Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Do topo dos meus recém completados 35 anos, atrevo-me a dizer que sou feliz. Não sou contente, não baralhem isto tudo. Sou feliz. As pessoas como eu não estão contentes com nada. Isso significaria que me contentava. E eu não me contento com nada, sou rapariga chata de assentar. Mas sou feliz, e acharia absurdo uma pessoa que tem o que eu tenho não assumir que é feliz. Sou feliz e, olhando para a minha vida, não concebo dizer outra coisa. Acordo todos os dias - vá, não será todos os dias - ao lado de alguém que amo e que me ama de volta. Sou tratada como uma princesa. Tenho um trabalho que adoro e um emprego que respeito. Trabalho com gente que me reconhece valor. Vejo a minha equipa crescer. Hoje melhores que ontem. Nós. Juntos. Visito sítios fantásticos. Conheço gente enorme. Já bati boca com Morrisey e já gritei com o Manager dos Scorpions (ganhei). Apanhei boleia do Vincent Galo. Fiz um favor ao Mick Jagger. E outro ao Peter Murphy. Dei uma mãozinha ao Ronaldo e já tive conversa de elevador com Keith Richards. Paguei um café ao Billy Corgan. Fiquei fascinada com Fidel Castro e a Rainha Sofia. Jantei no Castelo de Praga. Visitei a fábrica da Ferrari. Fiz tanto que, olhando para trás, tenho de estar feliz. Contente? Isso não. Há tanto ainda para fazer...
Há três anos, quando celebrei o meu aniversário, a minha mãe corria risco de vida. De ficar paralisada. Hoje, não tendo dado uma tareia ao cancro, a minha mãe está bem. Tenho uma sobrinha linda. Um irmão que sempre foi um amigo. Tenho a minha avó preferida. Tenho um pai que, também ele, me trata como uma princesa. Gosto de mim. Gosto de me lembrar da minha infância. Feliz. Até da minha adolescência. Que não me fez feliz, mas que me deixou preparada para reconhecer a felicidade, um bocadinho à frente.
Sou feliz quando escrevo. Quando escrevo no blogue, para uma audiência que não conheço e que me é tão próxima. Quando escrevo pequenos apontamentos, histórias desencontradas que, talvez um dia, venham a ser um - mais um - livro. Fui feliz quando publiquei um livro. Não estou contente, porque se não fosse uma preguiçosa, talvez tivesse escrito mais.
Sou feliz e sei que há muita gente que não o é. Uns porque não o podem ser, obviamente. A vida não os trata bem. Outros porque não querem. Porque acham que, para serem felizes, têm de estar contentes. Eu não. Eu sou feliz. Uma eterna descontente, mas feliz. Porque a vida, em geral, me trata bem. E eu gosto dela. Tal como ela é? Não, claro. Há sempre margem para melhorar, quando não se é "contente".
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!