
Não te tenho no coração, que ainda muda de ritmo quando penso em ti.
Também não te tenho na cabeça, que ordena um esboço no meu sorriso quando te vejo.
Tenho-te debaixo da pele.
Não te tenho nas mãos que te tentam agarrar.
Nem sequer te tenho nos olhos que te procuram.
Tenho-te debaixo da pele.
Não te tenho nas fotos que guardo, e que ainda há pouco reencontrei.
Não te tenho nas cartas que recebi tuas.
Tenho-te debaixo da pele.
Não te tenho nos momentos que a minha memória insiste em guardar.
Nem te tenho nos sonhos que tive contigo.
Tenho-te debaixo da pele.
Não te tenho à flor da pele.
E não te tenho nas entranhas.
Tenho-te debaixo da pele.
Não te tenho nas músicas que eram nossas.
Nem nos locais que passamos.
Tenho-te debaixo da pele.
Os outros são apenas bronzeados. Com mais ou menos intensidade, acabam por perder força, e eventualmente sair. São apenas breves lembranças de dias de sol, que queimou a pele e se desvaneceu. Não duram além de uma estação. Não vão além da derme.
Tocam, mas não se entranham. Porque eles não estão onde te tenho. Debaixo da pele. E, apesar de perceber que nunca te conseguirei ter noutro sítio, é debaixo da pele que eu te quero ter.