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Ontem estive dedicada a outro tema que não se discute à mesa que não a política e só hoje soube desse belo momento de entretenimento e drama, que foi a lágrima de José Sócrates. E ocorre-me, ao ver as imagens desse momento, o mesmo que me ocorre quando vejo a capa da TVMais desta semana:
1 - Que grande paneleirice!
2 - Só ele é que não vê o quão ridículo é, certo?
3 - Um dia, se Deus quiser, ainda havemos de poder sair à rua sem dar de caras com esta criatura!
4 - Este gajo já foi acusado de tanta coisa... porque é que ele não está preso?
5 - (esta tira uma lágrima à minha pessoa) É disto que o povo gosta...
Caro PSD,
(vai assim, sem personalizar destinatários porque, lamentavelmente, me vejo obrigada a colocar todos no mesmo saco)
Imaginem que vos aparecia uma oportunidade de governar o país dois anos antes do previsto. De José Sócrates já se sabe, ganha a todos em propaganda com truques que lhe explicou o Luís, que não passam de uma escolha da cor certa para a gravata ou do profissionalizado "diz que não disse porque afinal disse mas não era bem isso que eu queria dizer". O povo estava farto, vocês já tinham despachado a Dr.ª Ferreira Leite (que, convenhamos, tinha "apenas" e "só" um deficit de carisma), arranjaram um senhor que tem bom ar, fatos parecidos com os do Eng. Sócrates... tinha tudo para dar certo, não era? Não, não era. Era importante que viessem cá aqueles senhores estrangeiros que estudam coisas para ver o que aqui se está a passar: vocês armaram-se em arrogantes e desataram a dar tiros nos pés. O povo é ingénuo, na sua generalidade? É. O povo tem memória curta? Tem. O povo tende a perdoar quem só lhes lixa a vida? Tende. Mas há uma coisa que o povo não aceita, e isso é a falta de respeito. O povo é ingénuo mas não é burro. O povo não gosta de ser pisado e humilhado. O povo não gosta que gozem com a cara deles. O povo não se chateia se vocês têm aí um tipo que diz "pentelhos", mas o povo não come que vocês vão buscar um gajo que ainda ontem era independente e apartidário e anteontem só pensava nos outros, sendo que os outros são, essencialmente, os seus familiares que constam do payroll da organização sem fins lucrativos a que ele presidia. Só aí, me parece, perderam 500 mil eleitores. E ontem foram mais 500 mil. A mim nunca tiveram, quase arrisco a dizer que nunca terão, mas ter-me-iam perdido no momento em que me obrigam a pensar que neste aspecto concordo com José Sócrates. E lamento confundir o PSD com PPC, mas a verdade é que ele é o líder. Se mal lhe corre, mal lhes corre. Ainda assim, e por achar que vos poderá cair um raio de lucidez em cima, vou explicar o quão injustas, levianas e ofensivas são as declarações de ontem de PPC: a única pessoa que conheço que fez parte das Novas Oportunidades foi o Sr. D. Já aqui falei no Sr. D. E aqui também. O Sr. D. trabalha de segunda a sexta, das 7 da manhã às 3 da tarde, quando corre tudo bem. O trabalho do Sr. D. é, sobretudo, físico. O Sr. D. vai trabalhar de autocarro, pelo que se levantará, presumo, aí às 5h30 da manhã. Depois disto, e a trabalhar há 15 anos no mesmo sítio, o Sr. D. bem podia ir para casa tratar de pôr os pés ao alto e ver a bola na televisão. Mas não. O Sr. D. foi para as Novas Oportunidades. Estudou, esforçou-se, e concluiu o 12º ano. Ignorante, se me permite, é o Dr. Passos Coelho, por achar que o esforço das pessoas como o Sr. D. pode ser menosprezado, minimizado e usado no lamaçal que é esta campanha eleitoral. Lamentavelmente, o Sr. D. não teve possibilidade de estudar, ao contrário do Dr. Passos Coelho e de mim. Os conhecimentos académicos não fazem do Dr. Passos Coelho ou de mim pessoas intelectualmente superiores. Anda por aí muita gente cheia de diplomas que nem a língua do seu país sabe falar. Anda por aí muita gente que, de diploma na mão, se acha no direito de reclamar que está "à rasca". Ignorância, Dr. Passos Coelho, é catalogar as pessoas. Ignorante é o Dr. passos Coelho porque não sabe que a palavra "ignorância" significa, também, incompetência. E haverá alguém mais incompetente do que um líder de um partido que tinha tudo para ganhar e conseguiu deitar fora um milhão de votos em menos de um mês? Tenha vergonha, Dr. Passos Coelho, da sua ignorância. A sua falta de ciência e de saber (a.k.a "ignorância") leva-o a não perceber aquilo que é óbvio para mim que, de política, só sei que não são pessoas como o senhor que merecem o meu voto.
Embirrem com o que quiserem no homem. Agora fazer uma escandaleira por causa dos "pentelhos" de Eduardo Catroga?
Ah, ele disse pentelhos... o senhor político disse uma palavra que até vem no dicionário e tudo.
Ridicularias, coisas pequenas, insignificâncias, minudências, ridicularias, caganitas de rato... pentelhos!
Eu não voto PSD. Se votasse, em grande parte, seria graças a Eduardo Catroga. E não seriam pentelhos destes que me fariam mudar de ideias.
Imaginar que o político no debate é um vendedor de carros e que eu sou a possível compradora de um carro em 2ª mão. Se não confio nele para me vender um carro, como poderei confiar nele para governar o país?
O carro de José Sócrates está cheio de ligações directas, tem o odómetro marado, o óleo nunca foi trocado e aquele barulhinho que "não é nada" é só o escape a raspar no chão.
O carro de Passos Coelho não é mau. É um utilitário em boas condições, na medida dos possíveis. Pena estar todo "quitado". Tem peças extra que não combinam, ainda tem reserva legal e o seguro... o seguro está mais ou menos tratado.
Em Jerónimo de Sousa eu confio. E acredito que ele ache que o carro está fantástico para as estradas portuguesas. Mas, na verdade, o carro é antigo, requer uma manutenção que já não existe, e anda muito devagar para a pressa dos dias de hoje.
Assim de repente, três já foram.
Era uma vez uma menina que acordou às 08h30. Demorou 20 minutos a tomar banho, 10 minutos a arranjar-se, 10 minutos a tomar o pequeno-almoço e 20 minutos a chegar ao emprego. Como entrava às 09h00, nesse dia a menina chegou atrasada. No dia seguinte, voltou a acordar às 08h30, levou 20 minutos no banho, 10 a arranjar-se, 10 para o pequeno-almoço e 20 a chegar ao emprego. Voltou a chegar atrasada. Durante dias, semanas, meses, a menina fez exactamente a mesma coisa. Durante dias, semanas, meses, a menina acumulou atrasos. Quando confrontada com o seu historial de atrasos, a menina prontificou-se a dizer que, dali para a frente, passaria a chegar a horas. O seu plano era sair da cama às 08h30, demorar 20 minutos no banho, 10 a arranjar-se, 10 a tomar o pequeno-almoço e 20 no caminho para o emprego. O patrão riu-se e disse-lhe o óbvio: se ela continua a fazer tudo da mesma maneira, o resultado final será, inevitavelmente, o mesmo. É evidente, não é? Então porque é que no debate de há pouco, na TVI, José Sócrates afirmou peremptoriamente que os seus planos, a ser reeleito, são de continuidade?
Que contenha, tantas vezes quanto possível, a palavra "monitorização".
José Lello tem um Blackberry. José Lello tem conta no Facebook. José Lello chama foleiro ao Presidente da República, via Facebook, usando o Blackberry. Como o Facebook é uma rede social, a "foleirice" de José Lello, tal como o azeite, vem à tona. Agora José Lello diz que a culpa é do Blackberry. Que aquela era uma mensagem privada. Que, para os parvos dos eleitores, José Lello teria "dourado a pílula" e teria dito o que pensava por mais palavras. Portanto, José Lello disse que, não fosse o Blackberry ter-lhe estragado os planos, ele teria uma maneira completamente hipócrita e dissimulada de dizer, em três palavras, o que a falta de nível e iliteracia tecnológica o puseram a dizer em apenas uma.
Minha Nossa Senhora das Eleições,
Dai-me serenidade para aceitar que cada país tem os políticos que merece,
A coragem para tentar mudar isso nas urnas,
E a sabedoria para saber que o país não muda se a atitude não mudar.
A procura de nomes sonantes para cabeça de cartaz lista dos partidos faz-me pensar se esta pantominice que chamamos de eleições não terá a qualidade e seriedade de um teatro de revista, onde Marina Mota e Carlos Cunha (os do costume) são substituídos por Fernando Nobre e Miguel Relvas. Onde tudo é uma paródia sem graça, onde se dá mais importância à roupa que se usa em palco do que aos textos, onde as piadas insultam a inteligência do público que prefere ir ao teatro a sério, onde os que vão, ainda que habituados a ouvir as mesmas piadas (contadas de todas as formas possíveis), se sentem em segurança ao ver que aqueles outros gozam com os outros outros, de uma forma que eles entendem.
Os cartazes são sempre iguais: elas aparecem espartilhadas em roupas que já não têm idade e, muitas vezes, corpo para usar e eles com cara de parvos. Usam a arma da brejeirice, descem ao povo, riem com ele, como se a piada fosse toda uma novidade, como se estivesse a ser dita pela primeira vez. Há cumplicidade entre os dois, os artistas e o público, ambos desprezando a realidade, uns em nome de uma chamada arte, outros em nome de uma diversão. Mais vale rir, pensam. Os problemas não podem ser levados a sério. Ainda bem que escolhi esta revista. Sim senhores. Isto é que é arte! Vou agora ao teatro, ver aquelas coisas complicadas? Para triste já chega a vida, cheia de dissabores.
Pronto, está bem, eu opino.
Deve ter sido mais ou menos este o percurso que fez Paulo Portas sobre Fernando Nobre.
A próxima frase é uma improbabilidade. Não ao nível da construção, mas ao nível do conteúdo. Vamos lá, Bad, tu consegues: neste aspecto eu concordo com Paulo Portas (ufa, custou mas já está). Mas quem diz que não emite opiniões sobre determinado assunto não pode opinar, dois dias depois, sobre os desenvolvimentos do assunto em causa. Eu sei, não é fácil. Mas não fui eu que me propus a fazê-lo.
Numa clara homenagem ao ex-jogador de futebol, Paulo Portas relembra o famoso "prognósticos, só no fim do jogo", prometendo falar do Nobregate após as eleições. Parece-me bem. Quer num caso, quer no outro, é importante saber o resultado antes, para evitar amargos de boca.
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!