Falava-se um destes dias, lá pelo burgo, sei lá do quê (eu sei do quê, mas não convém dizer...) quando me lembrei
dele. E disse-o, boca fora, assustada pelo eco que as palavras fizeram na minha cabeça:
- Teria sido o único homem a levar-me ao altar. De uma igreja. Nem que fosse com um padre.
O Burgo gelou com tamanha manifestação assumida da existência de sentimentos em mim. O espanto foi tanto que comentaram, entre si, que devia ser mesmo a sério. Nunca me tinham ouvido dizer nada assim. Nem sequer parecido. As palavras entoaram na minha cabeça e eu percebi o que tinha dito em voz alta. O reflexo dos meus sentimentos, ditos apenas cá dentro, até agora.
Uma alma crente em histórias com finais felizes ainda me disse:
- Huuummm... vais ver que ainda acabam juntos.
Eu ri-me e disse-lhe:
- Não me parece que seja uma coisa que a mulher e a filha fossem gostar muito.
Abalados mas não derrotados. Foi assim que eles ficaram. Afinal conhecem-me. E não conhecem a prole de parte alguma. Insistiram:
- Então... pode divorciar-se.
Eu parei e saboreei a possibilidade. Apenas para lhes responder:
- Nãã. Eu só quero que ele seja feliz.
E fod@-se, estou a pensar nisso até agora. É que é mesmo isso que eu quero. E, se isso não é amor, então não sei o que é.
Ah... e desenganem-se os que julgam que isto é um sinal de fraqueza. Já não me sentia assim tão forte há muito tempo.