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Nunca fui de sonhar com príncipes encantados. Nunca idealizei o homem que havia de ser o da minha vida. Ele não tinha de ser lindo de morrer. Ele não tinha de ser loiro. Ele não tinha de ter olhos desta ou daquela cor. Ele não tinha de ser alto. OK, aí pára tudo: ele também não podia ser baixo. Tive um momento Nicole-Kidman-quando-estava-casada-com-o-meia-leca-do-Tom-e-não-podia-usar-saltos aí quando tinha vinte anos e foi deprimente. Não por ele ser baixo, mas por me ter tentado levantar a mão uma vez. Foi um arzinho que se lhe deu, ao cabrão do minorca pseudo-espancador de mulheres. Voltando ao que interessa, nunca idealizei o homem ideal, perdoe-se a redundância. Ou não se perdoe, tanto me dá. Há, porém, uma coisa que eu sempre soube que não queria no homem que fosse dividir a vida comigo. Já lá vamos.
Um dia da semana passada não trabalhei e saí de casa às três e meia da tarde. O vizinho do lado estava, como sempre que o vejo, agarrado ao carro. O velho tem um Smart, nada contra, e passa os dias à volta do carro. Ele fecha a porta. Volta para trás e verifica se está fechada. Em estando, abre a porta com a chave e entra no carro. Senta-se ao volante. Chega o banco para trás (eu sei, eu já vi vezes suficientes para juntar as peças e saber o que ele faz, apesar de a ordem poder estar errada). Chega o banco para a frente. Arranja o retrovisor. Baixa o vidro. Sobe o vidro. Sai. Fecha a porta. Verifica se a porta está fechada. Em estando, abre-a. A do passageiro. Senta-se. Mete o banco para trás. E para a frente. Sai. Fecha a porta. Dá a volta. Abre a outra porta. Senta-se. Abre o capô. Sai. Fica a olhar para o motor. Fica a olhar para o motor. Fica a olhar para o motor. Fica a olhar para o motor. Fica a olhar para o motor. Fica a olhar para o motor. Fecha o capô. Fecha o carro. Verifica se está fechado. Entra novamente. L-i-m-p-a o guiador, o painel, e mais o que houver. Baixa o vidro. Sobe o vidro. Abre a porta. Fecha a porta. Verifica. Abre a "mala". Tira "tudo" lá de dentro. Limpa. Reagrupa "tudo" lá dentro.
(...)
Eram sete horas da tarde naquele dia, quando eu regressei a casa. Ele continuava no carro.
Tudo o que eu sempre quis num homem foi que ele não fosse um maluquinho do carro. Carro limpo, sim. Carro "amante"... não!
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!