por Bad Girl, em 30.08.14
Gostava de ter um talento. Um talento daqueles que me fariam explodir em dinheiro. Não precisava de ser imenso dinheiro, apenas o suficiente para ter uma bela casa com piscina, jardim, muitos cães, um burro, um ou dois porcos vietnamitas, duas cabras anãs, galinhas poedeiras e árvores de fruto. E gente. Pessoal para tratar disto tudo nos dias em que eu não pudesse. Gostava de acordar sem despertador um dia atrás do outro, ainda que me levantasse cedo, agora sou pessoa de me levantar relativamente cedo, sentar-me a namorar o pequeno-almoço, ler e escrever. Canto com a voz cristalina de um pica-pau e danço com a elegância de um maço de lenços de papel. Não vou ser uma estrela do rock ou da pop. Sei que me safaria razoavelmente bem a representar, mas o mundo está pejado de bons actores. Podia ter sido modelo, não tivesse as medidas certas nos sítios errados. Enfim, não estando disponível para participar num reality show, o showbiz não é para mim. Mas podia muito bem ter uma ideia. Uma ideia genialmente simples, como o post-it ou o clip. Tenho absoluta confiança nas minhas capacidades, mas apreciava um desses golpes de sorte. E não é que não goste de trabalhar. Gosto de trabalhar e gosto daquilo que faço. Não gosto muito de o fazer para quem o faço, mas isso é, na maior parte das vezes, detalhe de somenos importância. O problema dos empregos é que nos cobram muito pelo que nos pagam. Sobretudo, esvaziam-nos da criatividade. Do fulgor. Querem que inventemos, reinventemos e sejamos proactivos, mas roubam-nos o espaço das piruetas, dos malabarismos, das loucuras. Querem acção mas só nos dão tempo para a reacção. E é uma pena. Sobretudo para quem nos paga, que poderia levar tão melhor pelo mesmo preço...
Bad, a ofegar pelo iminente regresso ao trabalho desde... Agora!
27.08.2014
