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Imaginem que são o gajo mais fixe do mundo. O mundo, genericamente, pode nunca ter ouvido falar de vocês, mas vocês são o tipo mais fantástico que nele habita. Vocês fazem e acontecem, são os maiores lá da terra, auto intitulam-se de gurus e líderes do desenvolvimento pessoal. Vocês são tão, mas tão bons, que só Deus e o Tony Robbins (googlem, não sou vossa mãe) podem, talvez, ousar sonhar chegar-vos aos pés.
Já imaginaram? Boa. Prossigamos, então. Vocês são esse tipo, todo cheio de ar no peito e com um ego que podia concorrer ao Biggest Loser e, como a vossa missão neste mundo é fazer bem aos outros e colocá-los no caminho certo para que desenvolvam o seu "eu", vai de mandar um mailing a informar todas as pessoas que co-habitam este planeta com o vosso genial ser que vocês estão dispostos a partilhar a vossa infinita sabedoria num curso. Estão a imaginar? Adiante, então. Imaginem agora que, no meio dos vossos contactos, está uma blogger com um bocadinho de mau feitio, que nunca diz que não a um desses e-mails, não vá o diabo tecê-las e ela ter ali um manancial de assunto para postar. Estão a acompanhar? Agora é um instantinho. Imaginem que no dia em que essa blogger, a do mau feitio, entra nesse e-mail, o link remete para um endereço que informa que o endereço expirou. E a blogger, que tem mau feitio mas que não precisa de cursos de desenvolvimento pessoal para ter conceitos básicos de decência sente-se compelida a avisar-vos daquela situação. Imaginaram? Querida, a blogger, não é? Uma pessoa às direitas, diga-se de passagem. Pois é. Agora vamos lá finalizar o exercício de imaginação: vocês, o tipo que está no topo do mundo, que pretende ensinar os outros a desenvolver-se, não é capaz, sequer, de enviar um e-mail a agradecer o facto de alguém o ter alertado para aquela situação. Claro que eu sei que o tal do guru terá uma equipa de pessoas que trabalham para ele, que lhe tratam destas coisas. Saberá ele que as suas pessoas estão a precisar de cursos de desenvolvimento pessoal?
Suporto tudo: desde coitadinhos a gajos com a mania. Mas não me venham com incoerências. Isso é coisa para me deixar cega.
By the way, se vocês vivem exactamente no mesmo mundo que eu, o génio da lâmpada dá pelo nome de Daniel Sá Nogueira (googlem, não sou vossa mãe).
Hoje cheguei a casa e a cadela tinha aberto alguns buracos no jardim (já não acontecia há algum tempo). Levou com o jornal, levou dois gritos e está há mais de duas horas de castigo no "ninho". E eu nem sequer sou uma dona muito severa. Os "donos" de Alberto João Jardim deixam-no andar à solta a esgravatar ainda mais no buraco e não o castigam exactamente porquê?
Ninguém me tira da cabeça que um dei hei-de chegar a casa e vou ter um neozelandês a reclamar que a gaja lhe estragou o chão.
Conheço empresas que não promovem pessoas capazes, por nenhuma razão aparente. Conheço empresas que oferecem lugares a pessoas que não demonstraram capacidades para o mesmo, apenas por razões aparentes. Conheço empresas que fazem ambas as coisas. Não conheço empresas que façam apenas o inverso. Infelizmente, a Troika não pode ensinar os empresários portugueses a quebrar a tradição da promoção pouco meritória.
Ontem cheguei a casa e liguei a televisão no canal público no exacto momento em que a sardinha assada era declarada uma das sete maravilhas da gastronomia portuguesa. Tudo num espectáculo de luz e som com ar de caro, que a televisão do Estado tem muito dinheiro para gastar. É em touradas e "Óscares" da comida, tudo à grande. Podia - pois podia - ter mudado de canal, mas a emoção que tomou conta de mim bloqueou-me qualquer possibilidade de movimento, pelo que tive de me deleitar com os discursos embargados dos "vencedores". Até ontem não tinha pensado o quão disparatada era esta coisa de eleger as maravilhas da gastronomia portuguesa, feita pelo povo e através de linhas de valor acrescentado. Nada disso de ver quais os pratos com mais história, mais riqueza de sabores, mais tradição, mais "saída". Não. Vamos lá ver quem tem mais amigos com € 0,60 + IVA para gastar.
O espectáculo de ontem trouxe até mim algum conhecimento que, sem eu sequer imaginar, me fazia falta. Fiquei a saber uma coisa gira, para começo de conversa: a sardinha assada é uma coisa de Lisboa e Setúbal. Ou é de mim ou temos de mandar cancelar a véspera de São João. A seguir, elegem o Leitão da Bairrada. Ao palco sobem, à vontade, umas 163 pessoas (eram só 4, acho eu), entre as quais a mandatária da candidatura Aurora Cunha (she's alive!, she's alive!), que iam agradecendo, um a um, a todos os que votaram no leitão. Depois veio o pastel de Belém. Nota: não é o pastel de nata, que isso não beneficiava directamente nenhuma empresa. É o pastel de Belém. 2 prémios assim de rajada para Lisboa e Setúbal. Sendo que a região de Turismo de Lisboa era patrocinadora do evento. Não estou a querer dizer nada com isto, mas se alguém quiser entender alguma coisa que não está a ser dita aqui, pois que esteja à vontade. Talvez vá ao encontro dos pensamentos que eu não estou a ter.
No final, passa a lista dos vencedores, que tinha: Alheira de Mirandela, Queijo Serra da Estrela, Caldo Verde, Arroz de Marisco, Sardinha Assada, Leitão da Bairrada e Pastel de Belém, e eu achei bonito. Parecia a ementa de um restaurante da feira popular.
Eu odeio bacalhau, mas eleger maravilhas gastronómicas portuguesas e não haver um bacalhau a encabeçar a lista? Soa-me a estúpido.
Mais a mais, um povo que tinha amêijoas à Bulhão Pato, polvo assado e pudim Abade de Priscos à disposição e optou por arroz de marisco, sardinha assada e pasteis de nata Belém não merece ser levado a sério.
Este fim de semana fui insultada por um azeiteiro ao volante de um carro alugado. Não me orgulho de lhe ter respondido (quase) na mesma moeda. Se fosse agora, preferia ter-lhe tirado uma foto e colocado aqui com o título "retrato de um azeiteiro". Mas vamos por partes. Se há coisa que neste país é sobrevalorizada é o matrimónio. Não falo do sacramento em si, que esse passa ao lado de muita gente que vai "botar" o ramo no altar da Nossa Senhora. Quer dizer, ao lado não passará, porque faz parte do circo que é montado para o dia mais importante da vida daquelas duas pessoas. E é aí que a porca (nada contra a noiva, que nem vi) torce o rabo: a ser o dia mais importante da vida de alguém, aquele será o dia mais importante da vida daquelas duas almas. Não é o dia mais importante da minha vida. Nem o dia mais importante do Zé Manel, que vive em Leiria, e nem faz ideia do que se passa. Ainda assim, o candidato a Cristiano Ronaldo que guiava o Mercedes alugado ficou a achar que podia meter a cabeçorra ridícula janela fora e gritar insultos. Convenhamos, se há pessoa que merecia ter sido insultada pelo rapaz da camisa de favos, já aberta e sem gravata, ainda a festa não tinha começado, era eu. Mas quem me mandou achar que podia entrar numa rotunda quando dezenas de carros carregadinhos de tules buzinavam, só porque vi uma abertura? Quem? Há uma lei na legislação nacional que eu, obviamente, ignoro, que obriga as pessoas a ficarem indefinidamente à espera que os carros que buzinam em rotundas acabem de buzinar, porque estes têm prioridades, sendo os rissóis e as tâmaras embrulhadas em presunto duas delas. O que eu devia ter feito, se tivesse o mínimo de vergonha na cara e noção da importância que aquele casamento tinha para a humanidade, era esperar que o som das buzinas fosse apenas audível ao longe o que, considerando que os carros se começaram a "aninhar" imediatamente após a saída da rotunda e impedindo apenas e só a entrada para a auto-estrada, era coisa para levar uns bons 45 minutos. Mas não. Só porque tenho a mania de entrar nas rotundas quando há um espaço físico (assumo aqui a total inexistência de um espaço sonoro, razão pela qual me fustigo), levei com o jovem (que acabava, presumo, de sair de uma Igreja, bla-bla-bla paz e amor, bla-bla-bla, tolerância e fraternidade) a chamar-me "otária". E eu nem me importava, eu importo-me pouco com zurrares alheios. O que me chateou foi que o moço da camisa de favos - sem gravata e já de botões desapertados - e que guiava um Mercedes alugado com tules cor de rosa no capô me chamou otária por eu lhe ter tirado do campo de visão, por breves instantes, o conforto da manada onde seguia. E toda a gente sabe que quem aprecia seguir em manada é boi.
Recomendo vivamente a toda a gente que vai casar num futuro próximo aquela coisa do mapa que explica o caminho entre a igreja e a quinta.
Outra coisa que recomendo é o uso de GPS nos Mercedes alugados.
Agora o que recomendo mesmo é que expliquem aos vossos convidados que o mundo não parou (não pára e não irá parar) só porque é o dia do vosso casamento. Os carros não vão deixar de circular na estrada e - pasmem-se! - as pessoas também têm a vidinha delas, as prioridades delas e isso não vai mudar só porque vocês casaram. Deal with it!
Querem ver que o emigrante ilegal que vivia numa pensão onde violou e espancou uma mulher e a quem disseram: vai lá embora, deixa aí a tua morada e vê lá se apareces daqui a quinze dias na esquadra, se pôs ao fresco? Em que planeta estamos, oh Deus!, em que os filhos da put@ mentem na morada, após terem raptado, violado e espancado um ser humano? Já não se pode confiar nos (alegados) criminosos? Quem podia prever um desfecho tão surpreendente, uma coisa tão extraordinária como esta? O Ministério Público, que solicitou a pena? O Juíz, que a sentenciou? Não, nada disso. Só todo o resto do país. Daria para rir, se a mulher e a justiça nacional não tivessem sido humilhadas e maltratadas. Assim só dá para vomitar.
Miguel - Prós e Contras (20-06-2011) from José Carlos Oliveira on Vimeo.
Mas hoje fala Miguel Lopes Gonçalves. Brilhante. A juventude só está à rasca se quiser. Claramente.
Se me permite, escrevo a carta em português. Um mega rico como o senhor deverá encontrar quem a traduza, e sempre é tempo que eu ganho. Ou nem sequer vai ler isto, e sempre é tempo que não perde.
Como já deve ter ouvido por aí, as suas palavras chegaram à Europa já quase esvaídas de energia e pujança. Enquanto os noticiários faziam chegar o seu nome, pela primeira vez, a muitos lares nacionais de classe média, que ouviu atenta e esperançadamente o que o senhor escreveu, os ricos de quase toda a Europa fingiram-se de mortos e rebolaram para o lado. Eu ia jurar que cheguei a ouvir alguns a assobiar, mas os mortos não assobiam.
Não posso, contudo, deixar de referir o meu espanto por ver a alegada maior democracia do mundo tomar uma atitude só agora, na quase insustentabilidade da crise, e que tenham sido necessárias as suas palavras para que o governo do seu país se sentisse na obrigação (?) de avançar com uma ideia que deveria ter sido deles, se isto funcionasse tudo como devia. Parecia que estavam à espera de uma autorização, não era? Parece que são todos, na tal maior democracia do mundo, um bocadinho submissos a lobbies vários dominados por mega ricos. Mas pronto, a coisa vai avançar, isso é que importa. Já diz o povo: antes tarde do que nunca. Voltando à Europa, essa "velha senhora", só o governo francês parece ter tido "permissão" dos seus mega ricos para avançar com medidas semelhantes. No resto da Europa não sei, ainda não ouvi nada. Aqui neste canto de onde lhe escrevo, continuam muitos a fazer-se de mortos. Os que "assinaram a autorização" não chegam para carregar o caixão onde este país está prestes a entrar. Dear Mr. Buffett, isso que o senhor sugeriu é tudo muito bonito na América, que é um país novo. Aqui os ricos estão habituados a outro tipo de tratamento. Anos e anos de tradição de fuga ao fisco, de malabarismos fiscais, de contorcionismos financeiros, e estamos todos à espera que se vá abdicar de tudo isso? O que se espera dos ricos portugueses é demasiado, considerando que toda e qualquer demonstração pública de solidariedade é sempre feita ao abrigo de leis que transformam o dinheiro "dado" em isenção fiscal. Isso é História, não se pode desprezar a História. Aquilo é dinheirinho que lhes custou muito a ganhar, ou o que pensa? Apesar de achar que não iria sequer "penetrar" a superfície, seria um bom princípio.
"Of the billionaires I have known, money just brings out the basic traits in them. If they were jerks before they had money, they are simply jerks with a billion dollars." - Warren Buffett
Este fim de semana fomos todos brindados com um surreal e desproporcionado ataque de pruridos por parte da classe "profissional" dos árbitros. Quisera eu, quando me pisam os calos, fazer uma birra e decidir não ir trabalhar. A sério que gostava. Aparecer, fazer barulho, dar nas vistas. Não pela competência porque essa, tivesse o senhor árbitro João Ferreira a certeza dela, e teria feito aquilo que lhe compete, que é meter os cartões no bolso, o apito na boca, e ir trabalhar. Mas não. Ficou ofendida, a virgem pura. Onde é que já se viu, um dirigente dizer que a classe (tipo assim em geral, mesmo) perdeu o respeito pelo clube? Senhores árbitros (sim, é para todos. Aparentemente ficaram todos com as orelhas a arder com as palavras de Godinho Lopes), eu cá não sou do Sporting. Deus me livre, até porque não tenho espírito de sacrifício nenhum, mas o que vocês estão a fazer (acho que neste preciso momento, em que se juntaram todos como se fossem as freiras que viram a pila ao padre) só vos devia causar embaraço. Andam há anos, décadas, a serem chamados de tudo por adeptos, jogadores e treinadores. Já vi conferências de imprensa em que vos chamaram ladrões. Corruptos. Filhos de senhoras da má vida. E vocês... na boa. Agora vai de saltar a tampa aos senhores só porque (sim, só porque) alguém foi politicamente correcto o suficiente para vos dizer que vocês perderam o respeito por uma equipa. E, vai-se a ver, essa declaração é mais verdadeira do que o cabelo do Donald Trump. Tenham vergonha na cara, a sério. A continuar com esta fantochada, apenas provam que não só perderam o respeito pelo SCP como por vocês próprios. É preciso ter muito brio profissional para assumir que se fez merda, aceitar isso como algo que não se pode mudar, e comprometer-se em ser melhor. E nada disso vos ficava mal. A vossa classe, convenhamos, não é respeitada. Não tem o carinho das pessoas. Não é vista com bons olhos. E estas cenas melodramáticas só pioram, digo eu, que sou apenas uma adepta de outro clube, a vossa imagem. Boicotar o Sporting? Ganhem juízo. E brio profissional, de uma vez por todas. Quem não deve, não teme. A última vez que eu vi uma virgem ofendida na sua honra, foi-se a ver... era promíscua. (Yes, não escrevi put@!).
Hoje tive um tipo que me chateou por e-mail. Estou a pensar pedir escusa e não trabalhar amanhã.
Hoje no meu telemóvel, uma oferta: "Precisa de dinheiro já? Transfira-o para a sua conta até ao limite disponível no seu cartão! Exemplo 1.500eur 12 meses, TAN 23,20%, TAEG 23,1%. Ligue XXXXX". O que sabem da minha vida os senhores do cartão Unibanco, que eu uso apenas quando viajo e que pago religiosamente no fim do mês? O que sabem das minhas dificuldades, do meu endividamento? Nada. Os senhores do Unibanco não sabem a mais pequena coisa sobre mim, excepto aquilo que eu lhes disse que era a minha vida, há coisa de dois anos atrás, quando achei que o cartão me fazia falta para as viagens. Sabem lá os senhores do Unibanco se eu não perdi o emprego entretanto. Se eu não precisei de contrair um empréstimo para me safar de qualquer coisa. Nada. Os senhores não sabem nada sobre a minha saúde financeira. Ainda assim, oferecem-me, de "mão beijada", € 1.500,00 que, daqui a um ano, me iriam custar € 1.848,00. Só. E eu, que tenho a sorte de ter um emprego (sim, pelo que tenho visto, ter um emprego, hoje em dia, não é só uma questão de competência, é também uma questão de sorte) e de ter as minhas finanças relativamente controladas, podia colocar-me num pedestal e dizer que sim, que os senhores podem fazer a publicidade que quiserem, porque as pessoas têm de ter juízo. Mas as pessoas não têm juízo. Muitas perderam-no, ao longo do caminho, junto com o emprego que lá vai e as contas que teimam em aparecer. Muitas pessoas não têm juízo, porque já nem sequer conseguem comprar comida. E uma oferta de € 1.500,00 para resolver problemas de hoje não pesa no quanto vai custar amanhã. Os portugueses não são educados financeiramente. E isto, esta falta de educação financeira, foi também o que nos levou à espiral de sobreendividamento em que nos encontramos. Não podemos exigir discernimento de pessoas que estão à beira do abismo. Não podemos esperar clareza de quem só tem cenários negros à sua frente. Mas podemos, devemos, reivindicar que o Estado proíba este tipo de ilusões. Sim, os adultos devem saber cuidar de si. Todos sabemos isso. Então e a publicidade ao tabaco, é proibida porquê?
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!