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Eu avalio. Tudo. Todos. Sempre. Avalio as atitudes, as palavras, os discursos, o trabalho, a vida, as escolhas. Provavelmente avalio até os pensamentos e os sonhos dos outros. Não me preocupa o pretensiosismo em nada disso. Sei que, quando estou a avaliar, estou a usar os meus critérios, as minhas expectativas, a minha imagem. Sei que nada daquilo vale muito, no mundo lá fora.
Não julgo. Julgar requer imparcialidade, clarividência, bom senso. E eu não tenho nada disso. Ninguém tem. Aquelas pessoas que estão convencidas que sabem julgar estão apenas a atirar sentenças baseadas em avaliações mal feitas. Começaram por avaliar mal a capacidade que têm de avaliar os outros e continuaram avaliando os outros não segundo o seu critério, mas à sua imagem. E nunca verão nada de bom neles porque, quando olham para os outros, estão apenas a ver um reflexo de si mesmos.
O blogue deve beber da vida. A vida não deve beber do blogue.
A vida deve abrilhantar o blogue. O blogue não deve abrilhantar a vida.
Uma boa vida dá vida ao blogue. Um bom blogue não dá vida à vida.
Os golos são bonitos, mas não são o mais bonito.
A vitória é bonita, mas não é o mais bonito.
Bonito, bonito foi ver o Carlos Martins chorar. Há pessoas que vivem longas vidas sem conseguirem ter o prazer de admirar tamanha beleza.
Aqui não há imparcialidade nem pruridos. Querem pezinhos de lã e festinhas na cabeça, vão ler jornais.
Cá em casa, quando estão muitas máquinas ligadas, a luz vai abaixo. Se calhar foi isso que aconteceu ontem na Luz: aquele estádio não está preparado para albergar tanta potência.
Ainda a falar de futebol? Já era altura de parares, não achas?
Não, não acho.
Estava aqui a ouvir a brutal banda sonora de "127 Hours" e estabeleci um paralelo que não é só um paralelo. É o príncipe dos paralelos. Claro que se não viram o filme e não sabem a história de Aron Ralston dificilmente acharão alguma graça ao mesmo (paralelo). Ainda que tenham visto, é possível que não achem graça, mas eu não tenho culpa do vosso mau feitio...
Adiante, Aron Ralston (Portugal) é um tipo que vive na sua. Não liga a ninguém, não atende o telefone, não tem amigos, não se afeiçoa, quer é arriscar a vida e continuar a olhar para o seu umbigo. Quer dizer, não liga a ninguém, não. Porque quando vê miúdas giras, Aron sai do seu caminho, apenas e só para flirtar com elas. Aron Ralston (Portugal) é irresponsável e, de uma forma muito pouco inconsciente, sabe-o. De tantas vezes Aron foi passear para o deserto, sozinho, egoísta, que um dia havia de acontecer o pior. Caiu no buraco. Ficou com o braço preso numa pedra e com a vida em suspenso. Durante o tempo em que Aron esteve preso,between a rock and a hard place, analisou a sua vida e, algures no meio das 127 horas, chegou à conclusão que toda a sua vida, o seu comportamento, as suas escolhas o levaram exactamente àquele momento. Foi ele que "chamou" aquela pedra. Ainda com o braço preso, Aron sobrevivia, enganado com a "amizade" de um falcão corvo que sobrevoava soberana e indiferentemente o buraco onde Aron estava preso. Ora Aron podia ser irresponsável, mas não era burro. Sabia que, para se safar, precisava de optar pelo "mal menor". Ainda assim, depois de decidir que preferia perder o braço a perder a vida, Aron viu-se à nora. Porquê? Porque se preparou mal para esta viagem e deixou o canivete suíço em casa. Levou o canivete dos chineses, o que estava mais à mão. Essa "balda" quase lhe custou a vida. E assim está Portugal. No buraco, já sem braço, a correr como se não houvesse amanhã para onde acha que deve. O mal está feito. Melhor teria sido que tivesse avisado para onde ia, que se tivesse preparado. Mas nada disso aconteceu. Já está sem braço, sem forças e agarrado a um fio de vida. No final do filme, Aron pede ajuda. Acaba por viver sem o braço, levando uma vida em tudo semelhante à que levava antes deste episódio, mas diferente nos básicos. Diz para onde vai, fica contactável e prepara-se para cada viagem. Ficou responsável. E um braço não é um preço alto a pagar, se a vida estiver no outro prato da balança.
(O vídeo da música que levou a isto foi o melhor que se pode arranjar...)
Para as eleições balneares legislativas próximas, olho da esquerda à direita e a única coisa que me apraz dizer é o seguinte: se é para (finalmente) aparecer, é bom que o D. Sebastião venha agora. Grata.
Tão coerente como os jogadores do Real Madrid começarem a jogar de saltos altos.
O status de um "amigo" do Facebook diz: "Faz um ano que me libertei daquele antro. Foi o dia mais feliz da minha vida!".
Como vocês não conhecem o A. podem achar que ele é apenas e só uma pessoa indelicada que celebra o facto de se ter despedido há um ano. E que dali deve ter tirado grandes proveitos. Afinal, foi o dia mais feliz da vida dele.
Nada mais errado, eu traduzo: o A. foi despedido, há exactamente um ano, do sítio onde trabalhava há quase 20 anos. Durante esses 20 anos perdeu festas de aniversários dos filhos, faltou a jantares de família e passou noites sem dormir, tudo pelo seu emprego, que sempre colocou em 1º lugar. Não hesitou na escolha que a mulher o obrigou a fazer e está divorciado. Foi comido por lorpa e levou para casa uma indemnização de merda.
O A., passado um ano do "dia mais feliz da vida dele", tendo ex-chefes, ex-colegas, ex-parceiros de negócios e todos os actuais da mesma espécie como "amigos" no Facebook, grita que se libertou (uh, uh) e que foi o dia mais feliz da vida dele. Podia estar sossegado? Podia. Podia ter noção da realidade e ficar lá no cantinho dele? Podia. Mas não. O ego das pessoas precisa destas coisas: de ilusões. De fazer de conta. De gritar mentiras tão alto e tantas vezes que, eventualmente, elas se tornam verdades. Haverá uma ou outra pessoa que, sabendo zero da vida do A. (eu sei pouco mais do que isso), pode achar que aquilo é verdade. Nós, os outros, achamos que aquilo é apenas e só um exercício de expiação. Dos tristes, é verdade. E o Facebook é um sítio tão fantástico para vermos dessas coisas. Ainda não percebi porquê, mas as pessoas vêem um amigo no FB. Contam-lhe tudo, sem terem a noção de quem pode estar a ver. Inventam vidas. Acreditam nelas. Ainda há-de aparecer um psicólogo que explique isto. Um dia. Quando já não estiverem ocupados a brincar aos profilers.
Por ter sido surpreendida pelo título que anunciava o estado de coma profundo em que se encontra Pôncio Monteiro, entrei na notícia para saber mais. Não conheço a pessoa em questão para além da televisão e uma ou outra ocasião profissional em que nos cruzamos. Tenho para mim que é uma pessoa bem disposta, com um sentido de humor peculiar e - importante - com níveis de educação que ultrapassam a média. Talvez por isso, talvez apenas porque o número de neurónios que habita o meu cérebro seja superior a dois, não consigo conceber que os comentários a esta notícia tenham o teor dos que eu li. Quando a rivalidade desportiva ultrapassa os níveis da decência, quando pessoas que se escudam por detrás da condição clubística se consideram no direito de se regozijarem pelo estado de quase morte de alguém, o mundo está perto de estar perdido. As pessoas vociferam nos fóruns da internet palavras de ordem que declaram a sua satisfação perante esta notícia. O ódio mortal com que brindamos os inimigos. Não é com um simples encolher de ombros e virar de cara que esta gente vê esta notícia. Não. É com deleite. Com desejo de pioras. Com raiva. Do homem que nunca lhes fez nada, a não ser ter escolhido um clube diferente do deles. Se ao menos estas criaturas canalizassem a toda esta energia para trabalhar, certamente a crise não lhes "mordia o rabo" todos os dias.
Pessoas que olham para uma ementa e, no meio de todas as opções, escolhem húmus.
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!