por Bad Girl, em 24.06.14
Somos um bando de hipócritas, cegos seguidores do 'politicamente correcto'. Assim, sem paninhos quentes nem rodriguinhos (Seguro, olha tu a fazeres escola). No passado Domingo muitas foram as piadas feitas à conta do penteado de Cristiano Ronaldo. Eu calhei de não gozar com o design da coisa, podia tê-lo feito, mas não me apeteceu. Não é do pior que se faz por aqueles lados, não calhou de me sair nada, podia ter saído. Mas há pessoas que gozaram com o penteado, é assim com as figuras públicas, põe-se a jeito e nós, comuns mortais, em calhando, gozamos. A elas tanto se lhes dá como se lhes deu, ganham o mesmo ao fim do mês, e nós damos umas gargalhadas. As reacções não se fizeram esperar. As primeiras pessoas, reagindo a quente, sentenciaram a famosa, e desgastada, inveja. A inveja serve para tudo, neste país. Não gostas do penteado do Ronaldo? Tens inveja. Não vais à bola com a Kardashian? Tens inveja. Achas as Ronaldas pirosas? Tens inveja. E da Luciana Abreu? Inveja. A inveja serve para diagnosticar tudo nesta santa terra. E lá andamos nós, os que têm opiniões (todos, na verdade, certo?), carregados com o pesado fardo da inveja. É muito triste, isto de se andar a invejar todos os outros. Porque ser rico e famoso é, aparentemente, tudo aquilo que todos nós devemos ambicionar. Mas adiante, deixemos a moda da inveja para outro dia. Depois da brigada da inveja, chegou a outra brigada. A brigada do "agora vais engolir essas palavras". E porquê? Porque, afinal, o penteado tinha um significado muito especial, demonstrava todo altruísmo e toda a solidariedade de Ronaldo: o penteado de Ronaldo era uma homenagem a um menino que foi operado ao cérebro e cuja operação Ronaldo patrocinara. Por bonita que seja a história, afinal só metade desta é verdade. E é a metade que interessa, Ronaldo está a ajudar a criança a ser tratada (e ainda não foi operada). E isso é bom, ele faz o que quer com o dinheiro que ganha, e usar parte do dinheiro para ajudar quem precisa é sempre uma óptima escolha. Mas, e então? E se o penteado fosse para homenagear a criança? Já era bonito? Já aparecia uma lei a proibir-nos de achar que o penteado é parvo? Ou só não podíamos dizê-lo? Não é politicamente correcto. É só hipócrita. E triste. Mais triste do que não ir aos oitavos.