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Primeiro, uma citação:
"Warning: Don't get shampoo in your eyes. It really stings. There. Now no one has to fucking torture any animals for their entire lives." @rickygervais.
Agora eu:
Achava eu, na minha mais absoluta ingenuidade, que havia as marcas de cosmética que faziam testes em animais e assumiam (L'Óreal, isto é para ti), as que não os faziam, e as que trabalhavam para deixar de os fazer num futuro próximo. Inocente que sou, eu e esta minha mania de achar que as pessoas rumam ao civismo e ao bem, acreditava que as empresas se movimentavam do lado onde estão as que fazem testes em animais para o lado onde estão as que não os fazem. E tudo isto parecia seguir uma lógica, ou não fosse normal imaginarmos que as pessoas evoluem. Foi então que chegou a China. E tudo mudou. De que valem os direitos dos animais, quando falamos de um mercado de milhões de dólares? Prostituídas, as marcas que, até há pouco tempo, faziam bandeira das suas políticas "cruelty free", dão agora o dito pelo não dito (algumas, como a Caudalie, continuam a dizer nos sites que não fazem testes em animais e outras, como a Estée Lauder, dizem que só os fazem quando é estritamente necessário - quando raio é estritamente necessário torturar animais?) e baixam as calças ao poderio chinês que exige (leram bem, exige) que os cosméticos sejam testados em animais antes de serem comercializados no seu país tão especial. Estamos a falar de gente que come gafanhotos fritos no meio da rua e que sai de casa para ir ao supermercado com o mesmo pijama com que vai dormir. Estão a gozar com a minha cara?
Para mim, ainda pior do que as empresas que sempre foram assumindo esta obscenidade dos testes em animais, são as outras. As que eram "cruelty free" enquanto essa verdade lhes era conveniente, mas que já não são, agora que alinharam em produzir chinesices.
Avon, Estée Lauder (Clinique e MAC incluídas), Mary Kay, Yves Rocher, L'Occitane e Caudalie. Ei-las. As meretrizes de beira de estrada (lamentavelmente poderá haver mais), que trocam princípios por Yuans. A PETA, em conjunto com o Institute for In Vitro Sciences e outras instituições, está a trabalhar com o governo chinês, conhecido pela sua abertura e tolerância, para o fim desta "lei". Por enquanto, pouco ou nada mudou. É obrigatório fazer testes em animais para vender cosméticos na China. Se há empresas que se mostram impassiveis perante toda a mudança de princípios, outras há que voltam atrás nas suas decisões, constrangidas. É o caso da Urban Decay que, após o anúncio de "mudança" de preceitos morais para agradar à China, voltou atrás na decisão e decidiu dar ouvidos e ceder às pressões dos consumidores europeus. Infelizmente, foi hoje anunciada a compra da Urban Decay pela L'Óreal, o que me deixa com pouca ou nenhuma esperança também neste caso.
Vá ou não mudar este absurdo legal na China, a verdade é que as atitudes ficam com quem as tomam. E eu alinho com Ricky Gervais num apelo ao boicote a todas as marcas que fazem testes em animais. É díficil fazer compras só de marcas "limpas". Pois é. Eu sei. Já o era para mim há meia dúzia de dias atrás, antes de ter ficado ao corrente desta vergonha. Mais difícil será agora. Mas pelo menos ninguém me está a esfregar os olhos com creme hidratante.
Mais info:
Avon, Mary Kay, Estée Lauder Paying for Tests on Animals
Desculpem a seca do post, mas há coisas que não podem ficar por dizer. Que as decisões de cada um sejam isso, decisões, e não escolhas adormecidas de contexto, empobrecidas de conhecimento.
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!