Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Acordar de manhã de trombas, zangada com a vida não é mau feitio. É, no mínimo, mau acordar.
Sair de casa aos berros com os filhos, ou os cães, porque estás atrasada não é mau feitio. É, no mínimo, mau planeamento.
Buzinar ao carro da frente, ao do lado, cortar rotundas, forçar passagem também não é mau feitio. É, quando muito, má condução.
Odiar o trabalho, as pessoas do trabalho, o ambiente do trabalho, o telefone que toca no trabalho, o patrão, o chefe e até a empregada de limpeza. Todos os dias. Não me soa a mau feitio. É, na melhor das hipóteses, falta de alternativa.
Não dizer “bom dia!”. Por iniciativa própria ou reactivamente. Nem “por favor”. Nem “obrigada”. Má educação. Clara.
Odiar a sogra. O cunhado. O primo do marido. A mulher do melhor amigo. A vizinha de cima. A de baixo e a do lado. Pode até ser falta de sorte, mas não é mau feitio.
Hoje em dia as pessoas escudam-se no seu alegado mau feitio. Aparentemente é tido como uma coisa boa, há estudos que dizem que se vive mais tempo, que se é mais bonito, que se é mais inteligente. Basta, para isso, ser-se o feliz proprietário de um mau feitio. E então as pessoas acham que a vida é como é, que fazem aquilo tudo lá de cima e mais, porque, dizem, têm mau feitio. E têm orgulho em tê-lo, afinal há estudos. Pois, mas acordar de trombas e levar o dia e as semanas, os meses e os anos assim, de trombas com a vida, não é mau feitio. É, na melhor das hipóteses, mau amor. Na pior, é ser-se uma besta. E não há estudo científico que ponha isso bonito.
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!