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A L. pensa que o amor é fodido. A L. tem 16 anos e, na perspectiva dela, o amor é fodido. Mas o amor, por muito que eu respeite o MEC, não é fodido. O desamor, esse sim, é do mais fodido que há. Eu não posso estragar a surpresa da vida à L. e dizer-lhe já que o que ela está a sofrer hoje será risível daqui a uns anos. Nem ela aceitaria isso. A dor do desamor, aos 16 anos, espeta-nos facas nos olhos, deixa-nos o coração a chorar. Eu podia tentar explicar à L. que isto não é nada, que a dor que hoje lhe atravessa o peito amanhã será apenas uma lembrança frustrante da adolescência. Mas eu não posso dizer isso à L. que tem como lengalenga diária "o amor é fodido". O amor não é fodido para mim, agora, que percebi que o que é fodido é o desamor. Não é fodido querermos quem não nos quer, isso é apenas estúpido. Inconsciente, mas estúpido. O que é fodido, mas mesmo fodido, é nós querermos quem não sabe o que quer. Quem nos deixa em banho-maria. Eu não posso dizer à L. que o que é fodido é o desamor, que isto que ela sofre não é amor não é nada. Eu, que só descobri isso agora, não posso fazer a L. cortar o caminho da vida. Dizer-lhe já hoje o que ela tem de levar mais de uma década a perceber. Esta descoberta não pode ser-nos contada, entregue de mão beijada. Esta descoberta, como qualquer descoberta, terá de ser saboreada, lutada. Não pode agora uma velha chegar à vida da L., que pena das dores do amor, e dizer-lhe que aquilo não é nada. Que aquilo não é amor, que o amor não é fodido, e que aquilo não vai valer nada na vida dela, daqui a uns bons anos. A L., pelo respeito que merece pelo seu sofrimento, não pode ter uma louca que lhe vem dizer que aquela dor vai ser apenas um ardor. Tal como quando temos dores horrorosas e vem lá o médico, que só estudou um monte de anos, explicar que aquilo vai passar. Mas vai passar o quê? O tipo é louco! Quero lá saber quantos anos estudou ele! A dor é minha, é forte, e não é igual às outras, não vai passar assim, com uma pastilha e um antibiótico. A minha dor é maior, a maior das dores, e é fodida. E não será a pastilha a curá-la. Será o processo. O processo que nos fode os dias, levados num carpir contínuo de mágoas agonizantes, que não vê coisa nenhuma além daquela dor. Eu podia tentar dizer à L. que o amor não é fodido. Mas ela olharia para mim com a sobranceria dos adolescentes e ia achar que eu da vida sabia nada, que fui uma privilegiada por nunca ter percebido o quão fodido é o amor.
É uma coisa que chega mais devagar. Não nos corta a respiração, mas arrebata-nos o pensamento. Não nos tolda a razão, porque sabemos ao que vamos. E gostamos do caminho. Não faz o coração saltar do peito. Antes nos dá a certeza de que ele bate no ritmo certo.
Dois anos. E nós a acharmos que não ia passar dos dez minutos.
Diz-me o Sr. D., homem simples na casa dos 50, casado há mais de 20 com a mesma mulher:
- Sabe, menina, não há coisa mais bonita do que nós encontrarmos alguém para partilhar a nossa vida. Viver com alguém que se ama é a coisa mais bonita que pode haver.
Para mim isto é o espírito de São Valentim. Só espero que ele se lembre de dizer em casa aquilo que anuncia fora dela.
Ontem, quando estava um dos mineiros a "sair do buraco", os meus olhos humedeceram.
O MQT veio perguntar se eu tinha recebido alguma má notícia por email.
Vivo com um homem que acha que eu não sou capaz de me emocionar com um mineiro a ser salvo. Óptimo. Conhece-me bem. Só não se lembra nunca é da minha TPM.
No Sábado o MQT acordou mal disposto. Não tardou em revelar-me a razão:
- Sonhei que estavas aqui deitada na cama com o ***** (marido de uma das minhas melhores amigas, que ele nem sequer conhece)
- Eu? - gargalhada sonora.
- Sim. E eu cheguei e tu, com a cara mais deslavada do mundo, disseste que não era nada de especial, que ele só te estava a fazer uma massagem.
(????????!!!!!!!!!!!!!!!!??????????????!!!!!!!!!!!!!!!!!!)
- Então, se calhar era.
- Vocês estavam despidos.
- Pois. Mas como é que tu sabes que era o *****, se nem sequer o conheces?
- Ouvi o nome.
- Hum, hum. E ele era musculado? É que ele é professor de artes marciais.
- Sei lá! - respondeu-me, ainda com um bocadinho de neura.
- Olha, para a próxima escolhe-me um menos musculado. Assim mais para o magrito.
- Podes ter a certeza. Para a próxima espero sonhar com um que eu possa espancar!
E pronto, é só de instantâneos do fim-de-semana.
Um príncipe tenho eu e mais não conto, ou vocês ficavam a saber tanto como eu.
Alguns homens tendem a acreditar que precisam de munir-se com histórias de vida semi-trágicas ou sobredotadas de interesse para levar uma mulher para a cama.
Ai que nunca te devia ter trocado pela minha actual mulher que, por mero acaso, é a mãe dos meus filhos.
Acabo de regressar de uma missão no Ruanda. Foi complicado, vi a minha vida em perigo muitas vezes. Principalmente quando fui resgatar aquele menino de 3 anos da tribo de canibais...
Ouvia-o já com algum desinteresse a relatar uma destas ou uma parecida. Não esperava ansiosamente o fim do jantar mas, honestamente, ele estava a léguas de me poder voltar a ter na sua cama. Foi então que tudo deu uma volta e um simples gesto conseguiu o que a vida amarga originada por um casamento tortuoso ou mil órfãos do Camboja nunca iriam conseguir: olhou para mim, aproximou a mão direita do meu rosto e afastou um fio de cabelo que se tinha colocado estrategicamente no meio da testa. Só isso. Foi o suficiente para eu perceber que, apesar da verborreia egocêntrica, do "eu" constante, dos esquemas, dos malabarismos, a atenção se concentrava... em mim.
Escrito num dia qualquer do Verão passado. Há tanto tempo, que já não me tortura.E há tão pouco tempo, que não deixa de fazer sentido.
Já cheguei a achar que o problema era meu. Que a ignorância de imperfeições nos casamentos ideais que me rodeavam não passava de uma abstracção minha às vidas dos meus amigos. Para dizer a verdade, que é um hábito que eu aprecio mas nem sempre pratico, sou um pouco cândida nessa área. Se se derem ao trabalho de fingir que está tudo bem (o que as pessoas têm um talento natural para fazer), eu acredito. Fico contente com as vidas que aparentemente calharam em sorte às pessoas de quem gosto, e não estou à procura de fendas na sua felicidade. Aceito-a como ma apresentam. É por isso que ainda me surpreendem com divórcios repentinos (para mim, que não divido a casa com eles) e me chocam com abruptos desabafos de problemas graves na relação. A diferença entre a surpresa e o choque reside apenas nisto: surpreende-me que se divorciem, porque I didn't see it coming. Choca-me que desabafem problemas graves porque continuam imperturbados e amenos, enfiados numa relação que só os magoa. Ou, pelo menos, é a imagem que passam quando deixam de se esforçar para passar a imagem do made in heaven... Mais de metade dos casamentos a que assisti nos últimos cinco anos acabaram. Alguns estão em crise. Os poucos que restam parecem-me bem.
Mas o que é que eu sei? Vejo-os já a caminho do Round 2 e eu ainda não me atrevi sequer a entrar no ringue para o Round 1...
Talvez por uma simples razão. Que aqui na Invicta, e de forma vernácula, se resume mais ou menos a isto:
Fod@m-me o corpo, mas não me fod@m a alma!
... estava a preparar-me para tecer teorias sobre ti.
Mas depois não me apeteceu.
Desisti a meio.
É que todas as conjecturas que eu pudesse fazer sobre a tua pessoa deixaram, efectiva e finalmente de me interessar. E de fazer sentido.
Nós, as maçãs do topo da árvore, somos assim. Fartamo-nos.
Ao contrário da maior parte das pessoas, não vou pôr-me com falsas modéstias: sou gira, sou inteligente, sou interessante. Mas também sou Má... como todas as mulheres, não é? Como perceberão com as leituras, e como este é um reflexo de mim, naturalmente tenho um blog bipolar!