Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Há um ano atrás, mais coisa menos coisa, quando me alertaram para o facto de haver uma menina que engatava cavalheiros à conta de textos meus, eu fiquei a pontos de precisar de um realinhamento de chacras. Foi como se alguém me tivesse roubado o cérebro e andasse a passeá-lo por aí. Senti-me assaltada. Violentada. Abusada. Não só a criatura (Putéfia, foi o que lhe chamei na altura e não vejo razões para mudar) roubou textos, como os utilizou a seu bel-prazer para o que achou que podia. O plágio é a forma mais reles de roubo. O plagiador é um parasita, incapaz de criar, e que mais não sabe senão viver à custa dos pensamentos dos outros. O plagiador é o tipo que nos espreita pela janela de casa, porque as cortinas estão puxadas para os lados, e se acha no direito de entrar na casa, de se sentar no sofá, ligar a televisão, beber da nossa água, viver a nossa vida. Um destes dias, quando o Paulo teve a amabilidade de me alertar que a putéfia da Íris tinha trocado com eles alguns e-mails onde partilhava textos meus como se da sua autoria fossem, os meus chacras nem se mexeram. Não fiquei irritada. Continuo enojada, ainda mais que achava que a Íris, apesar de putéfia, seria uma pessoa com, pelo menos, meio dedo de testa. Certamente não achei que iam nascer neurónios à Íris e que ela ia começar, de repente, a viver a sua vida, usando as suas palavras, chamando a si pessoas por aquilo que vale. Mas a Íris vale nada, e talvez isso seja a única coisa que ela sabe sobre si. Tudo o resto é a vida de outrem ("outrens", a Íris não me rouba só a mim) que a Íris insiste em viver. Não fosse uma psicopata, e a Íris seria digna do mais piedoso tratamento. Não há, neste momento, outro sentimento que eu consiga sentir pela Íris. Imagino a constante dor do papel branco. A incapacidade de alinhar palavras, umas atrás das outras, formando textos. O que a mim nada custa, escrever, para a Íris manifestar-se-á como o maior dos dramas. A inveja da vida alheia. Das palavras dos outros. No fundo, são apenas isso: palavras. Que a putéfia da Íris não consegue alinhar com harmonia. Quão desgraçado é preciso ser-se, quão miserável é preciso ser a vida que se leva, para ter de se chegar ao ponto de roubar palavras? De ir à alma de alguém e saquear tudo para si? Quão frustrante será apenas copiar as palavras, sem nunca ter sentido nada daquilo? Precisar de se ser outra pessoa para chegar a outras pessoas, para fazer-se gostar. Se da outra vez me deu a louca, desta vez eu olho para tudo isto de forma diferente: com o mesmo nojo, com o mesmo desprezo, mas com um sentimento novo: o de pena. Pena de uma pessoa cuja vida é tão lastimável, que precisa de viver a minha. Para a Íris, que continua a cá vir, algumas palavras (já que elas me fluem de uma maneira que a putéfia nunca conseguirá imaginar): de vez em quando, não será sempre, lá apanhas um tipo que é mais esperto e que me encontra. Não sei se são os meus textos, que são tão bons que não lhes consegues resistir, ou se é apenas o prazer de roubar. Seja o que for, e por muita pena que me inspires, o que tu fazes não deixa de ser um crime. E lá porque o Diogo Morgado ou a Clara Pinto Correia se safaram, não quer dizer que contigo vá acontecer o mesmo.
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!