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... como não consigo estar calada.
Pobre do preso. Estava na vida dele. Pois estava. E vivia na merda, qual é o problema? A maior parte das pessoas que eu conheço também anda sempre a dizer que está na merda, e eu não sou menina para me meter a emprestar-lhes a empregada. E está preso, pois está. Todos sabemos que há pessoas que estão presas por serem boas pessoas, é tipo um prémio. Na ausência de condecorações disponíveis, diz-se à pessoa, que acabou de fazer uma boa acção, que agora é que vai ser bom, vai ali para Paços de Ferreira, vive à custa dos contribuintes e tudo o que tem para fazer é limpar a merda que faz. Aliás, se decidir cagar na latrina, que é o sítio da merda, terá menos o que limpar. Mas o moço fica zangado. Está habituado a não fazer a ponta do corno, até porque, toda a gente sabe, fazer boas acções é coisa que cansa. E espalha a merda pela cela fora, que é o mesmo que dizer que agora nós decidimos fazer isso em casa, espalhar merda e comida e tudo quanto há pelo quarto onde dormimos. E não limpa, pois não. Ele faz o que quer, que ele está ali porque não havia comendas disponíveis, e ninguém lhe diz o que pode ou não fazer, regras é para os outros, aqueles que estão presos com ele e que até reclamaram do cheiro da merda. Ora quando as pessoas são teimosas e, porque não?, umas bestas, e não vão lá com conversas, há que dar um jeito à coisa. E sim, está bem, ele está no direito de viver no meio da merda, quem está mal que se mude! Ah, pois, quem está mal também não pode mudar-se. E pronto. Mandam-se os senhores, que estão a fazer o trabalho deles. E eles perguntaram a bem, pois perguntaram, se ele não queria limpar a merda que fez. E ele disse que não, pois disse, estava no direito dele. E os senhores fizeram aquilo que os meus impostos - estes bem empregues - lhes pagam para eles fazerem, e até seguiram as regras. Fosse eu àquela pocilga, empinada nos meus saltos agulha, e o senhor havia de limpar a merda com as próprias mãos, para não dizer com a língua, que eu até estou a tentar controlar-me. Mas agora o país está chocado. Coitadinho do senhor que gostava de chafurdar na merda, na sua merda, é deixá-lo. O país passa diariamente por mendigos a dormir em viadutos, em entrada de prédios, ouve a vizinha gritar com a porrada de criar bicho que o marido lhe dá, vê crianças a fumar e pré-adolescentes a caírem de bêbados, animais a serem maltratados, ignora a pessoa que pede dinheiro para comer, aplaude o homicida Renato Seabra e fica chocado com um c@r@lho de um choque que o porco do preso teve que levar para limpar a própria merda, que incomodava toda uma comunidade de seus pares. E vem a sociedade em choque, vítimas solidárias de um taser metafórico, que compra o Correio da Manhã com fotogramas de um homicídio, e a esquerda caviar, que lambe as botas de Fidel e de quantos há para quem um taser é um presente de aniversário para oferecer aos seus prisioneiros, mostrar indignação.
Estou com dores de cabeça e com a neura, perdoem-me o disfemismo e não me fod@m o juízo. Não me venham com hipocrisias de almanaque, que eu já não tenho idade para histórias da carochinha. Se há um bom investimento dos meus impostos nesta história de merda não é o que é gasto com o chafurdão. É o que é gasto com estes polícias.
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!