal é tempo de reflexão e não há um que passe que não me deixe um pouco pensativa. Natal é tempo de paz, e o melhor local para encontrar essa paz é no trânsito, onde as pessoas têm manifestações gigantescas da paz que guardam em si, enquanto buzinam aos outros ou cortam a fila. Porque, toda a gente sabe, Natal também é tempo de benevolência. Dos que estão na dita fila e têm (somos ou não somos benevolentes?) de respeitar o espírito da época. Mas não nos enganemos, que esses da fila, celebrando também a enorme benevolência e acrescentando a generosidade, que também é tempo dela, mantêm-se no carro, carregado de presentes, a brincar com o smartphone e a ignorar o pedinte que lhes bate à janela. Talvez, mas isto só porque é Natal, sejam suficientemente generosos para levantar a mão, sem olhar, num gesto que deve ser traduzido com “não há aqui nada, vai-te embora”. Natal é tempo de amor, e esse amor, toda a gente sabe, traduz-se em presentes. Muitos deles comprados no último minuto, num centro comercial a rebentar pelas costuras, onde a paz impera. Natal é tão tempo de amor que, nesses presentes, há muita coisa que assegura que as pessoas irão levar o resto do ano alheados do resto das pessoas que as rodeiam e que, alegadamente, as amam. Natal é tempo de fraternidade e se aquilo do pedinte não bastou, temos sempre a oportunidade de celebrar essa fraternidade quando trocamos presentes de “amigo secreto” com o gajo do escritório ao lado, que já nos puxou o tapete vezes sem conta. E sorrimos, porque é Natal. Natal é tempo de família e eu, finalmente, já não reviro (tanto) os olhos como no passado, ou porque já me habituei ou porque a família foi ficando mais pequena. Natal é tempo de esperança, e é essa que nos faz acreditar e ousar dizer, sem rir, que Natal é tempo daquilo tudo. E resta-nos ter essa esperança: de que um dia percebamos que o Natal não é nada disso porque as pessoas também não o são.  

Eu até gosto do Natal. E, genericamente, gosto de pessoas. É a hipocrisia que me “mata”.

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por Bad Girl, em 16.12.15

Diz-se por aí que quem educa os filhos são os pais e que, por isso, ainda que vejas uma situação flagrante de má educação, ainda que a mesma tenha lugar na tua casa, deves esperar que os pais intervenham junto da sua criança. E eu faço isso, mais vez menos vez, com mais ou menos revirar de olhos. A verdade é que, ao fim do dia, eu regresso a minha casa ou as visitas voltam à deles, e quem leva com equilibristas histéricos, mexeriqueiros crónicos e birras de beicinho e choro em crescendo são eles. Adiante, concordando com isto dos pais, quem é que confere o direito aos outros, aos de fora, alguns deles pais de putos absolutamente irritantes, de opinarem sobre como eu trato e educo (treino) as minhas cadelas? Não é a mesma coisa, pois não, mas para o caso dá, já que são seres que lhes são alheios e que têm direito de preferência sobre as visitas.

A ver, isto são coisas que eu ouço:

Agora que tens uma casa com tanto espaço lá fora, porque é que as cadelas continuam a vir para dentro de casa?

Ora, primeiro há aquela coisa estranha de eu gostar de estar com elas. E de elas, genericamente, se portarem bem. Nunca me partiram coisas que estavam em cima de móveis e também nunca andaram em cima das mesas, if you know what I mean. Depois há o pequeno detalhe de a casa ser minha, as cadelas viverem nela a tempo inteiro e que "porque sim" é uma resposta tão boa como outra qualquer.

As tuas cadelas são mais bem tratadas que muita gente. É um exagero.

Então o que fazemos com isso? Trato-as mal até deixar de haver gente menos bem tratada que elas e até o equilíbrio do universo estar reposto?

Só vou a tua casa se prenderes as cadelas.

Ah, pá, quero tanto que venhas a minha casa. Se fores técnica de caldeiras, que é o que eu preciso agora, de um mágico de caldeiras. De resto, podemos sempre trocar, e quando eu for a tua casa, podes sempre fechar os catraios num quarto. Não? Então deixa lá, não venhas.

Posto isto, fica a nota: as pessoas que têm cães também não querem opiniões sobre como tratar deles. Não querem que os julguem. Não querem que os coloquem na posição de escolher entre eles e vocês. Não vale a pena dizer que a casa fica cheia de pelo. Nós sabemos. Não vale a pena acharem que os cães são demasiado bem tratados. Demasiado bem tratado, para cão ou para gente, é uma coisa que não existe. Não ameacem. Não vão ganhar. Comigo, pelo menos, não vão ganhar.

Não gosto do calendário Pirelli de 2016. Não sou por aquele calendário a celebrar a beleza interior e a inteligência. Mas desde quando, a sério, é que uma marca de pneus faz um calendário cheio de "celebrações da beleza interior"? A Pirelli sempre teve calendários belissímos, carregados de boas fotografias, mais mama, menos mama, mas sempre com gajas boas. E boas por fora, se eram inteligentes ou não, ou cheias de beleza interior são outros quinhentos que nunca foram para ali chamados. O calendário Pirelli é o calendário de oficina para onde as pessoas que não se dedicam à mecânica podem olhar. Não é ordinário. É sensual. E sim, pronto, blá, blá, blá, as senhoras do calendário de 2016 também estão carregadas de sensualidade, uma sensualidade serena e clássica, que poucas mulheres conseguem ter e que, certamente, não é atingido com tirar a roupa. É, eu também sei ser politicamente correcta, mas apetecem-me pouco os paninhos quentes. Aquilo é um belo editorial. Como calendário Pirelli é uma merda.


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Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!

 

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