por Bad Girl, em 20.06.13
No “meu” escritório havia um aparelho de fax. Verdade. Juro. Um aparelho de fax branco, ao jeito de electrodoméstico, que ora encravava ora cuspia folhas, alheio às pressas que preenchem o mundo.
O (chamemos-lhe) Zé insultava o fax diariamente, ora porque encravava, ora porque apitava mais do que devia, qual criança que chora sem ninguém entender de onde vem a dor, ora porque estava velho, e nós não apreciamos velharias. Pejado de desprezo no olhar, o (chamemos-lhe) Zé declarou guerra ao aparelho de fax, remoendo palavras de combate, sempre em honra de um pacto de agressão que ele fez na sua cabeça com o pobre do aparelho. E lá andaram o Zé e o aparelho fax, um passivo, outro agressivo, pelo menos durante dois anos. Até ao dia em que chegou um novo aparelho. Um aparelho preto, moderno, ao jeito de carro de corrida. Ele fotocopia, digitaliza, imprime e envia faxes. A cores, se for preciso. Era de achar que o Zé ia ficar contente, mas não. O Zé quis saber onde estava o outro aparelho, faltou-lhe o velho companheiro de guerra, contudo este já ia longe. E pronto, foi o fim do mundo. Só sabem complicar a vida às pessoas, claro está. O mundo contra o Zé. Então agora vêm cá deixar uma máquina que é preciso escolher o que faz? E quando encravar? Deixamos de ter impressora, fotocopiadora e fax? Um absurdo. Uma falta de respeito, claro. E temos de aprender a lidar com um aparelho novo agora? Logo agora que estamos tão cheios de trabalho? Caramba, estávamos tão bem com o velho aparelho...