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Se um alegado filho da puta me matasse um cão, um AMIGO, era certo e sabido que assassino seria a coisa mais simpática que eu lhe chamaria. Se esse alegado filho da puta, que alegadamente tinha assassinado um cão meu, me vivesse à porta, eu havia de gritar "assassino" sempre que me cruzasse com ele. Havia de ficar rouca, seca de lágrimas e sem sacos de merda para lhe atirar para dentro de casa. Havia de lhe fazer a vida negra, mas de um breu que ele, o alegado assassino, havia de enlouquecer de raiva. Ou então não. Não sou violenta, por isso talvez decidisse chamar a polícia e, apresentada a queixa, partilhar no Facebook a história do alegado assassinato do meu cão, às mãos de um alegado filho da puta. Tomara eu que nunca tal aconteça. Mas, por estranho que pareça, são coisas que acontecem. Existem, no mundo, pessoas que (alegadamente) espetam balázios nas costas de um cão, ameaçam os donos do cão ASSASSINADO e, pasmem-se todos, se ofendem quando esse dono, furtado de um amigo, lhes chama assassino. Eu sei. A filhadaputice não tem limites. Nem aquela que é só alegada. Ora bem, acontecido que estivesse isto, eu havia de confiar na Justiça. Levava o caso a Tribunal e mais não faria do que deixar o caso nas mãos de um senhor que, alegadamente, é justo, sensato e imparcial. Ele havia de pôr a bom uso o dinheiro dos meus impostos, que lhe pagam o salário. Estranharia porém se, no dia em que a Justiça havia de ser feita, eu, a pessoa que ficou sem um amigo, fosse condenada a pagar uma indemnização ao alegado assassino, cabrão na certa, por injúrias. Mais, pasmada. Mas pasmada daqui até ao céu ficaria também eu se, depois de ter perdido um amigo às mãos de um alegado assassino, ainda tivesse de levar um sermão do gajo que eu achava que era justo e correcto, sobre ter humanizado um cão. Parvo, não é? Obviamente nunca poderia acontecer. Eu não vivo num país em que alegados imbecis representam a Justiça. E, no país em que eu vivo, chamar assassino a um tipo que matou um cão não é injúria, é constatação. No país onde eu vivo, um cão não é uma coisa e um juiz nunca se achará no direito de alvitrar sobre a vida pessoal de cada um, sobretudo decretando que há cães demasiado bem tratados. No país onde eu vivo isto não é uma notícia, é um livro de ficção. Infelizmente vocês não podem vir viver para este país. Ele só existe na minha cabeça. O país onde vocês vivem é pútrido, mesquinho e saloio. O país onde vocês vivem dá palmadinhas nas costas a quem mata cães à cobardia. O país onde vocês vivem ainda tem muito para andar. A estrada é curta. Está toda sinalizada e é bem iluminada. Infelizmente, esse país patético onde vocês vivem teima em andar para trás.
Volto à fala com este blogue para trazer um tema que me anda a enervar. Eu, portista, confesso, a custo, que gosto de Rui Vitória. Tal coisa, gostar de um treinador do Benfica, não me acontecia desde José António Camacho e já lá vão uns anos valentes. Agora, que o meu clube está comatoso e com um prognóstico muito reservado, eu faço aquilo que lixou a Julieta, que foi achar graça a um Montecchio e assumi-lo. Não, o facto de Peseiro ser treinador do Porto não influencia a minha predileção. Aliás, em termos de Peseiro, bastou o dia em que ele sentou aquele rabo inútil na cadeira, ainda nem sequer tinha posto os pés no campo de treinos para se apresentar, para eu já me sentir órfã temporária de clube. Voltando ao Montecchio da bola, eu simpatizo com Rui Vitória. E não é uma questão de "atrás de mim virá quem de mim bom fará" que para o caso podiam pôr um cocó com olhos que já eu gostava mais do que de Jesus. Não é isso. Simpatizo com o homem. Não se mete em merdas. Não liga a provocações. Não reage ao bullying. Faz o trabalho dele e isso basta para responder às bocas que lhe mandam. Lembra-me aquelas miúdas feias que são gozadas durante todo o liceu e depois no baile de finalistas se transformam em boas e dão um arraial de porrada mental a todos os anormais que gozaram com elas durante anos. Não sei como fazer, agora que torço secretamente por Rui Vitória. Não é pelo Benfica, mas acaba por ser. Eu, que fui criada sabendo muito bem que não se gostava do Benfica, agora dá-me um gozo do caraças imaginar o dia em que Rui Vitória ganha e faz o maior manguito que podia fazer a Jesus. Talvez eu possa dizer ao meu pai que não é gostar de Vitória, é ter nojo de Jesus. E isso ele sabe muito bem, afinal não é de hoje. Pode ser que não me deserde. Lá no fundo ele também há-de gostar do Vitória, que somos os dois pelos underdogs. E já dizia Malcolm Gladwell, "The underdog winning is the romantic position".
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!