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Bad's dixit

por Bad Girl, em 01.09.08
"é frustrante saberes que não tens peso nenhum na vida de uma pessoa que te marca tanto"

Denial

por Bad Girl, em 11.05.08
A chave para sobreviver a quase toda a monotonia do dia-a-dia é, para mim, a negação. Nego a fadiga, nego o pavor de falhar, nego o stress, nego a pressão, nego a tua ausência, nego a vontade que tenho de ser, simplesmente, a melhor. Elisabeth Kübler-Ross definiu cinco estágios pelos quais as pessoas passam para lidar com a perda, o luto e a tragédia. A vida anda a tal velocidade e com uma intensidade tão louca que eu assumo estes estágios para o meu dia-a-dia. Não que ela seja uma tragédia. Às vezes está, até, mais para a comédia. Mas, onde é que eu ia? Ah.. na negação. A fase número um da Dr.a Kübler-Ross. As outras (bem fáceis de identificar para quem vê séries médicas) são a raiva, a negociação, a depressão e a aceitação. Pensando bem nisto, as minhas fases saltam loucamente do nada para a depressão (bendita bipolaridade!) ou estagnam na negação. Não me lembro de ter negociado vez nenhuma. Se calhar fi-lo subconscientemente. A aceitação é que não me cheira mesmo. Tenho de analisar um grau de consciência diferente. Talvez "baixar" até à inconsciência. Bem me parecia que toda a actividade mental que tenho quando durmo não é só para sonhar...

Nesta coisa da negação acho curioso aquilo que eu nego com mais veemência: o facto de estar, efectivamente, em negação. Vejo apenas o que quero ver. Acredito apenas naquilo que quero acreditar. Durante uns tempos funciona. Esse hiato deve levar-me directa à depressão. Nego tanto e com tanta força que tomo como verdade a minha versão da negação. A versão que tenho construída na minha cabeça não muda, é estanque, é rígida, é a minha verdade. E essa é a única que reconheço quando olho nos olhos das outras verdades. E até um dia, deixo de reconhecer a verdade em si. Corro meia maratona, uma maratona, o que for preciso, com ela a perseguir-me e eu a fugir dela. Até à altura em que tenho apenas um muro à frente e já não tenho força nem coragem para o saltar. Fico hesitante em olhar para a verdade, que é a única alternativa entre mim e o muro. Volto-me com cuidado, e dou de caras com ela, furiosa, ávida por confrontar-me. Não posso fugir dela, que está ali à minha frente. Mas fugir dela, negar, não muda a verdade.

"Learn to get in touch with the silence within yourself and know that everything in this life has a purpose." - Elisabeth Kübler-Ross (1926/2004). Mais aqui.

Já compraram?

por Bad Girl, em 09.05.08
Há cerca de 50 anos atrás, quando o irmão da minha mãe nasceu, não havia ecografias que diziam às mães que os filhos iam nascer com deficiências. Há cinquenta anos, quando o meu tio nasceu, ninguém sabia o que fazer com uma criança deficiente. Há cinquenta anos atrás, quando a minha avó procurou uma solução para formar o meu tio, a minha bisavó, matriarca da família, achou que inscrevê-lo num sistema de semi-internato era marginalizá-lo. E lá ficou o meu tio "guardado" em casa, com os cuidados extremosos de uma avó, uma mãe e uma irmã. Ao fim de 45 anos o "miúdo" (como a minha avó ainda o vê), tornou-se incomportável, tendo em conta o estado de saúde dela. E toda uma equipa de profissionais dedicados ficou de braços abertos para o receber, cuidar dele, dar-lhe o apoio que ele já não conseguía ter em casa e todo o carinho a que estava habituado. Ali encontrou uma família de afectos. Lamentavelmente, e ao contrário do meu tio, que recebe visitas todas as semanas, por vezes mais do que uma vez na mesma, há crianças, jovens e adultos que foram completamente esquecidos por aqueles que são a sua família de sangue e contam apenas com a incansável família da CERCI. Por essas e por outras razões, deixo hoje a maldade de lado e dedico este post ao simpático Pirilampo Mágico. Custa só € 2,00. Vale muito.
Mais informações aqui.

Já não me apeteces!

por Bad Girl, em 22.04.08
E é tudo o que me apetece dizer sobre este assunto.

Tu

por Bad Girl, em 11.04.08
Imagem daqui

I’ve written you letters that I like to send
If you would just send one to me

Dolly Parton (Katie Melua)
Just When I Needed You Most


Porque também há elevadores sem espaço para mim. A diferença é que eu não vou tentar entrar à força...

Finalmente, alguém que me compreende!

por Bad Girl, em 27.12.07
Ontem, no cinema, vi o trailler de um filme. Não deverá passar de um daqueles filmes de Domingo à tarde. Contudo, John Cusack diz uma frase que eu ando a repetir há anos sem me conseguir fazer entender. Por isso, depois de estrear, vou arrastar todos os meus amigos e familiares que teimam em não me compreender para o cinema, para ver Martian Child. A frase, essa? Uma constatação simples que descreve tão bem a minha forma de estar na vida:

"I don't want to bring another kid into this world. But how do you argue against loving one that's already here?"

Vida de Adulto

por Bad Girl, em 15.11.07
(Outro título roubado ao Pedro Paixão...)
Passamos grande parte da vida de crianças a querer ser adultos. A pensar no que queremos ser quando formos grandes. A aprender a ter responsabilidades, a crescer. Olhamos para as pessoas que votam, que conduzem, que vivem sozinhas, que trabalham e queremos ser como elas. Saltamos para dentro dos sapatos das mães, tropeçamos, besuntamo-nos de maquilhagem. Fartamo-nos de seguir ordens: dos pais, dos professores, dos irmão mais velhos... Suspiramos e olhamos para o espelho. Queremos que as maminhas cresçam. O rabo também. Queremos ser mais altas. Queremos estar sozinhas. Ainda não sabemos, mas queremos sexo.

Depois começamos a trabalhar. Uma inevitabilidade, já que depois de termos aprendido a conduzir, temos de pagar um carro, uma casa. Começamos a seguir outras ordens, a engolir outros sapos. A maquilhagem começa a ser obrigatória, os sapatos de salto alto fazem doer as costas. Olhamos para o espelho, quando temos tempo. A responsabilidade é uma merda. Pedimos conselhos aos pais. Estamos mais altas. Queremos ter menos rabo. E já temos maminhas. Até temos sexo. Mas tudo se complica, a vida cruza-se entre responsabilidades e obrigações. Gostávamos de ter brincado mais. Rasgado mais os joelhos. Corrido mais. Saltado melhor. Já não nos doem os joelhos rasgados. Dói-nos a alma. Já não corremos para brincar. Corremos porque estamos com pressa. Procuramos arte, bons restaurantes. Esquecemo-nos dos desenhos que expúnhamos orgulhosamente no quadro da escola. Das sandes comidas num ápice no recreio. Quando nada fazia sentido na cabeça, a vida fazia muito mais sentido.

Arrefecimento global

por Bad Girl, em 11.11.07
Acredito que as coisas não fiquem quentes para sempre. Por muito que demorem a aquecer.
Não me irrita que arrefeçam.
Não suporto, isso sim, que amornem...

Convém - ou não - esclarecer que este pensamento não tem nada a ver com nenhum aspecto da minha vida nos dias que correm. Foi apenas uma consideração que fiz durante a tarde, e não pude deixar de a anotar. Porque, agora, daqui a dois meses, ou há meio ano atrás, faz sentido...

Tenho-te debaixo da pele

por Bad Girl, em 21.09.07
Não te tenho no coração, que ainda muda de ritmo quando penso em ti.
Também não te tenho na cabeça, que ordena um esboço no meu sorriso quando te vejo.
Tenho-te debaixo da pele.

Não te tenho nas mãos que te tentam agarrar.
Nem sequer te tenho nos olhos que te procuram.
Tenho-te debaixo da pele.

Não te tenho nas fotos que guardo, e que ainda há pouco reencontrei.
Não te tenho nas cartas que recebi tuas.
Tenho-te debaixo da pele.

Não te tenho nos momentos que a minha memória insiste em guardar.
Nem te tenho nos sonhos que tive contigo.
Tenho-te debaixo da pele.

Não te tenho à flor da pele.
E não te tenho nas entranhas.
Tenho-te debaixo da pele.

Não te tenho nas músicas que eram nossas.
Nem nos locais que passamos.
Tenho-te debaixo da pele.

Os outros são apenas bronzeados. Com mais ou menos intensidade, acabam por perder força, e eventualmente sair. São apenas breves lembranças de dias de sol, que queimou a pele e se desvaneceu. Não duram além de uma estação. Não vão além da derme.

Tocam, mas não se entranham. Porque eles não estão onde te tenho. Debaixo da pele. E, apesar de perceber que nunca te conseguirei ter noutro sítio, é debaixo da pele que eu te quero ter.

Tu, aqui, tão longe...

por Bad Girl, em 05.09.07

Hoje vi-te na praia. Chegaste depois de mim, e sentaste-te na fila em frente à minha. Vinhas com os teus pais - com quem não te dás - e com o teu irmão - que sei que não tens. Achei que eras tu, apesar de já me ter esquecido como és. Nunca me lembro como são as pessoas que escolho esquecer. Apenas pequenos detalhes. Características particulares. Afinal, o essencial é invisível aos olhos. O meu coração não começou a bater com mais rapidez, não senti vontade de mudar de lugar para longe, nem sequer de te fazer ver que estava ali mesmo, perto de ti. Nem ternura nem raiva, nem alegria nem tristeza. Constatei que estavas lá, da mesma forma que constatei que estava vento. Voltei a perder-me nas estradas das letras, depositei a minha atenção no livro que lia. Tu não me viste, acho, ou nem me quiseste ver. Quando fui mergulhar no mar, já me tinha esquecido que lá estavas. Passei por ti e lembrei-me que te tinha visto antes. Foi preciso eu estar algum tempo na água e regressar ao lugar para me aperceber, ao cruzar-me contigo a caminho do mar, que não eras tu. Podias ser. Já não sei como és. Mas um dos detalhes visíveis aos olhos lembrou-me que não eras assim, fosses como fosses. Não me senti triste por não seres tu, nem suspirei de alívio. Voltei ao meu livro e ao meu sol.

E perguntas-me tu (que optaste por te afastar mas continuas a espreitar este meu espaço, a canibalizar as minhas palavras, talvez para tentar ler a minha alma...), com esse ar de quem tudo sabe, de quem lê nas entrelinhas (esse ar que o outro tu não tinha): mas se já não sentes nada quando me vês, porque escreves um post todo só para mim? Pois, é preciso compreender que não é para ti nem por ti. É para mim e por mim. Às vezes preciso de me lembrar das pessoas que optei esquecer, porque posso esquecer as pessoas, mas nunca poderei ter a leviandade de me esquecer o motivo que me levou a não me querer lembrar delas.


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Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!

 

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