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Non ou a vã glória de comprar casa

por Bad Girl, em 22.10.16

Desiludam-se. Comprar casa não é giro, divertido ou estimulante. O processo de comprar casa é, na sua essência, uma merda. É possível que haja pessoas que gostem. Também há gente a correr às sete da manhã e debaixo de chuva e eu não percebo porquê. Mas voltando ao que nos trouxe aqui: procurar casa é um pincel que, tal como a dor, tem várias fases:

. Assumir. Tal como é necessário assumir que temos um vício, há uma altura em que alguém lá em casa (e esse alguém podes ser tu) verbaliza o tema que andava a ser rodeado com muito cuidado: é preciso procurar outra casa. Ou porque não gostas desta. Ou porque é longe. Ou porque esta é alugada e o teu senhorio te pôs com ordem de marcha. Ou porque é grande. Ou porque é pequena. Há milhões de razões que nos levam a, num dia qualquer que não ficará marcado no calendário, dizer: “temos de procurar uma casa”. A partir desse dia a vida, como a conheces, fica em suspenso.

. Começar. No início tudo parece muito mais fácil. Sabes exactamente o que queres. Obviamente que, se fores muito rico e não tiveres de definir um valor máximo para gastar, provavelmente continuará a ser fácil. Para os comuns mortais, começar a procurar casa é mais doloroso do que espetar garfos nos olhos e regar com vinagre. Entras no Imovirtual como o soldado voluntário vai para a guerra: cheia de força, com ideias parvas e mentalizada que vais resolver aquilo em cinco minutos. Este estado de alma dura o tempo exacto que o Imovirtual demora a devolver-te os resultados da tua “pesquisa avançada”. Contudo, fixa esses resultados. Serão os mesmos nos próximos dois meses.

. Desapontar-te. (Também conhecido como “visitar”). Oh não, oh não, oh não. Visitar casas é como ir conhecer o tipo com quem falaste na internet durante meses. As fotografias enganaram-te. A descrição também. E nada, mas mesmo nada daquilo que estás a ver faz sentido. Tal como os tipos da internet, há casas que são bem boas, mas não dão para ti. Há outros que mentiram em tudo: na idade, no estado de conservação e, obviamente, também no tamanho. Uma. Duas. Três. Quatro. Cinco. Seis. Não, não, não, não, não, não. A certa altura pensas que, se calhar, tu é que colocaste as expectativas acima do que seria suposto.

Neste momento podia abrir toda uma fase dedicada aos agentes imobiliários, que os há para todos os gostos. Os que não respondem a contactos. A todos os vinte e três contactos. Os que respondem logo e que te querem mostrar aquela casa. E mais doze. Os que se enganam a marcar as visitas e te mandam para a outra ponta da cidade. Os que te cancelam a visita seis vezes contando-te toda a sua vida a cada cancelamento. E os bons. São só quatro, havia de ser rápido.

. Desistir. Já viste vinte casas. Não queres nenhuma. Pensas que talvez seja melhor cancelar isto tudo. Não podes. Pensas que talvez possas ir viver com os teus pais. Já não cabes. Fazes contas a quanto custaria viver o resto da vida num hotel. És parva. Reúnes os cacos e começas tudo outra vez.

. Repensar/ Reposicionar. A casa ideal não existe. Quer dizer, existe, mas tu não tens dinheiro para ela. Pensas outra vez. Queres ganhar em quilómetros ou em metros quadrados? De quantas casas de banho é que uma pessoa precisa realmente? E receber pessoas, será importante? Corre lá a versão realista da tua procura no Imovirtual. Com sorte, talvez só revisites o ponto “visitar” sem te desapontar e passes directa para o último ponto, que é:

. Encontrar. Não faço a mínima ideia do que seja. Se me permitem, despeço-me com amizade e volto ao Imovirtual para ver se há alguma coisa que me tenha escapado nas últimas 16 visitas que fiz hoje.

Novidades para breve? Duvido.


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Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!

 

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