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Hoje por aqui chora-sea morte do senhor da rádio.
António Sérgio, o mestre, abandonou-nos hoje. A rádio perdeu o seu norte. Inigualável, insubstituível, genial.Que descanse em paz.
Recém chegada do bloco operatório, após mais uma interminável cirurgia à coluna, ainda baralhada pela anestesia, foi ouvir a minha mãe "dar na cabeça" do marido da senhora da cama ao lado:
- O senhor tem um ar abatido (não, ela não o conhece de parte alguma). E não pode. Quando estamos doentes precisamos é de quem nos dê apoio, não podemos andar a dar colo aos outros.
E pronto. Sabe mais em recobro do que muita gente acordada.
Vi o Dirty Dancing na adolescência. Nunca fui admiradora dele. A proximidade que nos deram os filmes fizeram-me receber, com pena, a notícia que estava doente. Foi também com pesar que soube hoje que morreu. Não vou aqui recordar passagens do filme que me deu a conhecer Patrick Swayze. Mas quero deixar aqui uma lembrança da sua fragilidade e da sua frontalidade quando assumiu, numa entrevista:"Existe muito medo dentro de mim. Sim, estou assustado. Sim, estou com raiva. Sim, ando a questionar-me: porquê eu?". E a resposta está numa frase que me disse a minha "madrinha" na semana passada: "Se a vida fosse justa nós não estávamos aqui a falar disto."
RIP
Acordamos cedo. Reclamamos com o despertador. Tomamos banho, vestimo-nos, metemo-nos no carro. Zangamo-nos com o trânsito. Reclamamos mais um pouco. Não encontramos lugar para estacionar. Ficamos zangados com tudo. Passamos o cartão de ponto com raiva. Odiamos o nosso trabalho, os dentes rangem, a vida é estúpida. Havemos de mudar de emprego, de vida, não gostamos da que temos. Achamo-nos subaproveitados, subvalorizados. Sentimo-nos furiosos. Queremos dar o grito do Ipiranga, mas hoje não. Temos problemas gigantes. A vida é um caos. A NOSSA vida é um caos. Vocês sabem lá. Não podem saber, vocês não têm problemas como os meus.
Apresento-vos Nick Vujicic. “No arms, no legs, no worries”. Olho agora para os meus problemas e sinto-me pequenina. E inspirada.
Deixem-se de merdas, de "ai que aflição" e vejam os vídeos.
Obrigada, Alf, por me teres apresentado o Nick.
Das algumas (poucas) vezes que tive oportunidade de "conviver" com o Senhor Bobby Robson guardo memórias que me fazem esboçar um sorriso.
O mundo perdeu hoje uma boa alma. Que descanse em paz.
Sir Bobby Robson
18 Fevereiro 1933 – 31 Julho 2009
... agora mesmo, uma reportagem sobre o Ruanda depois do genocídio de 94.
Arrepiante. A lembrar que a vida não é um filme.
Finalmente Eluana Englaro vai conseguir ter a paz que desejou para si, ao dizer ao pai que preferia morrer a viver em estado vegetativo. Finalmente o pai de Eluana Englaro conseguiu aquilo que todos os pais desejam: fazer a vontade à sua filha. Finalmente o mundo pode ver aquilo que é uma demonstração suprema de amor paternal e de altruísmo (desengane-se quem alega o contrário: que pai quer ver um filho morrer?). Finalmente Sílvio Berlusconi tocou a terra e viu-se forçado a baixar do alto da sua típica prepotência. Finalmente, Eluana Englaro partiu. Alheia aos debates, às discussões e a princípios morais que ela não pediu para regerem a sua vida. 17 anos depois, a justiça dos homens fez-lhe a vontade. A simples vontade que tinha, que era a de não continuar. Não assim. E é essa justiça (a dos homens) que eu aplaudo hoje.
Ovacionávamos em pé e ininterruptamente um homem que, aos 99 anos mostra ainda energia e capacidade de criar. Podíamos brincar com a lentidão dos seus filmes, com as imagens paradas, com os argumentos pesados. Podíamos. Mas encheríamos sempre o peito de orgulho para dizer que Manoel de Oliveira, o realizador mais velho do Mundo no activo, é nosso. Que, a menos de 2 semanas de fazer 100 anos, ao frio de Novembro, vai filmar para a baixa de Lisboa cenas de exteriores. Que é preciso uma lucidez tremenda e uma vontade do tamanho do Mundo. E que nós, ainda que a custo, sabemos que Manoel de Oliveira nasceu na parte errada desse Mundo.
Vá, sosseguem os mais ansiosos. A solteir(on)a mais convicta da blogosfera não decidiu desistir da vida celibatária (menos, Bad, menos...). Nem sequer anda por aí a fazer muros novos. Quem eu amo de paixão é, pasmem-se, o Senhor Carlos do Carmo.
Hoje, depois de uma tarde passada a aturar manias de uma pseudo-vedeta com aspirações a estrela, entrei no carro e, em vez de carregar no botão "Disc" deixei-me ficar a ouvir um pouco do que passava nas ondas da rádio. Aquilo era decisão para não durar muito. A minha paciência para os disparates do Alvim tem limites muito estreitos. De repente, e para meu regozijo, lá estava ele, a transformar um programa de rádio que segue linhas de gostos duvidosos num programa carregado de dignidade e classe. E eu esqueci o trânsito, a estupidez do meu dia e o frio. E fiquei a ouvir coisas que só um Senhor tem capacidade para dizer. E não posso estar aqui a escrever sobre uma das pessoas do meio artístico que mais admiro. Por uma simples razão: apesar de me considerar fluente nesta língua, sei que teria de inventar novas palavras para descrever, ainda que certamente com algumas falhas, tudo o que gosto em Carlos do Carmo. À falta de outras palavras, deixo-lhe os Parabéns pelos seus 45 anos de carreira. E que venham mais 45.
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!