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Breve passeio pelo mural de Facebook onde alguns sites de jornais partilham notícias. Respirar fundo. Ganhar coragem para ver os comentários e perceber, logo ali, a razão que leva este país a estar numa crise profunda:
Notícia 1:
Doente com Hepatite C pede ao Estado que não o deixe morrer. Comenta-se o telemóvel do doente. Que não se pode queixar. Que quem tem um iPhone novo não pode ousar pedir ao Estado que trate de si. Ainda que o fármaco que pede o doente custe assim umas 70 vezes o que custa o telefone. E que, a bem da verdade, os cidadãos tenham direito a cuidados de saúde. Não queremos saber. Somos mesquinhos, pequeninos e sobredimensionamos minudências subdimensionando coisas importantes.
Notícia 2:
Na Arménia uma mãe quis abandonar o seu filho, nascido com Trissomia 21. Parece que é o que se faz por lá. Perante a recusa do pai, esta atirou-lhe com uma ameaça de divórcio. Ele aceitou o divórcio e pediu ajuda. Juntou 200.000 dólares. Comenta-se que anda por aí muita mãe que criou os filhos sozinha e nunca pediu ajuda ninguém. Bate-se no peito, "eu fiz isso também!". Bate-se no ceguinho: este pai não é herói, este pai fez o básico. É, quando muito, um inútil que andou a cravar dinheiro para criar o filho. Somos grandes, todos heróis, somos os maiores. Quando fazemos somos os melhores, quando os outros fazem, não fizeram mais do que era suposto.
Notícia 3:
Modelo portuguesa desfila para a Chanel. Qual portuguesa qual quê, a miúda é moldava. Lá porque veio para cá aos cinco anos, andamos agora a dizer que é portuguesa, somos mesmo deslumbrados. E feia, ainda para mais miúda é feia, e tem monocelha (era maquilhagem, vão por mim). É magra que dói (só se lhe via a cara, vão por mim também). Somos invejosos. Lidamos mal com o sucesso dos outros.
Para onde vai um país que não se indigna com a falta de cuidados a um doente, que não sente alegria porque um pai fez o que uma sociedade inteira não faz e que não sente um bocadinho de orgulho por ver um rosto (bonito e com duas sobrancelhas) ter sucesso? Não sei para onde vai, mas não vai chegar a bom porto, certamente.
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!