por Bad Girl, em 30.08.14
Eu percebo, até percebo, a coisa de dizerem aquilo de os opostos se atraírem. Merece-me o respeito de toda e qualquer outra generalização. Pouco, portanto. MQT e eu somos dois patetas. Eu sei que era pateta (talvez uma pateta mais comedida) antes de o conhecer. Suponho que ele fosse também um bocadinho pateta antes de me conhecer. Claramente nós aprimoramos a patetice um do outro. Às vezes penso como seria se me tivesse apaixonado por um macambúzio. E ele por mim. O que aconteceria à minha patetice? 'Macambuziava'? Ou seria olhada diariamente com condescendência pelo homem com quem partilhava os dias? Porque uma pateta adulta, convenhamos, ao lado de um macambúzio, só pode esperar encolheres de ombros e abanares de cabeça. O meu irmão, por exemplo, é uma pessoa ponderada. E eu não escrevi picuinhas porque, às vezes, também eu sou ponderada. Sempre foi. O meu irmão nunca fez, que eu me lembre, uma compra impulsiva. Analisa, compara, pondera, analisa, compara, e compra. A pessoa com quem ele casou também é ponderada. Juntos, aprimoraram-se um ao outro e, agora, fazem mapas de Excel. Aprimoraram aquilo que lhes é comum. Ainda que essa coisa em comum me seja estranha, acho que o meu irmão nunca conseguiria casar com uma pateta como eu. Eu sei muito bem que metade das pessoas não percebe as nossas piadas (o meu irmão e a mulher dele incluídos) setenta e cinco por cento, números redondos, das que percebem não chegam a achar piada. Mas nós somos toda a audiência de que precisamos. E às vezes dou por mim a achar que tive mesmo muita sorte por não ter encontrado um oposto que me atraísse. É certo que divergimos em temas importantes, como a religião ou política, temos enormes divergências em relação ao consumo de vegetais mas, no final e contas feitas, rimos das mesmas coisas. E, se me perguntarem a mim, direi que é o que importa.
27.08.2014