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A magnífica vida nas redes sociais

por Bad Girl, em 05.08.14

Há coisa de três anos, mais mês menos mês, MQT mostrava-me no Facebook um anúncio de uma pastora alemã que ia ser levada para o canil no dia seguinte. O apelo era urgente, sem explicações, e aflito. MQT mostrou-me aquilo e disse que provavelmente seria treta. Não era possível, ele sabia lá qual era o esquema por trás daquilo, mas aquela cadela não podia estar ali para dar. E, a título de tira-teimas, mandou um email à dona da cadela. A resposta não se fez esperar, o tom era desesperado e vinha acompanhado com um número de telefone. E eu liguei. Antes de ligar, disse logo a MQT que aquilo não ia acabar bem e que, se eu fizesse aquela chamada, era provável que tivéssemos um cão em casa antes do anoitecer. E assim foi: eu ouvi uma história que não percebi, de um divórcio mau, de um homem ainda pior, e de uma cadela indefesa no meio do chorrilho de desgraças. Num ápice estávamos à porta da casa da senhora, apenas com a promessa de que ficaríamos com a cadela até eles arranjarem outro dono. O cenário não ficou a dever nada a uma novela mexicana: havia a mãe, que se estava a divorciar, a filha, que vivia lá, e o neto, a quem pertencia a cadela. Em menos de nada estávamos a caminho de casa, com a cadela no carro. Para trás tinha ficado um miúdo inconsolável, sufocado pelas lágrimas. Naquela altura a mãe do miúdo passou a fazer parte do meu Facebook. Falamos umas três vezes. Uma delas para lhe dizermos que ficávamos com a cadela a título permanente, outra para pedir a alteração da "propriedade". Fomos sempre nós a ligar. Isto foi em Outubro. Em Dezembro, a bela samaritana apresentou à sociedade Facebookiana o cão que havia adoptado, para oferecer ao filho. E, nos últimos anos, tem partilhado à velocidade da luz posts de cães abandonados, cães para adoptar, cães maltratados,... e eu dou por mim a pensar que isto da vida que se vive no Facebook é uma maravilha: somos aquilo que queremos mostrar, apesar da merda que possamos ser realmente. E eu não sei se esta criatura é hipócrita ou está, apenas, em delírio. Mas quem vê de fora fica a pensar que sim senhora, está ali uma categoria de uma defensora de animais, capaz de se indignar com a mais pequena coisa que desrespeite um animal. Contudo, gosto de acreditar que as atitudes ficam com quem as toma. E esta pessoa não vale uma gamela do canil de onde tanto tenta resgatar animais. E não há partilha ou estado do Facebook que mude isso.



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Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!

 

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